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Dezenas de testemunhas acusam um grupo de policiais de terem participado de uma ação que envolveu tortura, racismo e intolerância religiosa no assentamento Dom Helder Câmara, em Ilhéus (BA). No último sábado (23), a líder Bernadete de Souza, que é filha de santo, foi brutalmente violentada no momento em que incorporava um orixá.
O advogado Valdir Mesquita relata que as agressões ocorreram depois de ela ter questionado os policiais sobre a legalidade de uma ação que era feita sem mandado judicial. Eles buscavam provas para incriminar um homem suspeito de tráfico de drogas.
“Algemaram Bernadete e passaram a agredi-la. Ela relutou para não ir e eles a puxaram pelo cabelo. Ela ficou desacordada e as pessoas disseram ‘não façam isso, que ela é uma pesoa que tem proteção dos santos”. O oficial disse: ‘é o diabo que está empoderando sobre ela e nós vamos colocar ela no formigueiro para tirar o santo dela’. E arrastaram ela e colocaram no formigueiro.”
Após ser retirada do fomigueiro, Bernadete foi arrastada por mais de 600 metros até a viatura, de onde foi conduzida à cadeia pública. Segundo o advogado, ela ficou detida junto com um homem por três horas.
“Nós identificamos a existência de vários crimes: tortura, exposição ao perigo, lesões corporais, discriminação à raça e à religião. Então, fizemos representação e encaminhamos para a Corregedoria da Polícia Civil, para o Batalhão da Polícia Militar e para o Ministério Público Estadual da Bahia. Fizemos os exames médicos e o laudo constata os ferimentos. As pernas dela ficaram inflamadas por conta das mordidas das formigas.”
Na delegacia, os militares acusaram Bernadete de insanidade mental. Durante a ação policial, homens mulheres e crianças estiveram sob a mira de metralhadoras e um fuzil.
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.
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