A respeito da entrevista do jornal Estadão, veiculada no dia 11 de janeiro, observo que a competente jornalista, Mônica Madir, não utilizou a chamada que aparece no Blog do Raimundo Garrone (veja aqui).
Conforme a disputa política local, tudo, até as vírgulas, merecem interpretação. E não cair na polarização existente, significa também estar atento às intenções e às interpretações.
Na entrevista não faço acusações diretas ao sindicato de agentes penitenciários, pelas mortes em Pedrinhas. Seria no mínimo tosco. É como se eu estivesse dizendo que o sindicato reuniu sua diretoria, decidiu operacionalizar cada detalhe das mortes que ocorreram nos presídios. Seria, então, o verdadeiro autor intelectual dos crimes.
A entrevista confirma apenas que existe um segmento corrupto, que também é defendido pelo sindicato, por força do corporativismo. Posso complementar: nossas divergências com o sindicato estão no plano restrito dessa defesa corporativa, porque denunciamos vários agentes penitenciários por tortura e ficamos em posições opostas historicamente. Temos posições distintas também quanto ao modelo de sistema prisional e quanto ao perfil de agentes penitenciários que o país precisa, neste momento.
As divergências do sindicato com o titular da pasta, Sebastião Uchoa, podem não ter perfeita sintonia com um possível boicote de agentes e monitores à sua gestão. Dizem respeito a uma luta por espaço, dentro do sistema. É diferente de ações de um segmento contaminado, que até agora não foi combatido por uma atividade correicional eficiente. O sindicato os defende por força do espírito de corpo, presente em várias instituições do Estado também.
A mídia do grupo Sarney agora quer crucificar César Bombeiro, que é filiado no PT recentemente, depois da adesão oficial do partido ao grupo Sarney. Nas últimas eleições, apoiou Edvaldo Holanda, mas, juntamente com o sindicato, no período imediatamente anterior, apoiou a gestão de Sérgio Tamer, que pertencia ao grupo Sarney. Esse grupo fez oposição ao governo Jackson, na gestão de Eurídice Vidigal. César e o sindicato apoiaram a gestão de Raimundo Cutrim (que tem grande responsabilidade também por essa crise, porque foi gestor, várias vezes), na época que o deputado (agora no PCdoB) pertencia ao grupo Sarney. Romperam agora, após a indicação de Sebastião Uchoa, um adversário histórico, que também tem suas limitações, mas não tem pretensões políticas.
Ninguém sabe porque ele (César Bombeiro) entregou aquele vídeo ao juiz do CNJ, porque poderia ter acesso a uma infinidade de vídeos, com igual teor violento, sem recorrer a uma fraude, como aconteceu com o que foi veiculado pela Folha de São Paulo, posteriormente. E dizer que ter acesso a esses vídeos importe em manter relações com criminosos não é verdade. Cada celular que entra nos presídios faz circular em velocidade de rede mundial grande número de informações, incluindo de vídeos.
O ping pong provinciano renega aliados e acolhe dissidentes nos dois lados carcomidos da política local, ao sabor dos interesses mais imediatos do pragmatismo político. Portanto, estarei lutando para ocupar um espaço de independência, em relação a essa disputa. Até porque sei que o problema não se resolverá com discursos de campanha.
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