quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Aprendizado da Greve

A greve dos militares não é apenas um movimentação de insubordinação à lei, que desafia a tradição da disciplina. Ela aponta para a emergência de uma nova regulação das forças da segurança pública no país. Ao lado disso, o movimento se aproxima de vários segmentos sociais combativos e contestatórios da ordem injusta vigente. Ele pode representar um apredizado, uma vez que a sociedade não pode reduzir o tema da greve à simples reivindicação salarial. Antes de tudo, faz-se necessário um novo modelo de segurança pública.

Chamou atenção a nota divulgada ontem. Seria um começo?

http://www.viasdefato.jor.br/index.php?option=com_content&view=article&id=931:historico-militares-prestam-solidariedade-a-quilombolas-indios-e-sem-terra

Carta aberta à população brasileira


Hoje, quando a nossa categoria está em greve em todo o Maranhão, está chegando a São Luís grupos de quilombolas e de lavradores sem terra. Eles, que após sucessivos acampamentos, vem novamente à nossa capital, desta vez para tratar com o presidente nacional do INCRA.

Sabemos que, historicamente, a relação entre a Polícia Militar e as organizações populares em nosso país não é boa. Porém, neste momento importante da história, onde lutamos por dignidade e melhores condições de trabalho, achamos oportuno falar desta outra luta, travada pelos homens e mulheres do campo. Primeiro, temos que lamentar pela violência, oriunda dos conflitos de terra. Infelizmente ela acontece e nós, ao longo do tempo, tivemos nossa parcela de responsabilidade neste problema. Admitimos os nossos excessos e, agora, pedimos desculpas por eles.

Por outro lado, agora, quando grande parte da sociedade maranhense está sendo solidária conosco, queremos também deixar clara a nossa solidariedade com a luta dos quilombolas, dos índios, dos sem terra! Somos o mesmo povo, vítimas da mesma opressão, da mesma exploração que se alastras pelos quatro cantos do Maranhão!

É importante, antes de tudo, reconhecer que nós somos todos irmãos!

Hoje, nós estamos acampados na Assembléia Legislativa, querendo condições de trabalho para sustentar nossas famílias, enquanto eles querendo a terra, também para comer e sustentar os seus filhos. É nosso desejo que - nesta circunstância absolutamente atípica - se possa tentar inaugurar um novo momento entre os servidores públicos militares do Maranhão e as organizações sociais do campo e da cidade.

Achamos importante dar este exemplo para o Brasil, mostrando o verdadeiro valor do nosso povo, a grandeza da nossa gente e gritando bem alto que hoje, no Maranhão, não se consente mais esperar!

São Luís, 29 de novembro de 2011


Associação dos Servidores Públicos Militares do Maranhão

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