sexta-feira, 18 de junho de 2010

Crise interna no PMDB embaralha a campanha

ELEIÇÕES 2010 » Deisão que o partido tomará neste sábado deve significar uma reviravolta na disputa ao Buriti. Aliados de Joaquim Roriz não descartam uma possível composição, no caso de a candidatura de Rosso vingar
Publicação: 18/06/2010 07:00 Atualização: 18/06/2010 08:35

>>Lilian Tahan
>>Ana Maria Campos
>>Luísa Medeiros

A briga dentro do PMDB desestabiliza o grupo de esquerda e se tornou um incentivo aos outros partidos que buscam surfar na onda da crise entre peemedebistas. As desavenças sobre a aliança com o PT fortalecem o time de quem justamente poderia sair enfraquecido com a dobradinha ensaiada entre os dois partidos: o grupo que orbita em torno de Joaquim Roriz (PSC). Por enquanto, não há nenhuma confirmação de que o ex-governador esteja por trás da atitude de Rogério Rosso. Mas aliados de Roriz não negam que se abriu o caminho para uma composição num futuro próximo.

O PT de Agnelo Queiroz ficou atônito com a disputa que roubou a cena do tão festejado e histórico acordo com o PMDB. Será ou seria a primeira vez que as duas legendas trabalhariam juntas numa campanha. Para Agnelo, o principal tabu que freava a composição havia sido quebrado. Era, na concepção do candidato petista, a resistência dentro do próprio PT. Mas Agnelo estava errado.

O partido com um sem número de tendências conseguiu se entender e resolveu dar as mãos para o PMDB. A leitura feita por dirigentes petistas no DF é de que amanhã as convenções só confirmariam a decisão tomada nas últimas semanas. E o PT esperava o mesmo do PMDB no dia em que representantes dos dois partidos partiram para o abraço diante das câmeras fotográficas. Perplexo, Agnelo não quer falar abertamente sobre a situação. Diz que desejou o apoio do PT desde sempre e que vai esperar que o partido se resolva, sem aumentar a temperatura da crise falando o que pensa.

Facadas
A entrada do governador Rogério Rosso (PMDB) no páreo pavimenta um caminho para siglas como DEM, PTB, PSDB e PPS, que hoje estão sem rumo e têm migrado para a campanha de Roriz porque este representa a única alternativa viável de poder. “Para nós, o significado dessa crise é como dar duas facas, uma para o PT e a outra para o PMDB, e esperar, de longe, para ver o que vai acontecer”, disse um aliado de Joaquim Roriz e entusiasta do retorno do ex-governador ao Palácio do Buriti.

Amanhã, o grupo que apoia Rosso vai apresentar aos convencionais uma promessa de espaço político numa chapa que, em tese, tem condições de disputa. O governador-tampão ainda é um desconhecido da maioria dos eleitores. Ele só disputou uma vez, em 2006, uma vaga de deputado federal. Ficou na suplência e aparece atrás de Agnelo e Roriz nas pesquisas de intenção de voto. Mas não carrega a rejeição registrada por Roriz, acumulada ao longo de quatro mandatos à frente do Distrito Federal. Dessa forma, seria uma opção, por exemplo, para o PSDB, que pretende lançar a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB) ao Senado.

Reunião
Os tucanos precisam de um palanque no DF e tendem a apoiar Roriz, embora a decisão final ainda esteja nas mãos do candidato à Presidência José Serra. Rosso representaria, assim, uma saída para o impasse do PSDB. No DEM também existe muita indefinição. O partido do ex-governador José Roberto Arruda e do ex-vice-governador Paulo Octávio ainda não encontrou um caminho para as eleições de outubro. Na noite de ontem, seria realizada uma reunião na casa do presidente do DEM-DF, senador Adelmir Santana, com representantes do PSC (de Roriz), PPS PTB e PSDB.

No DEM, há uma disputa acirrada. Adelmir quer ser candidato à reeleição, mas essa pretensão esbarra no interesse do deputado federal Alberto Fraga (DEM) e da deputada distrital Eliana Pedrosa. Eles têm conversado com o grupo rorizista, mas ainda bateram o martelo se vão seguir nessa via. A decisão passa pelo crivo da direção nacional, e o presidente do DEM, Rodrigo Maia, tem se envolvido diretamente na questão sempre em benefício dos interesses de Fraga. O deputado federal que é o responsável pelos projetos de transporte do governo Arruda, considerado um herdeiro político do ex-governador, tem sido um empecilho para o fechamento da aliança com Roriz.


PV TERÁ CANDIDATO
Na carona do sucesso no Distrito Federal da campanha da senadora Marina Silva (PV) à Presidência da República, os verdes já decidiram que terão candidato próprio ao GDF. O nome escolhido é o presidente do PV-DF, Eduardo Brandão. Pesquisas em poder do partido indicam que a ex-ministra do Meio Ambiente tem cerca de 17% das intenções de voto na capital do país. A estratégia é construir aqui um palanque para Marina que ainda fortaleça as candidaturas de deputado federal e distrital do PV. Por enquanto, a legenda não fechou nenhuma coligação. `Queremos ser uma via alternativa, com um projeto diferente. Temos conversado muito com o PPS e PTN`, disse Brandão.

Um comentário:

Sandro Silva disse...

Brasília merece algo novo, merece ser governada por alguém que realmente se importa com a cidade. Creio que Rosso tomou uma atitude certa, não se aliar ao PT e manter-se com uma chapa pura para concorrer ao Buriti. Apesar de ser meio desconhecido no meio político de Brasília, ele tem reais condições para se candidatar, pois está fazendo um ótimo trabalho. Tá botando ordem na Casa.