terça-feira, 15 de novembro de 2011
Policiais são denunciados na OAB por agressões
http://www.jornalpequeno.com.br/2011/11/10/policiais-sao-denunciados-na-oab-por-agressoes-176505.htm
10 de novembro de 2011 às 11:56
A Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, presidida por Luís Antônio Pedrosa, recebeu denúncias de agressões e torturas promovidas por um grupo de policiais civis e da Polícia Militar do município de Arari contra cidadãos daquele município. Três vítimas fizeram relatos das violências a que foram submetidas por parte de PMs e policiais civis.
Maria Josenita Pereira, trabalhadora autônoma, afirmou que seus quatro filhos, incluindo dois menores, foram todos agredidos pelo sargento Amarildo Silva Ribeiro.
Ela disse que estava na praça da cidade, vendendo churrasquinho quando vieram avisá-la de que seus filhos estavam sendo agredidos pelo militar. Quando ela foi socorrer os filhos, o sargento também a espancou e a empurrou. Ela caiu e lesionou o joelho. Uma filha de Maria Josenita entrou na frente do irmão menor, que estava sendo agredido, e o policial a chutou na barriga, causando lesões em seu útero. A menor passou vários dias sangrando.
Dona Maria declarou que foi fazer um boletim de ocorrência na delegacia de Arari, mas a delegada disse que não ia fazer porque não tinha papel, “só se ela comprasse”. A denunciante contou que veio até São Luís e prestou depoimento na corregedoria de Segurança Pública, mas nenhuma providência foi tomada.
Outra denunciante, Maria Iracélia Santos, relatou que no dia 8 de março passado seus dois filhos menores, de 16 e 17 anos, estavam na praça participando de uma festividade quando dois policiais, conhecidos como Lindeberg e Magno, chegaram e os espancaram violentamente. Depois, os algemaram e colocaram num camburão.
Segundo Maria Iracélia, os adolescentes indagaram por que eles estavam fazendo aquilo, e os policiais responderam que iriam espancá-los até eles “vomitassem um relógio e uma pulseira” que, segundo o policial, haviam roubado de um sobrinho dele.
Um dos policiais ainda teria sugerido levá-los para um lugar deserto para executá-los, ocasião em que o outro PM disse que era melhor não matar os meninos porque testemunhas viram quando eles os levaram.
Ao chegarem na delegacia, o sobrinho do policial veio até eles e mostrou o relógio e a pulseira. Disse que não havia sido assaltado e que tudo havia sido um “mal entendido”.
De acordo com Maria Iracélia, um dos PMs então se dirigiu até os rapazes – que sangravam muito pela boca e pelos ouvidos – e disse: “Por que vocês não disseram logo que não haviam roubado nada, seus vagabundos?” Maria Iracélia também não conseguiu fazer o Boletim de Ocorrência.
O terceiro caso denunciado foi o do policial reformado Raimundo Nonato Pereira. Ele contou que, em 2010, sofreu perseguição por parte do sargento Amarildo Silva Ribeiro e foi vítima de tortura. Em seu relato, ele afirmou que o PM foi até sua casa prender seu filho, que tem problemas mentais, tendo que ficar na frente do policial enquanto o menino corria.
Ainda assim, o policial deu um tiro entre suas pernas e começou uma sessão de espancamento, quebrando seu rosto com uma arma. Raimundo Pereira foi obrigado a fazer uma cirurgia, depois que teve um cabo de vassoura quebrado nas suas costas, caindo e sendo chutado no chão. A vizinhança chegou a gritar dizendo que ele era um homem de bem e pai de família.
Como sangrava muito, o policial o levou até o hospital, e Raimundo então disse que ia denunciá-lo. Lá mesmo no hospital o policial começou outra sessão de espancamento, levando-o para a delegacia e chutando seus órgãos genitais. Seu Raimundo ficou surdo de um ouvido por causa das agressões.
Depois, o trouxeram para São Luís e o autuaram em flagrante. Raimundo conseguiu entrar em contato com o juiz Douglas de Melo, que afastou imediatamente um cabo, o delegado e o sargento. Mas o prefeito de Arari, Leão Santos, teria dito que quem manda na cidade é ele e reintegrou todos novamente. O filho da vítima, com problemas mentais, está preso.
“É preciso que esses casos sejam apurados com rigor”, disse o juiz Douglas de Melo. O promotor Marco Aurélio Ramos, que acompanhou os depoimentos dos denunciantes, afirmou que vai tomar providências imediatamente.
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