quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Crise Aérea 2

Crise Aérea 2
2) Como a sra. avalia a reação do Governo Lula à atuação da mídia nesse > episódio ?> Fraca e decepcionante, como no caso do mensalão. Demorou para se > manifestar. Quando o fez, se colocou na defensiva.> O que teria sido politicamente eficaz e adequado?> Já na primeira hora, entrar em rede nacional de rádio e televisão e > expor à população o ocorrido, as providências tomadas e a necessidade de > aguardar informações seguras.> Todos os dias, no chamado "horário nobre", entrar em rede nacional de > rádio e televisão, expondo as ações do dia não só no tocante ao acidente, > mas também com relação às questões aéreas nacionais, além de apresentar > novos fatos e novas informações, desmentindo informações incorretas e > alertando a população sobre isso.> Mobilizar os parlamentares e o PT para uma ação nacional de informação, > esclarecimento e refutação imediata de notícias incorretas.>> 3) Em "Leituras da Crise", a sra. discute a tentativa do impeachment do > Presidente na chamada "crise do mensalão". Há sra. vê sinais de uma nova > tentativa de impeachment ?> Sim. Como eu disse acima, a mídia e setores da oposição política ainda > estão inconformados com a reeleição de Lula e farão durante o segundo > mandato o que fizeram durante o primeiro, isto é, a tentativa contínua de > um golpe de Estado. Tentaram desestabilizar o governo usando como arma as > ações da Polícia Federal e do Ministério Público e, depois, com o caso > Renan (aliás, o governador Requião foi o único que teve a presença de > espírito e a coragem política para indagar porque não houve uma CPI contra > o presidente FHC, cuja história privada, durante a presidência, se > assemelhou muito à de Renan Calheiros). Como nenhuma das duas tentativas > funcionou, esperou-se que a "crise aérea" fizesse o serviço. Como isso não > vai acontecer, vamos ver qual vai ser a próxima tentativa, pois isso vai > ser assim durante quatro anos.> 4) No fim de "Simulacro e Poder" a sra. diz: "... essa ideologia opera com > a figura do especialista. Os meios de comunicação não só se alimentam > dessa figura, mas não cessam de instituí-la como sujeito da comunicação > ...Ideologicamente ... o poder da comunicação de massa não é igual ou > semelhante ao da antiga ideologia burguesa, que realizava uma inculcação > de valores e idéias. Dizendo-nos o que devemos pensar, sentir, falar e > fazer, (a comunicação de massa) afirma que nada sabemos e seu poder se > realiza como intimidação social e cultural... O que torna possível essa > intimidação e a eficácia da operação dos especialistas ... é ... a > presença cotidiana ... em todas as esferas da nossa existência ... essa > capacidade é a competência suprema, a forma máxima de poder: o de criar > realidade. Esse poder é ainda maior (igualando-se ao divino) quando, > graças a instrumentos técnico-cientificos, essa realidade é virtual ou a > virtualidade é real..." Qual a relação entre esse trecho de "Simulacro e > Poder" e o que se passa hoje ?> Antes de me referir à questão do virtual, gostaria de enfatizar a > figura do especialista competente, isto é, daquele é supostamente portador > de um saber que os demais não possuem e que lhe dá o direito e o poder de > mandar, comandar, impor suas idéias e valores e dirigir as consciências e > ações dos demais. Como vivemos na chamada "sociedade do conhecimento", > isto é, uma sociedade na qual a ciência e a técnica se tornaram forças > produtivas do capital e na qual a posse de conhecimentos ou de informações > determina a quantidade e extensão de poder, o especialista tem um poder de > intimidação social porque aparece como aquele que possui o conhecimento > verdadeiro, enquanto os demais são ignorantes e incompetentes. Do ponto de > vista da democracia, essa situação exige o trabalho incessante dos > movimentos sociais e populares para afirmar sua competência social e > política, reivindicar e defender direitos que assegurem sua validade como > cidadãos e como seres humanos, que não podem ser invalidados pela > ideologia da competência tecno-científica. E é essa suposta competência > que aparece com toda força na produção do virtual.> Em "Simulacro e poder" em me refiro ao virtual produzido pelos novos > meios tecnológicos de informação e comunicação, que substituem o espaço e > o tempo reais - isto é, da percepção, da vivência individual e coletiva, > da geografia e da história - por um espaço e um tempo reduzidos a um única > dimensão; o espaço virtual só possui a dimensão do "aqui" (não há o > distante e o próximo, o invisível, a diferença) e o tempo virtual só > possui a dimensão do "agora" (não há o antes e o depois, o passado e o > futuro, o escoamento e o fluxo temporais). Ora, as experiências de espaço > e tempo são determinantes de noções como identidade e alteridade, > subjetividade e objetividade, causalidade, necessidade, liberdade, > finalidade, acaso, contingência, desejo, virtude, vício, etc. Isso > significa que as categorias de que dispomos para pensar o mundo deixam de > ser operantes quando passamos para o plano do virtual e este substitui a > realidade por algo outro, ou uma "realidade" outra, produzida > exclusivamente por meios tecnológicos. Como se trata da produção de uma > "realidade", trata-se de um ato de criação, que outrora as religiões > atribuíam ao divino e a filosofia atribuía à natureza. Os meios de > informação e comunicação julgam ter tomado o lugar dos deuses e da > natureza e por isso são onipotentes - ou melhor, acreditam-se onipotentes. > Penso que a mídia absorve esse aspecto metafísico das novas tecnologias, o > transforma em ideologia e se coloca a si mesma como poder criador de > realidade: o mundo é o que está na tela da televisão, do computador ou do > celular. A "crise aérea" a partir da encenação espetacularizada da > tragédia do acidente do avião da TAM é um caso exemplar de criação de > "realidade".

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