terça-feira, 6 de julho de 2010

Discussão sobre código florestal quase termina em briga na Câmara

Camila Campanerut
Do UOL Notícias
Em Brasília
A reunião para discutir a polêmica reforma no Código Florestal, que já durava quase oito horas, quase acabou em briga na noite desta segunda-feira (5) na Câmara dos Deputados. Ao final da segunda sessão de discussão do dia, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) foi interrompido durante uma entrevista coletiva e, literalmente, peitou o agricultor Roberto Cardoso, do Estado de São Paulo.

“Eu estava dando uma entrevista, uma coletiva para a imprensa, e fui agredido verbalmente por um 'pau mandado do agronegócio' e isso não pode acontecer com o representante do povo”, disse o parlamentar.

Valente foi interpelado pelo manifestante após dizer que o projeto, relatado pelo deputado Aldo Rabelo (PCdoB), não tinha apoio dos pequenos produtores rurais, apenas dos grandes.

Durante a entrevista, Cardoso gritava que Valente não sabia o que dizia e, ao final, chegou bem perto do deputado para expor sua crítica. Valente chegou a peitar duas vezes o ruralista e empurrá-lo, mas ambos foram rapidamente separados por oficiais da Polícia Legislativa.

“Nós, pequenos agricultores, não estamos conseguindo trabalhar com este código. Não precisa se alterar. Só porque eu falei que ele era ignorante. Todos nós somos ignorantes em algum assunto. Eu sou ignorante na imprensa. E ele não entende de agricultura. Duvido que tenha plantado alguma coisa na vida”, justificou o agricultor paulista.

Ninguém se machucou no incidente, e o deputado não prestou queixa. Logo depois, o ruralista, aplaudido e vaiado por outros manifestantes presentes, saiu do local.

“Eu tenho o direito de ter a minha opinião e eu respeito a opinião de todos os deputados. Um provocador não pode vir aqui em nome do agronegócio e provocar um deputado que tem história, tem ética na política e que não é financiado por ninguém, que não tem rabo preso com nenhum financiador de campanha, como muitos têm aqui”, disse Valente.

Para o parlamentar, a votação do código não deveria ser feita amanhã, como pretende o relator do projeto, uma vez que os demais deputados da comissão especial que analisa a proposta só terão em mãos o novo texto, com as modificações apresentadas hoje, na manhã desta terça-feira (8).

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