http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/09/27/ex-comandante-suspeito-de-mandar-matar-juiza-e-exonerado-e-preso.jhtm
Hanrrikson de Andrade
Especial para o UOL Notícias
A Polícia Militar do Rio de Janeiro confirmou nesta terça-feira (27) que o ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo), tenente-coronel Cláudio Luiz Oliveira, acusado de ser o mandante do assassinato da juíza Patricia Acioli, está preso há cerca de nove horas na carceragem do Batalhão de Choque, no centro da cidade. Acioli foi morta com 21 tiros na porta de casa, em Piratininga, Niterói, no dia 11 de agosto deste ano.
O PM foi detido e exonerado do cargo que ocupava atualmente – o comando do 22º BPM (Maré)– depois que a 3ª Vara Criminal de Niterói expediu a ordem de prisão na noite de segunda-feira (26). A decisão da Justiça foi fundamentada no depoimento de um dos policiais que participaram do crime, que fez uso do direito de delação premiada e apontou o tenente-coronel como mandante do assassinato.
A Justiça também determinou a prisão de outros cinco policiais que eram lotados no GAT (Grupamento de Ações Táticas) do 7º BPM e são acusados pelo assassinato de Diego Beliene, 18. O jovem foi morto no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo, município da região metropolitana do Estado, em um caso de falso auto de resistência (morte em suposto confronto com a PM).
O crime --que ocorreu em junho de 2010– era investigado pela juíza Patricia Acioli, ex-titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, que algumas horas antes de morrer expediu três mandados de prisão contra o tenente Daniel Benitez Lopez e os cabos Jefferson de Araújo Miranda e Sérgio Costa Junior (que também eram comandados por Cláudio Oliveira no 7º BPM).
A investigação da Divisão de Homicídios apontou que os três foram os responsáveis pelos 21 disparos que mataram a magistrada. Eles estão presos em unidades diferentes da Polícia Civil após serem transferidos, na semana passada, da Unidade Prisional da PM, em Benfica, na zona norte.
Cláudio Luiz de Oliveira está na Polícia Militar do Rio há 26 anos e já foi membro da divisão de elite da corporação, o Batalhão de Operações Especiais. Além do 7º BPM e do Bope, o tenente-coronel já passou pelo 16º BPM (Olaria) e 9º BPM (Rocha Miranda).
Presídio de segurança máxima
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, afirmou nesta terça-feira (27) a uma rádio carioca que pretende se esforçar para que os PMs acusados pelo assassinato da juíza sejam transferidos para presídios de segurança máxima de outros Estados.
Na opinião de Rebêlo, a Polícia Civil deu uma resposta rápida à sociedade, o que fará com que "os criminosos pensem duas vezes antes de cometer um crime contra agentes públicos". O presidente do TJ revelou ainda que o juiz responsável pelas ordens de prisão expedidas nesta segunda-feira (26) já teve a escolta policial reforçada.
Morte premeditada
De acordo com a Divisão de Homicídios, os PMs Daniel Benitez Lopez, Jefferson de Araújo Miranda e Sérgio Costa Junior fizeram um trabalho prévio de reconhecimento da área na qual Patricia morava com o objetivo de planejar minuciosamente a ação criminosa. Cerca de 30 dias antes do crime, os suspeitos circularam pelo local com um carro do 12º BPM (Niterói) que não possui o sistema GPS (Global Position System).
Na ocasião, o tenente e os dois cabos já sabiam que a magistrada pretendia expedir mandados de prisão contra eles em razão do auto de resistência forjado para encobrir a morte de Diego da Conceição Beliene, em 2010.
Um mês depois, no dia 11 de agosto, os PMs receberam por meio de uma advogada (que também está sendo investigada) a informação de que Patricia deferiria naquele dia as ordens de prisão preventiva. De acordo com as investigações, os criminosos esperaram o fim do expediente da juíza e a seguiram do Fórum de São Gonçalo ao distrito de Piratininga, na região oceânica de Niterói, onde ela morava.
A informação de que os PMs foram ao Fórum de São Gonçalo no dia do crime foi confirmada pela análise dos dados da rede telefônica da região. Segundo a DH, os três suspeitos desligaram os seus celulares com o objetivo de dificultar uma possível identificação.
De acordo com o delegado Felipe Ettore, que investiga o caso, os policiais achavam que "a forma de impedir isso [o deferimento dos mandados de prisão preventiva] seria matando a juíza Patricia". No entanto, eles não faziam a ideia de que, algumas horas antes, as ordens de prisão já tinham sido decretadas pela magistrada.
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