sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Uma estúpida operação policial

Não esqueci da operação da polícia civil (Seic) no Bairro de Fátima. Fico aguardando uma voz se elevar no meio de tanta omissão, mas é inútil.
No início da noite do dia 23, no Bairro de Fátima, na movimentada rua do Peixe, teria ocorrido a abordagem do veículo conduzido por Márcio "Patrão", realizada por uma equipe de policiais da superintendência estadual de investigações criminais. No tiroteio, a mulher de Márcio, grávida de quatro meses, tombou morta e mais duas pessoas saíram feridas à bala: o filho de Márcio, de apenas quinze anos e um pedreiro da família, por apelido, "Negão". O adolescente foi ferido de raspão no braço esquerdo, o pedreiro, de 24 anos, baleado no ombro. Márcio foi alvejado no abdômen, pescoço e braço esquerdo.
Não vou me ater aqui ao mérito das versões de cada lado, porque são muito diferentes uma da outra. Caberá ao inquérito apurar a veracidade de cada uma. Vou apenas descrever tais versões, para no final me posicionar sobre a operação em si mesma.

Versão da polícia:
a) Márcio seria líder da facção PCM e estaria envolvido com o tráfico de armas;
b) Márcio teria reagido à prisão e sacado de uma arma no momento da abordagem.
c) Uma arma teria sido apreendida em poder de Márcio.

Versão da família:
a) Márcio é filho de um empresário do ramo de caminhões de frete e sempre trabalhou com o pai, não tendo envolvimento com crimes;
b) Márcio não estava armado no momento da abordagem;
c) A polícia chegou atirando, com arma de grosso calibre;
d) A arma teria sido implantada pela policia, para justificar a operação.

Márcio foi abordado violentamente depois de sair da casa da sogra, onde esteve junto com sua família, mulher e filhos, incluindo uma criança de 04 anos de idade, que não estava na Toyota, porque preferiu ficar com a avó.
Segundo a polícia, Márcio já vinha sendo monitorado pela polícia, em função de suas atividades supostamente criminosas. Mas a pergunta que fica no ar é: se estava sendo monitorado, porque a polícia não sabia quem estava dentro do veículo?
Sobre técnica: se não se sabe quem está dentro do veículo, o correto é atirar? Se a abordagem implica risco de confronto, é correto abordar numa via pública, arriscando vida de grande número de transeuntes? Se estavam monitorando, porque não sabiam quantas e quem eram as pessoas dentro do veículo?
Minha opinião:
É o primeiro líder de facção ficha limpa que já vi. E, se fosse, seria o mais burro, porque tentaria se confrontar com a polícia, em maior número, expondo a sua vida e a de sua família.
Uma operação desse tipo poderia ter exterminado não somente todas as pessoas do veículo, como também poderia ter atingido muitas pessoas que estavam na rua, naquele exato momento.
Mesmo se ao final ficar comprovado que Márcio realmente tem envolvimento criminoso, é possível justificar uma operação desse tipo? 
E melhor: mesmo diante do cadáver de uma mulher grávida, ninguém se levantará pra dizer que essa operação policial foi estúpida?


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