A primeira tarefa de uma candidatura autêntica de esquerda no Maranhão é romper com o raciocínio binário dos oligopólios políticos. Esse é o raciocínio do autoritarismo, talvez fruto da visão do regime político de exceção, implantado pelo golpe militar.
No Maranhão, nem no período de atuação do MDB, a chamada oposição consentida, esse raciocínio vingou. Do balaio de gatos que constituía esse partido frutificaram também grandes lideranças populares, que por sua vez, impulsionaram outros movimentos de contestação que desaguaram em outras visões de câmbio social.
Para desconhecer a pertinência da crítica política, os três blocos políticos principais em campanha utilizam o falso argumento do raciocínio binário, tentando imputar a pecha de laranja a quem não se contenta com os oligopólios. Segundo esse raciocínio, quem critica Edvaldo faz o jogo de Whashigton ou Castelo e quem critica Whashington faz o jogo do Edvaldo ou do Castelo.
Por esse prisma, só restaria ao eleitor contentar-se com essas três horríveis opções. É preciso lembrar que nem no campo da situação e nem no campo das oposições, as opções políticas se resumem à mesmice.
Sinal de mudança mesmo pode começar pela aceitação da crítica política como um fenômeno normal de qualquer disputa eleitoral. Sobretudo no campo dito progressista, tentar eliminar a crítica raivosamente, fora do campo dos argumentos em que ela é apresentada, denuncia uma tendência autoritária, inversa ao discurso mudancista.
No espectro da esquerda (domesticada, sobretudo) prevalece um desejo de vanguarda na orientação tática, quase infantil. Pressupõe que todos devem seguir os desígnios intuitivos de líderes ungidos pelo dom das premonições políticas. Se há discordância, a guerra dos ressentimentos é imediatamente declarada.
Política - é preciso lembrar - é o palco dos argumentos e, por isso mesmo do convencimento. A eleição é uma etapa deste processo. Depois dela, continuam as forças políticas, no processo de disputa da hegemonia. Os ressentimentos dificultam a vida dos políticos, pois desconhecem a dinâmica dos convencimentos, sobre a qual se assentam os partidos e seus programas ideológicos.
Eu quero ter o direito de discordar de determinadas propostas políticas - inclusive das que são formuladas pelos meus amigos. Se a amizade e o respeito fosse o único critério para o convencimento, não existiriam partidos e ideologias. Bastava criar um clube de amigos e pronto.
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