quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Confrontos em Buriticupu
Companheir@s:Chegávamos a Buriticupu exatamente no momento damanifestação, por volta das 18 horas de 16/8.O carro em que estávamos cruzou, na contra-mão da BR 222,com várias dezenas de motocicletas e mototáxis que, em altavelocidade, os faróis acesos, buzinas e gritosde motoristas e garupas, com garrafas de cerveja à mão,tomavam as duas pistas da estrada.Encostamos imediatamente, no posto de gasolina logo àentrada da cidade; uma das moças que atendem no restauranteme informava que "...essa greve é por causa do IBAMA, quevem aplicar multa e fechar madeireira em plena luz do dia!Imagine, seu moço!..."A mesma moça me explicou que após o confronto com os agentesdo IBAMA e a polícia, estes bateram em retirada em direção aSanta Inês, e foram perseguidos pela população na estrada.Confirmando a impressão que nos causou este primeirodepoimento, os demais que colhemos pelas ruas de Buriticupunos dias seguintes atestam a penetração e a capacidade demobilização dos madeireiros na região: conseguiramarregimentar e mobilizar muito rapidamente, além de boaparte dos pistoleiros e mototaxistas disponíveis, parteconsiderável da população urbana do município: segundocálculos da PM, cerca de 2.000 pessoas estiveram envolvidasna manifestação.A barreira na BR 222, formada inicialmente por pneus e pelacarregadeira de toras do IBAMA (que foi tomada e estacionadapelos manifestantes em meio aos pneus em chamas), erapermanentemente vigiada por homens armados, dispostos naprópria pista e no alto dos barrancos à beira da estrada,que eram constantemente munidos de rojões, cachaça, cerveja,e de mais pneus e toras para fortalecer a barricada. Durantetoda a noite do dia 16 e durante os dias 17 e 18, rojõeseram disparados para o ar a partir dos dois lados dabarricada, a intervalos de 40 segundos, aproximadamente.Rojões também eram disparados no chão da pista, ediretamente contra os que tentavam se aproximar da barricada.Segundo informações colhidas, vários caminhões-baú teriamsido saqueados pelos manifestantes.Este episódio reitera as perspectivas para as quais, desdedezembro de 2006, vimos procurando chamar atenção dasautoridades municipais, do estado e federais (incluso IBAMA):"...não há perspectivas de sucesso para ações repressivasisoladas (da parte da FUNAI, do IBAMA e/ou da PolíciaFederal) contra a ação das madeireiras e das carvoeiras, naregião: é indispensável que as ações repressivas sejamprecedidas e estejam articuladas a um amplo e massivoinvestimento de políticas públicas, voltado tanto àscomunidades da Terra Indígena Araribóia, quanto às detrabalhadores rurais dos arredores. Na situação de totaldesassistência por parte dos serviços e instituiçõespúblicas da região, os madeireiros e carvoeiros valem-seexatamente da prestação de pequenos – porém vitais –serviços a estas comunidades (transporte de água e ememergências de saúde, abertura e melhoria de picadas, entreoutros), para legitimar e mesmo tornar atrativos suapresença e atuação.Nesta perspectiva, entendemos e propomos que se proceda, emcaráter emergencial, uma ampla articulação entre asinstituições responsáveis pelas políticas públicas na regiãoe as instituições, entidades e movimentos sociais aliatuantes, com vistas a definir medidas emergenciais, e decurto, médio e longo prazos, para resgatar da miséria essascomunidades rurais e Guajajara, deter o processo dedevastação da Terra Indígena Araribóia e a iminente extinçãode seus grupos Guajá (como ocorrido em contatosanteriores)." (Mestrado em Saúde e Ambiente/UFMA, ofício de24/12/2006)István van Deursen VargaUFMA/Mestrado em Saúde e AmbienteANAÍ-MA
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