sábado, 25 de abril de 2020

BOLSONARO TEM DIFICULDADE PARA SE EXPRESSAR

Chamou a atenção a expressão "chefe supremo" da PF.
Nunca se viu um presidente com tanta dificuldade para se expressar corretamente.
Ele usou também a palavra "escrotizar". Escroto, na linguagem chula, é um palavrão. Entrou para o vocabulário presidencial agora.
Lula, operário, fazia isso com mais facilidade, mas era tratado com muito preconceito por essa turma que agora faz continência para a bandeira nacional sonhando com um novo golpe militar.
Lula sempre falou de improviso, mas o presidente atual gagueja e se atrapalha todo, seja com ponto no ouvido, seja com teleprompter.

UMA PROVÁVEL VERDADE.


Numa única coisa acredito que ele (o celerado) falou a verdade.
Moro realmente deve ter tentado negociar a vaga no Supremo.
Em novembro deste ano Celso de Mello se aposentará, mas Bolsonaro já havia dito que a vaga caberia a um ministro "terrivelmente evangélico".
Desesperado com seu desempenho pífio no ministério da justiça, Moro deve ter tentado furar a fila dos pretendentes ao STF.
Ele (o Marreco de Maringá) já desmentiu Bolsonaro nesse aspecto, mas não acredito nele.

O PRAZER EM MENTIR.


A transparência inexistente. Uma longa digressão sobre o cartão corporativo para demonstrar transparência para os eleitores. Em 2019, dos R$ 9,07 milhões gastos nos cartões de pagamento do Planalto e da Presidência da República, 81,8% foram sigilosos ou não especificados. O Palácio do Planalto decidiu ignorar decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) e manteve sob sigilo os gastos com cartão corporativo da Presidência.
A facada gloriosa. A polêmica sobre a investigação da facada no Presidente da República foi soterrada pela própria PF, concluindo que o agressor agira sozinho. No processo, Bolsonaro se habilitou como assistente de acusação, mas não recorreu. Ou seja, ele concordou com o arquivamento do inquérito.

E, por último: a piscina olímpica citada por Bolsonaro é aquecida por energia solar desde 2002.

AFINAL QUAL A RAZÃO PARA A SAÍDA DO BATMAN?


Sérgio Moro não sai do governo por defender nenhum princípio, isso é mais um mito de lavajatistas.
Ele há muito tempo que vinha sendo obscurecido. Mandetta já era a estrela de primeira grandeza faz tempo. Na verdade, sem competência e sem iniciativa para a gestão do Ministério, Moro havia morrido politicamente. Se não saísse, ia ser enterrado vivo.
Nos dois últimos momentos piores do governo aproveitou o ensejo para sair. A desculpa foi a demissão do diretor geral da PF, seu afilhado. Antes disso, superintendentes da PF foram substituídos no RJ e PE, pelos mesmos motivos e ele ficou quietinho.
Moro havia resistido firmemente a reveses piores para sua imagem. Tipo:
a) Roberto Jefferson;
b) Queiroz;
c) Adriano da Nóbrega;
d) Atos em favor da ditadura militar;
f) destruição da Amazônia;
g) globalismos e terraplanismos;
i) gabinete do ódio.
Ou seja, o símbolo do combate à corrupção (como diria o infantil Ministro Barroso) está mais para um oportunista e espertalhão.

QUEM VEM DEPOIS É SEMPRE PIOR.


Eu disse aqui, que, diante das condições em que o Mandetta saiu, nenhum médico com o mínimo de ética teria condições de assumir o cargo de Ministro da Saúde desse governo. Não deu outra, temos agora um Ministro que só pensa em flexibilizar o isolamento social, contrariando orientações médicas do mundo inteiro.
Agora, é o caso do Ministério da Justiça. Eu pergunto, qual o Ministro da Justiça e qual o Diretor Geral da Polícia Federal teria condições de dizer a partir de agora que não sofre interferências políticas do governo?
Digo mais, nessas condições, é preciso ser muito cara de pau para assumir esses dois cargos.
O Brasil não tem mais ministro da saúde, tem um coveiro.
E o Brasil não terá mais um Ministro da Justiça, mas um miliciano.

MORO PEGOU O BECO.


Hoje o ex-juiz, Sérgio Moro anunciou seu afastamento do governo.
Pululam notas de muitos segmentos da sociedade. As da direita reforçando sempre o mito de herói da luta contra a corrupção, já preparando suas alternativas para 2022.
Do lado dos setores mais lúcidos, graves constatações de ocorrência de crimes.
Sim, porque o arbitrário Moro não tem dificuldades apenas escrevendo. Quando fala, ele esquece que é jurista.
Senão vejamos:
a) o ex-juizeco confessa que para aceitar o cargo de ministro negociou uma pensão com o presidente da república (art. 317 do Código Penal);
b) ele afirmou que o presidente da república demitiu o diretor geral da polícia federal por querer acessar relatórios de inteligência da polícia;
c) revelou que as substituições anteriores na PF do RJ e Pernambuco foram interferências políticas. Ou seja, até ali, ele foi conivente com a interferência política.
Depois de tudo isso, ainda tem gente que considera esse moço herói do combate à corrupção.
E não pensem que cometeu tantos deslizes de caso pensado só para prejudicar Bolsonaro. Muito do que ele diz o implica também em eventual responsabilização criminal.
Acreditem: Moro nunca foi um sujeito inteligente.
Em outro post, mais detalhes sórdidos da conjuntura.

3 ROUNDS.


Mandetta era apenas o aperitivo da semana.
No curto intervalo entre duas quintas-feiras o governo Bolsonaro cometeu a proeza de sofrer 3 nocautes.
No primeiro round perdeu o Ministro da Saúde, em meio a uma crise de pandemia gravíssima. Mandetta saiu como vítima e herói.
No segundo round o chamado PR participa de um ato pró AI 5, ditadura militar, fechamento do Congresso e do STF, gerando críticas de todas instituições contra si.
No terceiro e último round, o governo perde o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, rachando pela metade sua base de apoio.
O detalhes sórdidos dessa saída analiso em outro post.

UM MINISTRO COM JEITÃO DE COVEIRO

Antes eu tinha dito aqui que nenhum médico com um mínimo de ética poderia assumir o cargo de Ministro da Saúde no Brasil.
Nelson Teich explica o porquê da sua escolha para o ministério da Saúde de Bolsonaro, em todos os momentos de sua aparição quase fantasmagórica.
Ele disse que o Brasil tem "menos mortes por milhão de habitante" que a Europa, mas não diz UMA palavra sobre o volume de testagem absolutamente inferior do país. Não esclarece que vivemos momento diferentes da disseminação, com condições de infraestrutura hospitalar completamente diferentes.
Ele também disse "se não der certo, a gente recua", sobre a flexibilização do isolamento apregoada pelo governo. Também não esclarece quantas vidas custarão o recuo, caso tudo dê errado, como certamente dará.

TEICH QUER ECONOMIZAR EM EQUIPAMENTOS CONTRA A PANDEMIA

Eu havia dito aqui que a substituição do Mandetta seria com certeza bem pior. Não advinhei, apenas observei o histórico das substituições que Jair Bolsonaro fez. No caso do novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, os sinais vieram cedo.
Em debate com investidores da área da saúde, o ministro classificou a compra de insumos e respiradores –equipamentos essenciais para o tratamento de pacientes como novo coronavírus— como “investimento desnecessário”.
Ele disse, taxativamente:
“Se você se prepara demais, se estrutura demais e amanhã sai um tratamento, você fez um investimento enorme desnecessário”, disse Teich, no começo de abril, ao canal Oncologia Brasil, no Youtube.
Nós sabemos o que isso significa. Nelson Teich já anunciou que adere ao ponto de vista de Bolsonaro, colocando a economia na frente das vidas.
Esse povo não treme a cara, quando fala claramente em abandonar o povo à própria sorte, durante a pandemia.
Preparemo-nos.
O vídeo segue abaixo para os incrédulos, a partir do minuto 19:

MANDETTA VAI EMBORA

Chegamos ao final da novela. Mandetta foi presidente de planos de saúde, foi contra os médicos cubanos e votou a favor do Teto de Gastos que tirou R$9 bilhões do SUS. Mesmo assim, foi considerado peça fora do jogo de xadrez Bolsonarista.
Nos últimos dias parecia provocar sua demissão, esticando a corda contra a visão do terraplanismo sanitário do presidente.
Bolsonaro não teve escolha, dentro de seu clã primitivo. Ou descartava Mandetta ou ficaria desmoralizado politicamente.
Só que Mandetta não sairá por baixo. Levará consigo a imagem de vitima e de herói da batalha contra o coronavírus. A questão é saber ser isso renderá os frutos políticos que ele espera até as próximas eleições.
O episódio arrancou nacos importantes de apoiamento ao presidente, que já anda caindo pelas tabelas.
O que virá para substituí-lo, como reza a tradição bolsonarista, será sempre pior. Aguardemos.