sexta-feira, 27 de julho de 2012

Governo quer transferir quilombolas de área ocupada há 200 anos


http://www.radioagencianp.com.br/10962-governo-quer-transferir-quilombolas-de-area-ocupada-ha-200-anos

A Marinha do Brasil disputa a posse da área na Justiça, e reintegração de posse está prevista para 1º de agosto.
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(1’59” / 467 Kb) - O governo federal pretende transferir moradores do Quilombo Rio dos Macacos para uma região localizada a meio quilômetro de distância. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (27) pelo assessor especial do Ministério da Defesa, José Genuíno. A comunidade está localizada no bairro de São Tomé de Paripe, na divisa das cidades de Simões Filho e Salvador (BA). A Marinha do Brasil disputa a posse da área na Justiça.
O anúncio foi feito um dia depois de os quilombolas ocuparem a sede estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A manifestação durou dez horas e o prédio só foi liberado quando o governo se comprometeu a não cumprir a ordem de despejo, prevista para o dia 1º de agosto.
A quilombola Rose Meire dos Santos Silva afirma que os moradores ainda não foram informados oficialmente. Aproximadamente 500 pessoas, de 68 famílias, vivem em uma área de 300 hectares, ocupada há dois séculos.
“Os nossos bisavós morreram nesta terra, derramaram o sangue trabalhando como escravos. Minha bisavó trabalhava aqui, a minha avó tem 112 anos. E tem cerca de 40 anos que a Marinha invadiu a nossa área e expulsou mais de 70 famílias. Essa ordem de despejo está dizendo que a comunidade é dentro da base naval, mas não é.”
A Portaria de Certificação 165/11, da Fundação Palmares, reconheceu os moradores como quilombolas, em outubro de 2011, mas não foi tomada nenhuma iniciativa para a concessão da posse. Meire lembra que, por conta dessa indecisão, a comunidade continua vivendo em condições precárias.
“Nesta comunidade, a maioria é analfabeta. Não sabe ler nem escrever, só sabe trabalhar na roça. Aqui dentro, tem condições de colocar colégio, posto médico, energia, rede de esgoto e água, mas a Marinha não deixa entrar nada disso.”
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.

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