quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

BALANÇO DAS ELEIÇÕES 2020 NO MARANHÃO

 

No Maranhão, o resultado eleitoral indica que a sucessão de Flávio Dino se travará num ambiente de intensas disputas. 

Na capital, São Luís, depois de mais de trinta anos de governo de esquerda, teremos um governo de direita e bolsonarista (um bolsonarismo, sem dúvida, mais alinhado do que o de Duarte Jr).

E não foi só isso. No segundo turno, assistiu-se a um racha na base de sustentação do governador. Eduarde Braide ganha não apenas com Roberto Rocha e Roseana Sarney. Ele puxa o DEM, o PDT e uma banda do PT.

Agora, a partir de São Luís, teremos uma trincheira da oposição para 2022, com a base do governador (que elegeu mais de 180 prefeitos) permanentemente tensionada. E o centro da tensão é a definição de quem será o próximo governador, tendo por base a maior força política e eleitoral.

O PDT, de Weverton Rocha, de 30 prefeituras em 2016 avançou para 41 em 2020). O PL, de Josimar do Maranhãozinho, de 07 prefeituras em 2016 avançou para 39 em 2020. Os Republicanos, do vice-governador, Carlos Brandão,  saltou de 14 prefeituras em 2016 para 24 em 2020. 

O PT caiu de 7 prefeituras para apenas 1. O PCdoB, que tinha 46, ficou com apenas 22 prefeituras, sob ameaça da cláusula de barreira.

São essas as principais forças políticas para a disputa que se avizinha. O PL  governará para 16,04% da população; o Podemos governará para 15,59%; o PDT para 11,85% e Republicanos para 10,68%.

A expectativa do governador é que, partir de abril de 2022 (quando Flávio Dino se afastar para concorrer a algum cargo), a tática do grupo deva estar definida, com as tensões internas pacificadas.

Antes disso, Flávio Dino provavelmente será protagonista de decisões importantes para o Estado, para o PCdoB e para todo o campo das esquerdas do país:

a) pavimentará a fusão do PCdoB com o PSB, evitando os efeitos da cláusula de barreira;

b) matará o desejo de Ciro Gomes em torno de uma candidatura de Centro esquerda para presidência;

c) Apoiará Weverton Rocha para governador do Estado, a troco de negociações importantes no cenário nacional, enfraquecendo mais ainda Ciro Gomes.

d) Seguirá como candidato a vice-presidente numa chapa com o PT, ou se manterá como candidato ao Senado, com o apoio de sua ampla base de sustentação, com eleição garantida.

Tudo isso numa visão otimista da coisa.



Balanço nacional das eleições 2020

Nas eleições de 2020, a esquerda perdeu espaços em estados decisivos da política nacional, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que reúnem cerca de 59 milhões de eleitores, em um universo em torno de 147 milhões, consoante dados da eleição 2016. 

Os números oferecidos pelas eleições do dia 15 sugere a emergência da direita tradicional se desapartando da extrema-direita (a que se aliara em 2018, conduzindo-a ao poder).

Em compensação, o bolsonarismo-raiz perdeu, política e eleitoralmente, para o chamado “centrão”, conjunto de siglas e de projetos que caminham da direita clássica a uma centro-direita que admite o debate democrático (o centrão não é extrema-direita).

Junto com o bolsonarismo houve também uma fragilização do neopentecostalismo. Dos 61 candidatos apoiados por Bolsonaro apenas 15 se elegeram. Dentro dessa conta estão os 16 candidatos a prefeito apoiados por ele, onde apenas 5 foram eleitos

O números para os partidos de esquerda ficaram assim: o PT: caiu de 254 para 179 prefeituras (-75). O PSB: caiu de 403 para 250 (-153). O PDT: caiu de 331 para 311 (-20). O PCdoB: caiu de 80 para 46 (-34). O PSOL: subiu de 2 para 4 (+2). A Rede: subiu de 4 para 5 (+1).