sábado, 7 de julho de 2012

O caboclo de pena

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Personagem da festa de bumba meu boi do Maranhão, o caboclo de pena surgiu das profundezas do século XVIII, ao lado do "miolo", da "Mãe Catirina", do "Pai Francisco", do "Amo do Boi", das "Índias", do "Vaqueiro" e dos Caboclos de Fita". 
Dentre todos os brincantes, é o que sempre me chamou mais atenção, por sua espantosa estética, que reúne espetáculo visual e coreografia própria. De peculiar na dança, entrecortada por saltos e giros, lembra um voo vertiginoso de pássaro. A fantasia, que, por seu tamanho e peso, dificultaria a desenvoltura do brincante, antes, pelo contrário, assegura beleza cênica no contraste brutal entre força e leveza.
O caboclo de pena nos remete a uma dança de acasalamento, mas evoca o paroxismo da cadência espetacular ao intensificar o ritmo na parte final da toada, denunciando forte contribuição indígena.
Os brincantes que incorporam o personagem são por excelência legítimos representantes do povo pobre: pescadores, trabalharadores rurais, feirantes, catraieiros, dentre vários grupos sociais, cujas fisionomia e estrutura corporal denunciam vigor físico e tenacidade, mesmo em relação aos componentes idosos, que não são minoria.
Poucos se atrevem a enfrentar a rotina de apresentações do boi, debaixo dessa fantasia, sob o sol escaldante do verão equatorial, entrando pelo avançado das madrugadas. O combustível poderoso que permite funcionar esta verdadeira máquina percussiva, sem dúvida, é a cachaça.

2 comentários:

Marcos Palhano disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcos Palhano disse...
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