José Dirceu foi um dos quadros mais importantes da esquerda brasileira nos últimos quarenta anos.
E foi cassado injustamente, graças a um julgamento político entre seus nobres colegas deputados e a um linchamento (i)moral da grande mídia. Suas características pessoais e práticas políticas o conduziram ao cadafalso, mas, a rigor, não havia nada que justificasse a perda do mandato de deputado.
A despeito disso tudo, José Dirceu é mais uma prova viva de que o mundo é redondo. Está ao lado de Fernando Gabeira, Miro Teixeira, Fernando Henrique Cardoso e tantos outros exemplos de pessoas que percorreram caminhos – por uma Terra redonda – erráticos até chegarem a posições bem distintas daquelas pelas quais ganharam notoriedade em algum momento de suas vidas.
Da luta renhida na extrema esquerda à defesa da direita mais atrasada e reacionária… é um caminho que tem se mostrado menos raro do que o senso comum sugere.
José Dirceu, ex-adepto da luta armada contra a ditadura militar, hoje é porta-voz de outro José, o Sarney, um coronel medieval que jamais hesitou em apoiar o comandante nacional da vez, fosse ele militar ou civil.
Mais do que isso, Sarney tem em suas mãos o sangue de vári@s companheir@s de Dirceu assassinad@s pelo regime civil-militar que nos sufocou entre 1964 e 1985.
Para tristeza de quem o admira(va), como eu, Dirceu virou defensor ativo do grupo que melhor personifica o atraso e o retrocesso político contra o qual tanto lutam o governo Lula e o PT.
Em seu blog, Zé Dirceu distorce a realidade e desfere golpes na verdade factual para atrapalhar a vida de quem ousa enfrentar a oligarquia Sarney, hoje sua aliada.
Ao atacar Flávio Dino (depois de tê-lo tratado como aliado*), Dirceu sabe que suas palavras serão reproduzidas por todos aqueles que bajulam Sarney e a ele se submetem, na disputa eleitoral que já começou e terá seu desfecho em outubro.
Embora o PCdoB seja o partido de Flávio Dino, é José Dirceu quem se revela o verdadeiro stalinista, no pior dos sentidos: falsifica a realidade, descontextualiza os fatos e espalha mentiras para fazer prevalecer a sua opção – a de manter intacta a oligarquia, com a eleição tranquila de Roseana Sarney.
Não vai adiantar. Assim como Sarney, José Dirceu perdeu a noção do tempo no qual vivemos.
Dirceu chama de “papelão ridículo” (já no título do texto – confira aqui) ao processo de formação de alianças entre partidos que têm em comum a oposição ao clã Sarney – o PSDB se inclui nesse campo.
Convenientemente, o pequeno Stálin de Passa-Quatro não vê problema no fato de DEM, PTB, aliados de Serra, e o PV de Marina Silva fazerem parte da base de apoio de Roseana Sarney. Nenhuma palavra sobre isso.
Também usando a conveniência como guia, Dirceu lembra o apoio do PCdoB às gestões de Roseana Sarney (1995-2002), mas omite de seus leitores que Flávio Dino (filiado ao PT antes de iniciar a brilhante carreira de juiz federal) entrou para o PCdoB apenas em 2005, depois de ter sido rejeitado por alguns caciques petistas do Maranhão (alguns dos quais posam ao seu lado hoje, não custa lembrar), quando decidiu concorrer a uma vaga na Câmara. E Dirceu agora finge ignorar que, a partir de então, o PCdoB do Maranhão – felizmente! – deu uma vigorosa guinada para a esquerda.
Mas o pior foi publicado no dia 19/6 passado, com título mentiroso e infame:
“Serra já está no palanque com Flávio Dino”. (confira aqui)
Dirceu conhece muito bem, mas parece ter esquecido uma máxima de Lênin: “a prática é o critério da verdade”.
E Flávio Dino é um dos deputados federais mais respeitados e elogiados – por parlamentares de todos os partidos – em razão de sua conduta exemplar, sempre em defesa do governo Lula e sempre pelo viés dos princípios e valores mais autênticos da esquerda, vale dizer.
Já o respeito a José Dirceu…
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