http://racismoambiental.net.br/2012/09/o-fim-da-duvida/
Pela primeira vez na história foi realizado um estudo
completo e de longo prazo para avaliar o efeito que um transgênico e um
agrotóxico podem provocar sobre a saúde pública. Os resultados são
alarmantes
O transgênico testado foi o milho NK603,
tolerante à aplicação do herbicida Roundup (característica presente em mais de
80% dos transgênicos alimentícios plantados no mundo), e o agrotóxico avaliado
foi o próprio Roundup, o herbicida mais utilizado no planeta – ambos de
propriedade da Monsanto. O milho em questão foi autorizado no Brasil em 2008 e
está amplamente disseminado nas lavouras e alimentos industrializados, e o
Roundup é também largamente utilizado em lavouras brasileiras, sobretudo as
transgênicas.
O estudo foi realizado ao longo de 2 anos com 200
ratos de laboratório, nos quais foram avaliados mais de 100 parâmetros. Eles
foram alimentados de três maneiras distintas: apenas com milho NK603, com milho
NK603 tratado com Roundup e com milho não modificado geneticamente tratado com
Roundup. As doses de milho transgênico (a partir de 11%) e de glifosato (0,1 ppb
na água) utilizadas na dieta dos animais foram equivalentes àquelas a que está
exposta a população norte-americana em sua alimentação cotidiana.
Os resultados revelam uma mortalidade mais alta e
frequente quando se consome esses dois produtos, com efeitos hormonais não
lineares e relacionados ao sexo. As fêmeas desenvolveram numerosos e
significantes tumores mamários, além de problemas hipofisários e renais. Os
machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crônicas
hepato-renais.
O estudo, realizado pela equipe do professor
Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França, foi publicado ontem
(19/09) em uma das mais importantes revistas científicas internacionais de
toxicologia alimentar, a Food and Chemical Toxicology.
Segundo reportagem da AFP, Séralini afirmou que
“O primeiro rato macho alimentado com OGM morreu um ano antes do rato indicador
(que não se alimentou com OGM), enquanto a primeira fêmea, oito meses antes. No
17º mês foram observados cinco vezes mais machos mortos alimentados com 11% de
milho (OGM)”, explica o cientista. Os tumores aparecem nos machos até 600 dias
antes de surgirem nos ratos indicadores (na pele e nos rins). No caso das fêmeas
(tumores nas glândulas mamárias), aparecem, em média, 94 dias antes naquelas
alimentadas com transgênicos.
O artigo da Food and Chemical
Toxicology mostra imagens de ratos com tumores maiores do que bolas de
pingue-pongue. As fotos também podem ser vistas em algumas das reportagens
citadas ao final deste texto.
Séralini também explicou à AFP que “Com uma
pequena dose de Roundup, que corresponde à quantidade que se pode encontrar na
Bretanha (norte da França) durante a época em que se espalha este produto, são
observados 2,5 vezes mais tumores mamários do que é normal”.
De acordo com Séralini, os efeitos do milho
NK603 só haviam sido analisados até agora em períodos de até três meses. No
Brasil, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) autoriza o
plantio, a comercialização e o consumo de produtos transgênicos com base em
estudos de curto prazo, apresentados pelas próprias empresas demandantes do
registro.
O pesquisador informou ainda que esta é a
primeira vez que o herbicida Roundup foi analisado em longo prazo. Até agora,
somente seu princípio ativo (sem seus coadjuvantes) havia sido analisado durante
mais de seis meses.
Um dado importante sobre esse estudo é que os
pesquisadores trabalharam quase que na clandestinidade. Temendo a reação das
empresas multinacionais sementeiras, suas mensagens eram criptografadas e não se
falava ao telefone sobre o assunto. As sementes de milho, que são patenteadas,
foram adquiridas através de uma escola agrícola canadense, plantadas, e o milho
colhido foi então “importado” pelo porto francês de Le Havre para a fabricação
dos croquetes que seriam servidos aos ratos.
A história e os resultados desse experimento
foram descritos em um livro, de autoria do próprio Séralini, que será publicado
na França em 26 de setembro sob o título “Tous Cobayes !” (Todos
Cobaias!). Simultaneamente, será lançado um documentário, adaptado a partir do
livro e dirigido por Jean-Paul Jaud.
Esse estudo coloca um fim à dúvida sobre os
riscos que os alimentos transgênicos representam para a saúde da população e
revela, de forma chocante, a frouxidão das agências sanitárias e de
biossegurança em várias partes do mundo responsáveis pela avaliação e
autorização desses produtos.
Com informações de:
Etude
unique, la plus longue et la plus détaillée sur la toxicité d’un OGM et du
principal pesticide – CRIIGEN, 19/09/2012.
EXCLUSIF.
Oui, les OGM sont des poisons ! – Le Novel Observateur,
19/09/2012.
Referência do artigo:
“Long term toxicity of a Roundup herbicide
and a Roundup-tolerant genetically modified maize”. Food and Chemical
Toxicology, Séralini G.E. et al. 2012.
-
http://aspta.org.br/2012/09/o-fim-da-duvida/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=o-fim-da-duvida
Enviada por Lúcia de Oliveira Fernandes para a
lista Justiça Ambiental.
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