sábado, 19 de junho de 2010

Flávio Dino: “Acordo oficializa que a maioria do PT aqui seguirá conosco”

via Viomundo - O que você não vê na mídia de Conceição Lemes em 19/06/10


por Conceição Lemes

No encontro estadual, em 27 de março, o PT do Maranhão aprovou por 87 votos a 85 apoiar a candidatura do deputado federal Flávio Dino (PCdoB) ao governo do estado.

Em 11 de junho, a direção nacional, por 44 votos a 30, anulou o encontro estadual e aprovou a coligação com o PMDB de Roseana Sarney, candidata à reeleição. Manoel da Conceição, 75 anos, fundador do PT, e o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA) entraram em greve de fome, que se encerrou nessa sexta-feira após acordo com o PT, avalizado pelo presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra.

No final da tarde de ontem, o Viomundo conversou em São Luís com o deputado Flávio Dino. Ele havia acabado de sair do diretório estadual do PT.

Viomundo – O que achou do acordo?

Flávio Dino – É uma grande vitória. É o reconhecimento do direito da militância do PT, que apóia a minha candidatura, de aderir a ela sem nenhum tipo de retaliação ou pressão. Por esse acordo, restabelecemos aquilo que legitimamente havíamos conquistado no encontro estadual. Ou seja, o apoio do PT à nossa candidatura. Na prática, o acordo oficializa que a maioria da militância do PT no Maranhão não seguirá a posição da direção nacional e continuará conosco.

Viomundo – Esse acordo começou a ser trabalhado quando?

Flávio Dino – Na quarta-feira. Mas eu só tomei conhecimento dos termos numa reunião realizada na quinta à noite. Concordo com o que foi feito. Depois da decisão desastrosa da direção nacional, o acordo acabou sendo um caminho para restabelecer a coerência da atuação do PT aqui no Maranhão.

Viomundo – O que representa a sua candidatura?

Flávio Dino — Renovação, mudança, desejo de superar o império oligárquico estabelecido há 45 anos na política maranhense pela família Sarney.

Viomundo — Se não houvesse a greve de fome do Manoel e do Dutra, essa vitória teria sido possível?

Flávio Dino — Apesar de a greve ser um gesto extremo e preocupante do ponto de vista humanitário, politicamente acabou sendo fundamental para a obtenção desse acordo. Portanto, meu reconhecimento aos companheiros pelo ato de coragem que resultou nessa vitória.

Viomundo – Em algum momento o senhor temeu pela vida principalmente do Manoel da Conceição, cuja saúde já é bastante frágil?

Flávio Dino — Muitas vezes. Desde sexta-feira à noite [11 de junho] eu vinha ponderando com ele, pedindo que não fizesse a greve de fome. Exatamente por ser uma pessoa de 75 anos, com uma saúde fraca, inclusive em função das torturas que sofreu na ditadura militar. Ontem [quinta-feira] à noite eu o vi. Renovei o apelo. Graças a Deus a situação extrema não se configurou.

Viomundo – Como recebeu a notícia de que o PT não iria apoiar mais a sua candidatura?

Flávio Dino ­– Com grande surpresa. O jogo foi jogado segundo as regras. E conseguimos apoio da maioria do diretório. O José Eduardo Dutra [presidente nacional do PT] e o Paulo Frateschi estiveram presentes e reconheceram a legitimidade do encontro. Infelizmente, mudaram de opinião e a direção nacional acabou, na prática, intervindo no PT do Maranhão. Lamentável. O PCdoB é um partido da base aliada assim como o PSB. Eu sou deputado federal da base do governo. Por isso, não havia nenhum motivo político ou jurídico para legitimar a atitude da direção nacional do PT. Portanto, foi uma decepção imensa. A vida segue. Esperamos que em algum momento a direção nacional do PT reflita sobre o erro que cometeu no Maranhão.

Viomundo – A sua candidatura conta com o apoio de que partidos?

Flávio Dino – PcdoB, PSB e a maioria da militância do PT. Estamos negociando com outros partidos, visando à ampliação do arco de alianças. Temos até dia 30.

Viomundo – A Dilma subirá no seu palanque?

Flávio Dino – Deve subir, pois existe um acordo nacional, segundo o qual onde houver dois candidatos que a apóiam, ela prestigiará ambos. É o caso do Maranhão. Tem a Roseana e tem a minha candidatura. Não há nenhuma razão para que a Dilma não a reconheça. Pelo contrário. O protocolo da aliança nacional estabelece que ela estará conosco também.

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