sábado, 15 de setembro de 2012

MP destoa da polícia e revela nomes dos denunciados no 'Caso Décio'


http://www.jornalpequeno.com.br/2012/9/12/mp-destoa-da-policia-e-revela-nomes-dos-denunciados-no-caso-decio-218112.htm


12 de setembro de 2012 às 10:29
POR OSWALDO VIVIANI

Diferentemente da equipe de delegados que produziu o inquérito sobre o assassinato do jornalista Décio Sá – ocorrido em abril passado –, o promotor Luís Carlos Corrêa Duarte, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, divulgou, na segunda-feira (10), os nomes de todos os denunciados – num total de 12 – por envolvimento no caso.
Ao entregar o inquérito à Justiça, em 17 de agosto, a polícia informou à imprensa que estava indiciando 13 pessoas, mas revelou os nomes de apenas 9.
Foram omitidas as identidades de dois investigadores da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) – Alcides Nunes da Silva e Joel Durans Medeiros, já afastados –, do advogado Ronaldo Ribeiro (ligado a Gláucio Alencar Pontes Carvalho e seu pai José de Alencar Miranda Carvalho, acusados de serem os mandantes do crime) e de um personagem que só agora, com a divulgação da lista do Ministério Público, veio à tona: Marcos Bruno de Oliveira Amaral.
Gláucio Alencar, José Miranda e Ronaldo Ribeiro, três dos denunciados pelo Ministério Público
A omissão do nome de Amaral – que está foragido –poderia ter sido uma maneira de a polícia evitar a admissão de um erro nas investigações: ele foi, segundo a polícia, o verdadeiro “piloto de fuga” de Jonathan de Sousa Silva, o assassino confesso de Décio Sá, e não o foragido Elker Farias Veloso, o “Diego”, apontado pelo matador como o motoqueiro que o ajudou a evadir-se do local do crime, na Avenida Litorânea. Elker Veloso, no entanto, também foi indiciado pela polícia e denunciado pelo MP, pois teria dado apoio logístico a Jhonathan.
“Durante as investigações, o Elker figurou como ‘piloto de fuga’ do executor. Mas, ao fim do inquérito, concluímos que essa função foi desempenhada, na verdade, por Marcos Amaral. Elker, por sua vez, deu apoio logístico ao matador, principalmente na chácara de Miritiua, em São José de Ribamar”, disse o delegado Guilherme de Sousa Filho, que faz parte da comissão que está à frente do caso.
A lista de denunciados do Ministério Público também não traz o nome de Airton Martins Monroe –, que a polícia sempre incluiu entre os presos por envolvimento no “caso Décio Sá”. Nunca a SSP informou sobre sua atual situação.
Airton teria sido preso no Terminal do São Cristóvão, em junho passado, na operação “Detonando”, confundido com um homem cujo apelido é “Neguinho” – também foragido –, um paraense que supostamente apresentou o pistoleiro Jhonathan aos mandantes do assassinato do jornalista.
“Neguinho” foi indiciado pela polícia apenas com o apelido como qualificação, mas o Ministério Público rejeitou fazer denúncia contra ele. “O MP não pode denunciar alguém sem sua qualificação completa. Se isso fosse feito, a denúncia correria o risco de não ser aceita pela Justiça”, afirmou o promotor Luís Carlos Corrêa Duarte.
O MP agora encaminhará os nomes dos 12 denunciados à Justiça, que acatará ou não. Veja a lista:
CASO DÉCIO SÁ: OS DENUNCIADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
1. Jhonathan de Sousa Silva, de 24 anos. Foi o autor confesso dos seis disparos – cinco deles, fatais – que mataram o jornalista Décio Sá, no fim da noite de 23 de abril passado. Ele é natural da cidade de Xinguara, no Pará. O criminoso foi preso no dia 5 de junho, numa chácara localizada no Miritiua (São José de Ribamar), por tráfico de drogas. Com ele, os agentes da Seic encontraram 10 kg de crack e armas de uso restrito da polícia. Jhonathan foi transferido, no mês passado, para um presídio federal em Campo Grande (MS).
2. Gláucio Alencar Pontes Carvalho, 34. É filho de José de Alencar Miranda Carvalho. Ele e o pai – suspeitos de agiotagem – são empresários do ramo de merenda escolar e forneciam para prefeituras do Maranhão, do Pará e do Piauí. Preso em 13 de junho, na operação “Detonando” da Polícia Civil, foi indiciado como um dos mandantes do assassinato de Décio Sá, que em seu blog publicava informações que estariam prejudicando seus negócios.
3. José de Alencar Miranda Carvalho, o ‘Miranda’, 72. Também preso na operação “Detonando”. Miranda e o filho Gláucio teriam encomendado a morte do jornalista por R$ 100 mil.
4. José Raimundo Sales Chaves Júnior, o ‘Júnior Bolinha’, 38. É empresário do ramo de automóveis e representante comercial de bebidas no município de Santa Inês. Segundo a polícia, Júnior Bolinha fez o papel de intermediador entre o assassino, Jhonathan de Sousa, e os supostos mandantes do crime, Gláucio e Miranda. Preso na operação “Detonando”’.
5. Fábio Aurélio Saraiva Silva, o ‘Fábio Capita’. Era subcomandante do Batalhão de Choque da PM-MA. Para a polícia, foi ele quem forneceu a Júnior Bolinha – de quem é amigo de infância – a pistola ponto 40 usada para executar Décio Sá. Preso na operação “Detonando”’.
6. Fábio Aurélio do Lago e Silva, o ‘Buchecha’, 32. Trabalhava para Júnior Bolinha. Teria ajudado na operacionalização do assassinato de Décio Sá. Preso na “Detonando”.
7. Alcides Nunes da Silva. Investigador da Seic. Daria suporte informal aos suspeitos de agiotagem Gláucio Alencar Pontes Carvalho e José de Alencar Miranda Carvalho, acusados de mandar matar o jornalista. Não foi preso.
8. Joel Durans Medeiros. Investigador da Seic. Daria suporte informal aos suspeitos de agiotagem Gláucio Alencar Pontes Carvalho e José de Alencar Miranda Carvalho, acusados de mandar matar o jornalista. Não foi preso.
9. Ronaldo Ribeiro. Advogado ligado a Gláucio Alencar e seu pai José de Alencar Miranda, acusados de serem os mandantes do crime. Apontado como “braço jurídico” do grupo de agiotas liderado por Gláucio e o pai. Não foi preso.
10. Elker Farias Veloso, o ‘Diego, 26. Apontado por Jhonathan Silva como seu “piloto de fuga”, mas a polícia diz que essa função foi realizada por Marcos Bruno de Oliveira Amaral. Elker – que está foragido – foi indiciado e denunciado por dar apoio logístico a Jhonatan Silva.
11. Shirliano Graciano de Oliveira, o ‘Balão’, 27. Teria ajudado na operacionalização do assassinato de Décio Sá. Foragido.
12. Marcos Bruno de Oliveira Amaral. Foi, segundo a polícia, o verdadeiro “piloto de fuga” de Jonathan de Sousa Silva, o assassino confesso de Décio Sá. Foragido.
Obs.(1): Homem conhecido como ‘Neguinho’. Foi indiciado pela polícia, mas o MP não aceitou fazer denúncia contra ele, por falta de qualificação completa. Paraense, teria apresentado o executor do crime, Jhonathan Silva, ao suposto intermediador, Júnior Bolinha, e aos acusados de serem os mandantes – Glaucio e Miranda. Está foragido.
Obs.(2): Airton Martins Monroe. Preso no Terminal do São Cristóvão, em junho passado, na operação “Detonando”. Teria sido confundido com “Neguinho”. A SSP nunca se pronunciou sobre sua atual situação. 

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