sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O FIM DE UM PESADELO

 O governo Lula se antecipa à posse e começa a governar o país, diante do sumiço de Bolsonaro. A PEC da transição foi aprovada, após muitas negociações que puseram à prova os articuladores do futuro governo.

A proposta amplia o teto de gastos (uma coisa até pouco tempo inimaginável) e libera o orçamento para pagamento do Bolsa Família do ano que vem.

texto-base da PEC foi aprovado, em primeiro turno, na Câmara na noite desta terça-feira (20), por 331 votos a 168.Na quarta-feira (21), os deputados aprovaram o texto-base da PEC, em segundo turno, por 331 a 163.

A PEC amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões por um ano, para o governo manter o pagamento do Bolsa Família em R$ 600 e permitir o adicional de R$ 150 por família com criança de até 6 anos. O prazo previsto inicialmente na PEC era de dois anos mas a equipe de Lula aceitou reduzir para apenas um ano, sabendo que na prática isso obriga o governo a negociar novamente com os parlamentares em 2023, se quiser ampliar o teto ou tirar despesas da regra.

Talvez o melhor da PEC é que estabeleceu o prazo até o fim de agosto para o governo Lula enviar ao Congresso um novo regime fiscal em substituição ao teto de gastos. A mudança poderá ser sugerida via projeto de lei complementar, que exige quórum menor do que uma PEC para aprovação.

Em resumo, para um governo que se elegeu dentro de um cenário de avanço conservador no Congresso, os avanços são surpreendentes. A aprovação da PEC já sinaliza que a base de sustentação do futuro governo é viável e que o bloco reacionário encolheu. Enquanto isso, o anúncio dos novos ministros nos dão a clara sensanção de que o povo brasileiro vai se livrando de um pesadelo.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

O RACISMO PROVINCIANO EM GESTOS E PALAVRAS

 

O racismo nas eleições também acontece. Mesmo que por lapsos de memória ou expressões mal formuladas, encontradiças no cotidiano do linguajar herdado do escravismo.

Brandão escorregou feio ao falar da realidade dos quilombolas de Alcântara. Não foi só porque disse distraidamente: “nós temos que conviver com eles. Eles são seres humanos como nós”. 

A fala, por si só denota a tragédia discursiva das elites provincianas. Brandão é fazendeiro, dono de grandes propriedades rurais na região de Colinas. 

Essa herança da fala racista adveio do período colonial, que trouxe consigo a produção do conhecimento e a interpretação do mundo etnocêntrica. 

Antes mesmo da invasão do continente americano, a Europa já exercitava formas de pensar que definiam o negro e a África como exóticos.

A caracterização do negro como exótico, traz junto consigo a ideia do estranho, do demoníaco e do assustador (daí o racismo religioso ser subproduto da mesma época).

Imagine como se sentiria se alguém dissesse a seu respeito que seria preciso conviver você. Ou que você "é um ser humano como outro qualquer". Duvido não haver de imediato uma sensação de estranhamento.

A conclusão lógica seria que você estaria sendo considerado um estorvo, um incômodo. Ou que, no segundo caso, a sua condição humana estaria sendo colocada em dúvida.

Um branco jamais utilizaria uma expressão dessas para se referir a outro branco, o que nos permite dizer que são falas racistas para naturalizar o lugar do negro como servil e inferior.

Durante a Idade Média, a Europa forjou o racismo criando no imaginário das pessoas a ideia de seres fantásticos e monstruosos que habitavam o outro lado do mundo.

Esse mundo de monstros assustadores era pintado nas obras de arte personificando o diabo, quase sempre pintado de preto. Entre os medievais, Satã era chamado de "Cavaleiro Negro". A cor negra era considerada marca do mal e da perversão.

Não por acaso vinha da religião cristã os fundamentos mais racistas: os negros teriam a pele escura por descenderem de Caim, que como castigo teve a sua face enegrecida; ou pela maldição de Noé sobre Cam, de onde todos os negros também descenderiam.

Mas não foi só por tudo isso que Brandão escorregou feio no episódio Alcantarense. O governo de seu antecessor e aliado, Flávio Dino, apoiou o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, comemorando a aprovação juntamente com a bancada bolsonarista. O acordo mais tarde, como previsto, foi utilizado como argumento para a ampliação do CLA e quase expulsou do local vários povoados quilombolas (eles até hoje correm esse risco).

Não foi só isso. Nos limites do CLA existem terras devolutas estaduais. O governo de Brandão e de seu inseparável antecessor, Flávio Dino, jamais promoveu a entrega desse títulos para os quilombolas que ali residem desde o período da escravidão. Preferiu repassar essas terras para a União Federal, que, por sua vez as entregará ao Centro de Lançamento.

Por tudo isso é que dizemos que os quilombolas de Alcântara mereceriam muitas reparações, sucessivas reparações, porque as violações de seus direitos continuam a ocorrer todos os dias. E a classe política maranhense sem dúvida é a maior devedora dessas reparações.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

SOB O SIGNO DE LULA

 A estratégia de discurso dos dois candidatos que lideram as intenções de voto para o Governo do Maranhão está se delineando aos poucos.

O primeiro round se deu em relação ao apoio de Lula. Weverton pulou na frente manifestando sua aproximação histórica com Lula, muito antes que Brandão chegasse de carona no PSB.

De fato, no PSDB Carlos Brandão teria dificuldade de sustentar na mão o "L" de Lula. Seus estrategistas políticos orientaram pela filiação ao PSB, partido do ex-governador Flávio Dino.

Dentro do PSB, Brandão se iguala a Weverton, no PDT, sabendo que a migração repentina do grupo Dinista para o partido da pomba branca tinha outro objetivo, que não propriamente apoiar Lula. Nesse período, lá atrás, o Dinismo sonhava ser uma aternativa a Lula, no campo da esquerda mais flexível e cheirosa para a direita e o centro.

Ocorre que a nível nacional o PSB cozinhou demais o galo, terminando por não federar com o PT, mas no final indicando o vice de Lula, Alckmin.

Nesse caso, o PSB do Maranhão foi de encontro a Lula inesperadamente, por uma costura que passou por cima. Weverton, embora com Ciro candidato, desde o início abraçou Lula, mas isso também não quer dizer muita coisa, considerando as identidades entre os dois campos políticos, pedetistas e pessebistas.

O que importa é saber que, nesse primeiro round, não há vencedores. Lula vai preferir ter dois palanques no Estado, assim como terá que fazer o mesmo em vários Estados nordestinos.

O segundo round das narrativas de discurso já começou. Agora ele diz respeito a quem está no campo político do bolsonarismo, por incrível que pareça, uma vez que os dois candidatos apoiam publicamente Lula.

Agora a questão é: QUEM É MENOS BOLSONARISTA? Vide próxima postagem a qualquer momento.











quarta-feira, 15 de junho de 2022

ATUALIZAÇÃO

 O segundo turno parece ser uma realidade incontornável no Maranhão.

Em que pese a forte arremetida do Governador Carlos Brandão (PSB), não conseguiu ainda descolar de Weverton Rocha (PDT).

Edvaldo Holanda Júnior (PSD) e Lahesio Bonfim (PSC) estão bem colocados na disputa, com o detalhe de que Holanda Júnior pode interferir na votação na região metropolitana de São Luís, maior colégio eleitoral.

Para o Senado surge a novidade do lançamento da candidatura de Roberto Rocha, com o apoio de um condomínio de partidos: PL, PDT, PSD, PROS, PMN, PSC, Republicanos e Agir36. A candidatura ocupa o espaço conservador para polarizar com ex-governador Flávio Dino (PSB). A partir daqui será possível saber se Dino manterá o mesmo índice nas pesquisas com a presença de um concorrente.

Os candidatos a governador estão em campo, em busca de novos apoiamentos, Nesse caso, a posição dos prefeitos municipais é estratégia para determinar a vitória na disputa. 

Josimar do Maranhãozinho (PL) finalmente anunciou a retirada de sua candidatura e o apoio a Weverton Rocha. O prefeito da Capital, Eduarde Braide (sem partido) anunciou também sua saída do Podemos e também vai apoiar Weverton Rocha.

São os informes mais importantes dos últimos dias. O balanço crítico vem depois. 






domingo, 1 de maio de 2022

PEDRA CANTADA: WEVERTON NÃO MAIS APOIARÁ FLÁVIO DINO

Como era de se esperar, o Senador Weverton Rocha não apoiará o ex-governador Flávio Dino para o Senado. Decisão inevitável pelo andar natural da carruagem.

Uma ruptura política sincera exige consequências. O eleitor dificilmente iria compreender porque Weverton apoiaria Dino dentro desta ambiência de ataques recíprocos. E a tendência é que o embate piore, até o dia das eleições.

O anúncio abre espaço para outra disputa, desta vez, dentro da candidatura do Senador do PDT. A ala mais conservadora de apoiadores prefere apoiar um candidato a senador do campo do bolsonarismo e já está fazendo pressão para isso.

Já fazem aproximações perigosas Josimar do Maranhãozinho (PL) e Roberto Rocha (PTB). Se Weverton embarcar nessa história perderá aliados e votos, com certeza.

Bolsonaro será derrotado fragorosamente no Maranhão, confirmando uma tendência histórica do Estado, nas últimas eleições. E Weverton não poderá subir no palanque de Lula ao lado de um candidato a Senador bolsonarista.

A candidatura do PDT no Maranhão terá que resolver suas contradições internas para escolher o caminho: ou vai com Lula e seus eleitores ou segue com Bolsonaro.

Para concorrer com Dino o candidato a senador do campo pedetista terá que ter um perfil progressista, capaz de somar na crítica aos limites dos governos dinistas, sempre no sentido de manutenção do que foi bom e de superação dos equívocos.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

O DESAFIO POLÍTICO COLOCADO PARA A RUPTURA DE WEVERTON ROCHA

 Não há dúvidas que as eleições no Maranhão serão polarizadas entre Carlos Brandão (PSB) e Weverton Rocha (PDT). 

As diferenças entre as duas candidaturas são sutis, mas só aparentemente. Afora o leque de alianças que cada um apresenta, diluindo o substrato ideológico, o racha no grupo do ex-governador Flávio Dino é mais do que simbólico.

Um racha desse tipo não poderá ser superficial sob pena de o projeto político de Weverton Rocha morrer na praia, sem nenhum significado. Ele diz bem quando afirma que sua candidatura não mais lhe pertence.

Os aliados do Senador têm agora a obrigação moral de dar consistência à ruptura, fazendo o balanço que o grupo de Flávio Dino não quer fazer. 

A outra questão é que a candidatura Weverton Rocha só terá futuro quando colada à de Lula. Bolsonaro no Maranhão é um naufrágio anunciado, não tem força. Perto de Lula, Weverton não poderá fazer o discurso da direita, embora existam aliados seus que o queiram.

Acontece que a oposição à Flávio Dino pela direita tem candidato, mas necessariamente vinculados ao Bolsonarismo. Os outros desse mesmo campo, se houver, serão candidaturas minúsculas e sem condições de figurar bem na disputa.

Seria um erro crasso de Weverton aproximar seu discurso da direita e de seus símbolos. O eleitor não compreenderia as diferenças entre a fala do candidato a governador e a fala do candidato a presidente, que caminharão juntos.

Portanto, não há outra saída para esse racha político: terá que ser uma crítica à esquerda de Flávio Dino, explicitando os limites e os erros dos governos do PCdoB e aliados, ao mesmo tempo que propondo a superação disso tudo.

A pergunta que se faz é se o campo político de Weverton Rocha será capaz de compreender esse desafio, tendo tantas contradições internas. Mais do que uma equação de conciliação de interesses internos, esse grupo precisa avançar para um programa de governo realista, apontando para um projeto de desenvolvimento menos elitista, menos oligárquico e muito mais democrático e progressista.







os destinos 


Weverton (PROS


Brandão (PT, PCdoB, PSB, PV

SOBRE O TAMBOR DE CRIOULA NA FEIRA DA PRAIA GRANDE

Estranha polêmica envolvendo o tambor de crioula na Feira da Praia Grande.
Cidade turística, patrimônio cultural material e imaterial envolvidos, coisas que deveriam caminhar juntas, porque se fortalecem, fortalecendo a economia viva das feiras.
As questões de segurança envolvendo o patrimônio arquitetônico deve ser encontradas a partir da escuta dos segmentos envolvidos, não podendo ser um decisão administrativa unilateral. A prefeitura, é claro, não pode se postar como mera expectadora e cumpridora passiva de alegadas exigências de segurança para simplesmente impedir ou deixar impedir uma manifestação cultural que já é tradição no local.
Racismo estrutural é exatamente isso, interações que produzem resultados racializados entre instituições contra pessoa não-brancas.
Esse disfarce ou dissimulação do racismo, por certas razões institucionais, revelam o típico racismo institucional brasileiro, onde o bom senso não se impõe, considerando que a cultura popular é fator de atração turística, gerador de emprego, renda, tributos e as razões de segurança invocadas não poderiam se aplicar desconsiderando as manifestações culturais típicas no local.
É triste constatar que ainda haja polêmica sobre essas coisas numa cidade/estado, que - por ser rascista - nunca está preparado para acolher e promover a cultura do seu povo, sempre em postura peculiar de resistência à convivência democrática entre grupos sociais culturais.
Serginaldo Klayton, Fátima Diniz Ferreira e outras 19 pessoas
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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

O ANÚNCIO DO ESPERADO

 Dia 31 de janeiro houve o anúncio definitivo do candidato sucessor ao governo do Estado pelo grupo de Flávio Dino (PSB), Carlos Brandão (de malas prontas para o PSB).

Weverton Rocha (PDT) não compareceu à reunião, preferindo outro espaço para publicamente anunciar que manterá a candidatura ao governo, embora apoie FD ao Senado.

Embora os dois movimentos tenham ganhado amplo espaço na mídia, era algo esperado por todos. Em entrevista à Difusora, Weverton ainda está medindo as palavras, mas de vez em quando escapa a queixa e a crítica que beira o ataque à Carlos Brandão.

O principal divisor de águas - segundo o discurso de Weverton - é o fator ideológico, o que reforça o campo que o senador quer demarcar para justificar a ruptura. Entre nós sabemos que o PDT nunca teve dificuldade para se aliar à direita, como ao PSDB, muito menos ao PSB, para onde migrará Brandão nos próximos dias.

A questão é de timing, muito mais que de ideologia. Pode até haver interesses distintos entre os dois grupos (o de Brandão e o de Weverton), mas com outros fundamentos.

Weverton tem mais quatro anos de mandato, sendo hoje um franco atirador na disputa. Em 2026 haveria riscos a serem ponderados. Houve cálculo e planejamento para esse momento. FD sabia disso, mas, do seu lado, existem circunstâncias que foram consideradas.

FD tem um patrimônio eleitoral dentro do governo, do qual Brandão será o herdeiro legítimo. Romper com Brandão significaria ter que desembarcar, com todos os cargos indicados e ainda ter um governador hostil durante a campanha.

Por outro lado, a fidelidade, quase canina, de Brandão, contrasta com as recentes movimentações de Weverton, que lidera um grupo dissidente que se afirmou nas eleições municipais, migrando para Eduardo Braide no segundo turno.

As divergências não param por aí, ao que parece. Até polêmicas matemáticas entraram em jogo, cada qual relativizando o conceito de maioria ou de minoria. Nenhum dos dois quer ser minoria no grupo de 15 partidos onde hoje se abre uma fenda.

Até a contagem de apoios por partidos se revela frágil, visto que dentro das agremiações emergem rachaduras, com lideranças importantes tomando posições fora da orientação partidária, como é o exemplo de Othelino Neto (PCdoB), Eliziane Gama (Republicanos), Jefferson Portela (que era do PCdoB, mas ainda ocupa o cargo de Secretário de Segurança), Honorato Fernandes (PT) e vários outros, apenas para mencionar o que acontece do lado da candidatura de Weverton.

E esse foi apenas o primeiro round de uma disputa que dará ensejo a outras movimentações de candidaturas que esperam o momento certo de anúncio, como a de Edvaldo Holanda Júnior e Josimar do Maranhãozinho. 

As peças começaram a se mover no tabuleiro.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Mensagens subliminares da campanha de 2022 no Maranhão

Diante do impasse da sucessão, Flávio Dino cozinha o galo, enquanto ocorre intensa movimentação nos bastidores. Além de peças que são movidas no tabuleiro nacional, as articulações políticas locais podem definir a conjuntura.

Weverton (PDT) e Brandão (PSDB por enquanto) sabem que o apoio de prefeitos podem levar a disputa ao cheque mate. Nessa fase, chefe de poder executivo valoriza seu passe e vende caro. Leva quem se movimentar melhor, não necessariamente com compromissos meramente financeiros. A política é a arte do convencimento, mas também dos acordos.

Olhando de longe, Weverton parece se movimentar com mais rapidez e eficiência, mas tem a máquina do governo contra si. A disputa está sendo feroz. Brandão é mais pesado, não é do tipo que empolga nos palanques e depende dos cofres do governo para cumprir compromissos. O que um prefeito pede para Weverton não é o mesmo que ele pede para Brandão.

Dino não pode atacar publicamente Weverton, por isso movimenta seu exército nos bastidores. Sabe que o apoio do senador do PDT será importante para sua eleição ao Senado, eleição de uma única vaga. Dino sabe que Weverton tem prefeitos fiéis e muitos aliados. Por sua vez, Weverton não pode anunciar apoio a outro candidato a Senador, até que a escolha se defina. Por enquanto publicamente se beijam, mas nesse beijo tem veneno.

As escaramuças emergem mais claramente nos blogs alinhados a um e outro. Ali se encontram os registros históricos que precedem a grande e provável ruptura. Weverton já disse que "foguete não tem marcha ré". Quando a cisão se concretizar, em palanques distintos, os ataques recíprocos serão inevitáveis. E o eleitorado não vai compreender como dois candidatos que se atacam ainda possa integrar o mesmo grupo político.

O resultado disso já é esperado. Dino chocou um ovo de serpente. Por enquanto as mensagens são subliminares. Mas eles entendem o significado de tudo e cada passo está sendo calculado com atenção redobrada  nessa fase. Existe uma mina enterrada no terreno da política que pode explodir a qualquer momento. Um passo em falso e tudo vai para os ares.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

A difícil transição

 Flávio Dino (PSB) prepara a sucessão de governo no clima de divisão do grupo que lhe dá sustentação. Teve tempo para se preparar, uma vez que esse processo foi experimentado nas eleições municipais, onde Eduardo Braide (Podemos) sagrou-se vitorioso diante da pulverização de candidatos oriundos da base do governador.

A divisão agora acontece com Weverton Rocha (PDT) e Carlos Brandão (PSDB), este último tendo a seu favor a preferência de Flávio Dino. O final do mês de janeiro seria o marco para a definição do grupo a respeito de quem seria o sucessor.

Weverton aparece na frente das pesquisas, só ficando em segundo lugar quando emerge no cenário a candidatura de Roseana Sarney, que já se lançou candidata ao governo nos últimos dias. Além desses três candidatos, são pretendentes ao governo Simplício Araújo (Solidariedade), Josimar do Maranhãozinho (PL), Edivaldo Holanda Junior (PSD), Enilton Rodrigues (PSOL), Lahesio Bomfim (PTB) e, possivelmente, Roberto Rocha (PSDB).

Muitas águas vão rolar ainda debaixo da ponte, ao que parece, diante da indefinição do cenário político nacional. As costuras do candidato Lula podem repercutir em vários Estados, incluindo o Maranhão. O debate sobre federações também.

É muito provável que Flávio Dino leve Carlos Brandão para o PSB, seu partido, que costura a mais consistente aliança com Lula. As negociações estão ainda em andamento, envolvendo várias unidades da federação, como PE, RGS, SP, ES, e RJ. 

Enquanto isso, Weverton Rocha também se movimenta, tentando trazer o PT para sua coligação e partidos como o PSOL, que, para sustentar a candidatura de Boulos em SP tenta fazer acordos com o PDT do Maranhão.

Edivaldo Holanda, por seu percentual de votos na capital, e Maranhãozinho por seu poder econômico e força política no interior também poderão desequilibrar a disputa, sendo provável que serão procurados para um eventual acordo para favorecer um dos principais candidatos da disputa eleitoral.

O fato é que a candidatura ao Senado de Flávio Dino dependerá também de seu desempenho na difícil tarefa de conciliar seu grupo de apoio. Havendo a cisão, o Senador Weverton provavelmente buscará apoiar outro candidato ao Senado, havendo margem grande de manobra para acordos com Edivaldo ou Josimar.