segunda-feira, 5 de julho de 2010

PT sacrifica históricos por aliança

05 de julho de 2010

Jornal do Commercio RJ | País | RJ


IVAN IUNES
A caminhada do PT rumo ao pragmatismo político, com alianças firmadas com partidos de centro-direita, pode ser vista sob duas óticas. Por um lado, possibilitou à legenda alcançar o maior posto eleitoral do País, a Presidência da República, em 2003. O outro ângulo revela uma diáspora petista, a partir da mudança do rearranjo de prioridades dentro da sigla.

Mais do que isso, faz crescer uma lista de aliados antes preferenciais, e até de membros do próprio partido relegados no plano eleitoral, em prol da aliança com partidos como PMDB e PR.

Somente no atual xadrez eleitoral, pelo menos cinco candidatos petistas, ou de aliados históricos, ficaram pelo caminho para não por em risco os planos da legenda de renovar a estadia no Palácio do Planalto, com Dilma Rousseff (PT). Nomes com forte potencial eleitoral, Fernando Pimentel (PTMG), João Paulo (PT-PE), Lindberg Farias (PT-RJ), Antônio José (PT-PI) e Flávio Dino (PC do B-MA) tiveram os planos políticos prejudicados em razão das alianças nacionais do PT, em especial o acordo fechado com o PMDB. "O PT decidiu adotar o pragmatismo para conseguir chegar ao poder e isso, naturalmente, produziu uma mudança de espírito do partido", resume a deputada federal, e ex-petista, Luíza Erundina (PSB-SP).

Com planos políticos de virarem governadores, Pimentel, Lindberg e Antônio José tiveram de limitar o horizonte eleitoral.

Os dois primeiros ganharam do partido a legenda para o Senado Federal. Dentro do Maranhão, Flávio Dino até conseguiu garantir o apoio petista, mas o pragmatismo eleitoral fez o diretório nacional do PT retirar o apoio em nome da candidatura de Roseana Sarney (PMDB). Dino teve de se contentar em virar candidato nanico, com o apoio do próprio partido e do PSB.

GREVE. Em protesto contra a decisão, o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA) chegou a fazer greve de fome de uma semana no plenário da Câmara e praticamente abandonou a disputa pela reeleição. "O José Sarney fez questão de dobrar o PT do Maranhão por uma questão pessoal. Só que nós, internamente, decidimos ficar com o Dino. A eleição da Dilma está praticamente garantida, mas o diretório nacional, por medo do Sarney, praticou uma violência contra a militância e contra a própria democracia", reclama Dutra.

Para o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, a mudança na política de alianças foi necessária para que o partido se consolidasse em plano nacional, com reais chances de dirigir o País. Um dos reflexos dessa nova realidade é o número de candidatos do partido a governador, nos estados e no DF. Em outubro, apenas 11 petistas disputarão governos. A média histórica era de 20 por eleição, até 2002. "A partir do momento em que você alcança a Presidência, não há mais necessidade de se marcar posição, o trabalho é manter o projeto.

Para isso, precisamos de alianças.

Antes, lançávamos candidatos para marcar posição, mas elegíamos poucos". Agora, serão 11 com chances de vitória

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