sábado, 30 de outubro de 2010

Serra e a direita

Serra superou Dilma nas regiões do agronegócio, a chamada costa oeste brasileira. Lá, ele conseguiu superar até Marina, no seu Estado de origem, o Acre. De lá, ganhou em Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Não levou no Rio Grande do Sul, principalmente pelo desgate do governo Yeda Crusius. Isso explica a guinada forte à direita da candidatura tucana. Seus aliados da bancada ruralista não são exatamente o "politicamente correto" no país. Junto com eles estão o trabalho escravo, os conflitos fundiários, a concentração da renda da terra, a destruição dos ecossistemas, os conflitos com índios e quilombolas... tudo o que não pode ser sustentável.
Mas o que tem de novo mesmo é o componente religioso conservador na plataforma tucana. Sem qualquer correspondência com a trajetória histórica do partido, de repente, ele se transformou numa espécie de bastião da moralidade cristã ortodoxa.
Os movimentos políticos da direita no Brasil somente reforçam a tese de que os mais clássicos referenciais políticos (direita e esquerda) resistem ao tempo. O PSDB hoje é um autêntico partido de direita. Se há um componente regional nesta disputa digno de nota é o estrago que ele fez com a até então bela trajetória de Jackson Lago no Maranhão. Sim, porque o grande desafio das oposições no Maranhão sempre foi construir uma unidade democrático e popular, como alternativa ao modo de fazer política reinante. A oposição de direita e conservadora sempre foi combatida ou vistas com reservas (não podia constituir o próprio núcleo hegemônico do projeto político). Jackson, no entanto, nos últimos anos, costurou uma unidade política das oposições em que ficou refém do projeto tucano. Durante as administrações pedetistas na prefeitura de São Luís, Jackson jamais foi odiado pelos servidores públicos. No seu governo estadual, houve uma guinada à direita. O governo passou a esboçar posturas claramente direitistas, inviabiizando o diálago com diversos segmentos corporativos do serviço público. O PDT no Maranhão foi mordido pela direita e contaminado pelo seu vírus. Essa mesma direita que não lhe rendeu votos. Serra não fez campanha para o pedetista e nem tampouco os prefeitos tucanos. São Luís é o exemplo mais gritante.

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