15 de junho de 2010 | 20h 45
DENISE MADUEÑO - Agência Estado
Entrando no quinto dia de greve de fome e com dois quilos a menos, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) fez um discurso emocionado e de resistência na tribuna da Câmara na noite de hoje. Começou com lágrimas e terminou com os punhos cerrados pregando contra o apoio da cúpula petista ao grupo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Maranhão. O discurso em resposta ao deputado José Genoino (PT-SP), que o criticara, silenciou o plenário da Casa e terminou em aplausos.
Com Dutra, está também em greve de fome o petista histórico Manoel da Conceição, 75 anos. Ele já perdeu 1,9 quilo. Desde sexta-feira passada, os dois apenas tomam água e água de coco em uma manifestação contra a decisão do Diretório Nacional do partido de anular o apoio do PT do Maranhão à candidatura do deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) ao governo do Estado em troca de se aliar à governadora Roseana Sarney (PMDB), em busca da reeleição.
"Genoino, seja solidário a Manoel da Conceição e sua história, porque está sendo solidário a um oligarca perverso, criminoso e corrupto (Sarney)", discursou. "Eu vou morrer aqui para que respeitem a democracia." Dutra reafirmou que o PT no Maranhão cumpriu todas as normas do partido e decidiu pelo apoio a Dino e que a direção nacional está negando a democracia interna ao retirar o apoio ao deputado em troca de apoiar Roseana.
Depois do discurso, Dutra recebeu solidariedade de parlamentares de outros partidos. Médico, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) afirmou que tanto Dutra quanto Manoel da Conceição podem morrer esta noite. Manoel da Conceição tem diabetes e já foi vítima de dois acidentes vascular cerebral. O deputado Flávio Dino criticou a cúpula petista que, segundo ele, está usando a candidatura de Dilma Rousseff como argumento para desprezar os partidos aliados, como o PCdoB e o PSB, que apoiam a candidatura dele. "Em nome de uma violência política, estão desprezando os aliados. A arrogância é sempre má conselheira".
Na defesa do apoio a Roseana, a cúpula petista argumenta que, em troca, Dilma terá em torno de 2 milhões de votos a mais do que o adversário tucano, José Serra, no Maranhão. O líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), considera a greve de fome de Dutra "uma deslealdade" com o PT. Para ele, o partido tomou uma decisão nacional que tem de ser respeitada.
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