sexta-feira, 26 de junho de 2009

Nepotismo

Singelo comentário: por essa razão o governo Jackson decepcionou. Desses outros já esperávamos e sempre soubemos. Nâo é verdade?


Do blogue do Eri
www.erisantoscastro.imagem@hotmail.com



Se no Senado pode, imaginem na capitania do Maranhão
No Senado a família é grande do grupo Sarney (PMDB-AP), imaginem no governo biônico do Maranhão. Aqui não presisa de ato secreto como no Senado, a grande mídia é controlada pelo grupo. Opinião pública que se dane. O jornalista Garrone sistematizou, por enquanto, estes nomezinhos:

Gastão Vieira
1- Rosa Maria Vieira Saldanha (irmã)
Ass. Sênior – Secretaria de Turismo
2 - Eliana Maria Lindoso Matos (cunhada)
Chefe Div. Cont. Arrec – Detran
3 – Mirella Maciel Dias Vieira (sobrinha)
Ass, Júnior – Sinfra
4 – Márcio Nonato Fonseca Vieira (?)
Ass. Sênior – Seplan
Paulo Marinho
1 – Paulo Celso Fonseca Marinho Júnior (filho)
Superint. De Avaliação de Ações Governamentais – Seplan
2 – Rosemary Fonseca Marinho (irmã)
Aux. De Serv. do Almoxarifado – Saúde
3 – Antonio Mousaniel Marinho Fonseca (?)
Gestor Unid. de Saúde de Itapecuru-Mirim – Saúde
Des. Jorge Rachid
1 – Tamir Buhatem Maluf (filho)
Sec. Adjunto – Secretaria de Minas e Energia
2 – Alim Rachid Maluf Neto (primo)
Sec. Adj. Esporte Educacional – Secretaria de Esporte.
3 – Miguel Mubarack Heluy (primo)
Superv. Planej. – Seduc
4 – Luis Fernando Buhatem Heluy (?)
Enc. Do serv. de Urg/Emerg. – SAMU – Saúde
5 – Alim Rachid Maluf Filho (primo)
Sub-Chefe- Casa Civil
6 – João Paulo Alim Maluf (primo)
Ass. Sênior – SEAPS
7 – Alexandre Rachid Mubarack Maluf (irmão)
Ass. Tec. – Saúde
Conselheiro Yedo Lobão
1 – Denise Magalhães Silva Lobão (irmã)
Sec. Adj. Secretaria de Ciência e Tecnologia
2 – Yury Lobão Coelho (sobrinho)
Sup. De Serv. Gerais
3 – Kátia Ricci Lobão Carvalho (?)
Diret. PAM- Cidade Operária – Saúde
4 – Irlete Ricce Lobão (?)
Aud. Do SUS- Pres. Dutra – Saúde
5 – Janaise Lobão Silva Carvalho (sobrinha)
Ass. Espec. – Secretaria de Ciência e Tecnologia
6 – Fabrício Alberto Lobão de Oliveira
Superv. De Inform. – SEAPS
Ricardo Murad
1 – José Henrique Aguiar Silva Murad (primo)
Sec. Adj. Gestão de Transportes – Sinfra
2 – Daniela Campos Duailibe (prima)
Assessora Sênior – Seplan
3 – Aloísio Duailibe Pinheiro (?)
Diretor de Infra-estrutura –EMAP
4 – José Ribamar Pinheiro Dualibe Filho (?)
Diretor Adm. Financ. – Funac
5 – Daniela Duailibe Barros Rego (?)
Superv. de Acomp. E Contr. de Execução Orçam. – Seplan
6 – Ana Tereza de Carvalho Duailibe (?)
Superv. de Área – Segup
7 – Jorge Duailibe (primo)
Chefe de Exec. Orçam.- Iterma
8- Simone Murad da Costa (?)
Diret. Adm-Financ. – PAM – Cidade Operária - Saúde
9 – Gilvana Duailibe Ferreira (prima)
Diret. Adm-Financ. – Maternidade Marly Sarney – Saúde
10 – Lílian Lucia Balata Duailibe (?)
Superint. Ações Prot. Social Básica- SEDES
11 – Sonia Elizabeth Duailibe Marão (?)
Ofic. de Gab. – SEDES
12 – Jorge Antonio Mendes Duailibe (?)
Ass. Sênior- Saúde
13 – José Raimundo Trovão Filho (primo/Teresa Murad)
Ass. Júnior – Saúde
14 – Rice Azevedo Duailbe (esposa do primo)
Encarreg. Controle de Contratos – Saúde
15 – Luciane Duailibe Costa (prima)
Chefe Dep. Contas e serv. Assistenciais – Saúde
16 – Ana Michele Pereira Duailibe (?)
Diret. Adm-Financ. Hosp.Pres. Vargas
17 – Renato Aguiar Silva Murad (primo)
Membro CPL – Sinfra
18 – Yomar Ruth Trovão Moreira Lima (sobrinha/Teresa Murad)
Mestre de Cerim. – Casa Civil
19 – Maria Eugênia Barros Murad (?)
Chefe Ass. Planej. Ações Estratégicas – Sinfra
20 – Luciana Murad Abdalla (?)
Ass. Jurídica – Casa Civil
21 – Vanda Cristina Duailibe Ferreira (prima)
Ass. Especial – Casa Civil
22 – Arnaldo Benedito Murad (primo)
Ass. Especial – casa Civil
23 – Rosalina Maria Duailibe Ferreira (prima)
Chefe Ass. Planej. E Ações Estratégicas – SEAPS
24 – Márcia Teresa da Costa Ferreira Duailibe (prima)
Ass. Especial III – SEAPS
25 – André Ferreira Trovão (primo/Teresa Murad)
Ass. Sênior – Saúde
26 – Sérgio Amaral trovão (primo/Teresa Murad)
Aux. de Serv. da UGAM-Saúde
27- Roberto Franklin Duailibe Costa (casado com a prima)
Auditor Tec. do SUS – Saúde
28 – José Jorge Trovão Lamar (primo/Teresa Murad)
Aux. de Serv. de Protocolo – Cultura
29 – Fábio Duailibe Melo (?)
Chefe Dep. Estud, e Pesquisas – Secretaria de Esportes

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A hipocrisia dos "éticos" - Artigo de Gilson Caroni Filho, na Revista Carta Maior

No atual quadro de correlação de forças, Lula deveria, tal como João Goulart desorientado, atacar, de uma só vez, todos os pilares da estrutura capitalista numa formação social ainda periférica?
Gilson Caroni Filho

Quando a indigência analítica é muito grande, torna-se impossível evitar a suspeita de que estejamos diante de um exercício de má-fé. Tornou-se moeda corrente, entre atores de certa esquerda, a acusação de que, chegando ao poder, o Partido dos Trabalhadores abandonou a grande política, definida por Gramsci como aquela que põe em questão as estruturas de uma sociedade, para reproduzir a gramática do poder conservador. Operando em um registro simplificado de abordagem, nossos esquerdistas de salão têm um mérito: demonstram, de forma cabal, que o amesquinhamento do debate não é exclusividade da direita que fingem combater, mesmo se igualando a ela no método e nas formas de ação.

Confundindo, ou fingindo confundir, a primeira eleição presidencial de Lula com o fim da hegemonia neoliberal, argumentam que o PT tinha plenas condições de realizar reformas estruturais já que os adversários estavam desnorteados. Cabe perguntar se ignoram a capilaridade social dos derrotados nas urnas, suas estruturas clientelísticas e, como já frisamos em vários artigos, que a vitória sobre o candidato da direita necessitou de um amplo leque de alianças que, se bateu forte no conteúdo doutrinário do partido, deixou evidente a necessidade de ampliar os termos dos seus debates internos. O que fariam nossos “bravos companheiros" se tivessem o mesmo capital político do presidente eleito? Que modificações estruturais implementariam?

É grande a semelhança com o argumento dos tucanos quanto ao crescimento do Brasil no período das vacas gordas, ou seja, que o país cresceu, mas poderia ter crescido muito mais se o governo fosse competente. Mas não diziam como fazer para que isso acontecesse. O que propõem afinal os militantes da "esquerda pura"? Uma aventura bem ao gosto do gueto que esperaria a derrota para capitalizar a tragédia?

N o atual quadro de correlação de forças, Lula deveria, tal como João Goulart desorientado, atacar, de uma só vez, todos os pilares da estrutura capitalista numa formação social ainda periférica? Em um país onde retirar do baú a velha arma do anticomunismo primário ainda é um expediente que funciona, o governo deveria ter reeditado, com algumas adaptações, as “reformas de base”? Disciplinar a remessa de lucros, desapropriar latifúndios, auditar a dívida pública, contando com o apoio de segmentos militares e núcleos progressistas da burguesia?

Ou Lula não age com mais sabedoria quando aponta que a saída está na ampliação da democracia? No resgate de uma esfera pública antes regulada por corporações multilaterais. Na grande subversão que é, gradativamente, criar condições para que o trabalho ganhe prioridade sobre o capital. É uma tarefa que passa pela reversão de valores arraigados por anos de patrimonialismo. Melhor que ninguém, mais uma vez, cabe ao ex-líder sindicalista objetivar o significado de sua vitória em duas eleições e das esperanças políticas das classes trabalhadoras e dos excluídos.

Nesse contexto, chega a ser engraçado ver a convergência de opiniões sobre a declaração de Lula contrária ao linchamento político do senador José Sarney. “Esquerdistas éticos" e analistas tucanos fingiram espanto, vendo nas palavras do presidente uma legitimação do coronelismo. Quem conhece os efeitos do Bolsa-Família sobre os velhos currais, sabe como estão sendo erodidas antigas formas de dominação.

Faz-se necessário repetir o ensinamento de Gramsci: “É preciso atrair violentamente a atenção para o presente do modo como ele é, se se quer transformá-lo. Pessimismo da inteligência, otimismo da vontade”. Voluntarismo e oportunismo andam de mãos dadas.


Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4380

Maranhão é o terceiro em desmatamento da Amazônia


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Divulgação/Ibama-PA




SÃO PAULO - A Amazônia perdeu pelo menos 123,7 km² de florestas no mês de maio – área equivalente a sete vezes a Ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (24) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número representa uma redução de 89% se comparado com o mesmo mês de 2008, quando foi registrado desmatamento de 1.096 km².


A leitura dos satélites foi prejudicada pelas nuvens, que cobriram 62% da Amazônia Legal. Em maio do ano passado, a área coberta por nuvens era de 46%.





O estado onde foram encontradas mais áreas desmatadas foi Mato Grosso, que teve 61,2 km² de florestas derrubadas. Em segundo lugar está Roraima, com 17,7 km², seguido pelo Maranhão, com 17,6 km².


Desde o início do ano, a Amazônia acumula desmatamento de 543,2 km², uma queda de 85% em comparação com o mesmo período de 2008, quando os satélites do Inpe mediram 3.730,1 km² de devastação.


Alerta


A medição faz parte do sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que identifica apenas focos de devastação com área maior que 2.500 m². Para o cálculo das áreas desmatadas, são consideradas tanto as matas que foram completamente destruídas – que sofreram o chamado ‘corte raso’ – quanto os locais em que houve degradação parcial.


Em breve, os focos de desmatamento detectados pelo Inpe poderão ser vistos de forma simples e amigável no mapa interativo do Globo Amazônia, que mostra os pontos de destruição da floresta e possibilita aos internautas protestar contra queimadas e desmatamentos.


O sistema Deter é desenvolvido para dar apoio às fiscalizações contra crimes ambientais. Como consegue detectar áreas em que a floresta ainda não foi totalmente derrubada, ele permite que providências sejam tomadas antes que toda a mata seja destruída.


O balanço anual e consolidado do desmatamento na Amazônia é medido pelo sistema Prodes, também do Inpe, que tem resolução melhor e consegue detectar focos menores de destruição. Os dados desse sistema são divulgados pelo instituto no final do ano.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Diploma de jornalismo - O mérito da questão (Artigo de Chico Gonçalves

O fim da obrigatoriedade do diploma não encerra o debate sobre a formação dos jornalistas e a liberdade de expressão.

Francisco Gonçalves da Conceição
Jornalista, Doutor de Comunicação e Cultura e chefe do Departamento de Comunicação Social da UFMA


Francisco Gonçalves é jornalista, Doutor em Comunicação e Cultura e chefe do Departamento de Comunicação Social da UFMA




O fim da obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício do jornalismo no Brasil, a exemplo do que já ocorre em países como Estados Unidos, França, Itália e Alemanha, não encerra o debate sobre a formação dos jornalistas e a liberdade de expressão no país.

Apesar da decisão do Tribunal Superior Federal (STF), a profissão de jornalista continua, o ensino de jornalismo no âmbito das universidades encontra-se em expansão e persiste a demanda da sociedade por informações socialmente úteis, objetivas e com base em critérios capazes de garantir a confiabilidade do sistema de apuração.

A existência dessa demanda sustenta a necessidade social do jornalismo como atividade regular e profissionalizada. De outro modo não seria possível a cobertura dos centros de poder e a produção de informações de interesses público, imprescindíveis para moderna democracia e para a tomada de decisões cotidianas por parte dos cidadãos.

É essa demanda que estimula o debate sobre o mérito da questão: a necessidade da formação específica, a profissionalização dos jornalistas e a regulamentação do jornalismo em uma sociedade democrática e midiatizada. Com uma sociedade civil diversificada e atuante, as instituições só têm a ganhar com a qualificação e profissionalização da atividade jornalística.

O argumento defendido pelo ministro Gilmar Mendes de que a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo viola a liberdade de expressão assegurada pela Constituição Federal apenas desvia a atenção do que é essencial: a estrutura do sistema de mídia e a ausência de regulamentação sobre o direito à comunicação no país.

A contradição estabelecida entre a obrigatoriedade de formação específica para o exercício da atividade jornalística e a liberdade de expressão, desconsidera não apenas a necessidade de qualificação do exercício profissional como parece menosprezar a necessária proteção a esse tipo de atividade, exercida sob a pressão dos mais diferentes interesses.

Esta questão ganha cada vez mais relevância com o processo de digitalização da sociedade, a expansão das redes sócio-digitais e a emergência de novos padrões de produção e leitura de informações na sociedade. Todas essas mudanças implicam em inovação científica e tecnológica e novas formas de regulação para assegurar e proteger direitos.

Distante do que parece sugerir a decisão do STF, a demanda da sociedade por informação e o imperativo de uma atividade profissionalizada para atender esse pleito mantém em pauta a formação específica para o exercício do jornalismo e a profissionalização da atividade.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Deu nO Estadão:

Domingo, 21 de Junho de 2009 | Versão Impressa



Curió abre arquivo e revela que Exército executou 41 no Araguaia
Até hoje eram conhecidos 25 casos de guerrilheiros mortos; relato do oficial confirma e dá detalhes da perseguição

EXCLUSIVO - Leonencio Nossa, XAMBIOÁ (TO)

Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o major Curió, o oficial vivo mais conhecido do regime militar (1964-1985), abriu ao Estado o seu lendário arquivo sobre a Guerrilha do Araguaia (1972-1975). Os documentos, guardados numa mala de couro vermelho há 34 anos, detalham e confirmam a execução de adversários da ditadura nas bases das Forças Armadas na Amazônia. Dos 67 integrantes do movimento de resistência mortos durante o conflito com militares, 41 foram presos, amarrados e executados, quando não ofereciam risco às tropas.

Leia a cobertura completa e a lista inédita dos guerrilheiros mortos no Araguaia em O Estado de S. Paulo deste domingo.

Assinante: Saiba agora, clique aqui

Até a abertura do arquivo de Curió, eram conhecidos 25 casos de execução. Agora há 16 novos casos, reunidos a partir do confronto do arquivo do major com os livros e reportagens publicados. A morte de prisioneiros representou 61% do total de baixas na coluna guerrilheira.

Uma série de documentos, muitos manuscritos do próprio punho de Curió, feitos durante e depois da guerrilha, contraria a versão militar de que os mortos estavam de armas na mão na hora em que tombaram. Muitos se entregaram nas casas de moradores da região ou foram rendidos em situações em que não ocorreram disparos.

Os papéis esclarecem passo a passo a terceira e decisiva campanha militar contra os comunistas do PC do B - a Operação Marajoara, vencida pelas Forças Armadas, de outubro de 1973 a janeiro de 1975. O arquivo deixa claro que as bases de Bacaba, Marabá e Xambioá, no sul do Pará e norte do Estado do Tocantins, foram o centro da repressão militar.



DESCRIÇÕES

O guerrilheiro paulista Antônio Guilherme Ribas, o Zé Ferreira, teve um final trágico, descrito assim no arquivo de Curió: “Morto em 12/1973. Sua cabeça foi levada para Xambioá”. O piauiense Antonio de Pádua Costa morreu diante de um pelotão de fuzilamento em 5 de março de 1974, às margens da antiga PA-70. O gaúcho Silon da Cunha Brum, o Cumprido, entrou nessa lista. “Capturado” em janeiro de 1974, morreu em seguida. Daniel Ribeiro Calado, o Doca, é outro da lista: “Em jul/74 furtou uma canoa próximo ao Caianos e atravessou o Rio Araguaia, sendo capturado no Estado de Goiás”.

Só adolescentes que integravam a guerrilha foram poupados, como Jonas, codinome de Josias, de 17 anos, que ficou detido na base da Bacaba, no quilômetro 68 da Transamazônica. Documento datilografado do Comando Militar da Amazônia, de 3 de outubro de 1975, assinado pelo capitão Sérgio Renk, destaca que Jonas ficou três meses na mata com a guerrilha, “sendo posteriormente preso pelo mateiro Constâncio e ‘poupado’ pela FORÇA FEDERAL devido à pouca idade”.

Curió permitiu o acesso do Estado ao arquivo sem exigir uma avaliação prévia da síntese, das conclusões e análises dos documentos. Ele disse que essa foi uma promessa que fez para si próprio. Passadas mais de três décadas, a história da terceira campanha ainda assusta as Forças Armadas: foi o momento em que os militares retomaram as estratégias de uma guerra de guerrilha, abandonadas havia mais de cem anos.

“Até o meio da terceira campanha houve combates. Mas, a partir do meio da terceira campanha para frente, houve uma perseguição atrás de rastros. Seguíamos esse rastro duas, três semanas”, relata. “A terceira campanha é que teve o efeito que o regime desejava.”

Um dos algozes do movimento armado na Amazônia, ele mantém um costume da época: não se refere aos guerrilheiros como terroristas, como outros militares. “Em hipótese alguma procuro denegrir a imagem dos integrantes da coluna guerrilheira, daquela juventude”, diz. “O inimigo, por ser inimigo, tem de ser respeitado.”

Ele ressalta que, como um jovem capitão na selva, tinha ideal: “Queria ser militar porque queria defender a pátria, achava bonito. Alguns guerrilheiros tinham os mesmos ideais que nós. Mas nossos caminhos eram diferentes. Eu achava que o meu caminho era o correto. Eles achavam que o deles era o correto. Não eram bandidos, eram jovens idealistas”.

No livro A Ditadura Escancarada, o jornalista Elio Gaspari diz que “a reconstrução do que sucedeu na floresta a partir do Natal de 1973 é um exercício de exposição de versões prejudicadas pelo tempo, pelas lendas e até mesmo pela conveniência das narrativas”. E emenda: “Delas, a mais embusteira é a dos comandantes que se recusam a admitir a existência da guerrilha e a política de extermínio que contra ela foi praticada”.



MOTIM

Essa política de extermínio fica um pouco mais clara com a abertura do arquivo de Curió. Pela primeira vez, a versão militar da terceira e decisiva campanha é apresentada sem retoques por um participante direto das ações no Araguaia.

Curió esteve envolvido no motim contra o presidente Geisel (1977), no comando do garimpo de Serra Pelada (1980-1983), na repressão ao incipiente Movimento dos Sem-Terra no Rio Grande do Sul (1981) e à frente de uma denúncia decisiva no processo de impeachment de Fernando Collor (1992).

O arquivo dá indicações sobre a política de extermínio comandada durante os governos de Emílio Garrastazu Medici e Ernesto Geisel por um triunvirato de peso. Na ponta das ordens estiveram os generais Orlando Geisel (ministro do Exército de Medici), Milton Tavares (chefe do Centro de Inteligência do Exército) e Antonio Bandeira (chefe das operações no Araguaia). Curió lembra que a ordem dos escalões superiores era tirar de combate todos os guerrilheiros. “A ordem de cima era que só sairíamos quando pegássemos o último.”

“Se tivesse de combater novamente a guerrilha, eu combateria, porque estava erguendo um fuzil no cumprimento do dever, cumprindo uma missão das Forças Armadas, para assegurar a soberania e a integridade da pátria.”



O QUE FOI A GUERRILHA

Em 1966, integrantes do PC do B começaram a se instalar em três áreas do Bico do Papagaio, região que abrange o sul do Pará e o norte do atual Estado do Tocantins. A Guerrilha do Araguaia era composta por uma comissão militar e pelos destacamentos A, B e C.

Da força guerrilheira, 98 pessoas pegaram em armas ou atuaram em trabalhos de logística. Deste total, 78 foram recrutadas pelo partido nas grandes metrópoles brasileiras e 20 na própria região do conflito.

Entre 1972 e 1974, as Forças Armadas promoveram três campanhas na tentativa de eliminar a guerrilha - só venceu na última. A repressão contou com cerca de 5 mil agentes, incluindo homens das polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar e Civil.

O conflito deixou um saldo de 84 mortos, sendo 69 guerrilheiros ou apoios da guerrilha, 11 militares e 4 camponeses sem vínculos com o partido ou o Exército. Vinte e nove guerrilheiros sobreviveram às três campanhas.