Passa absolutamente desapercebida a demissão do jornalista Henrique Bóis, do jornal O Imparcial. Os arautos da imprensa livre ficaram supreendentemente calados diante do fato, que, na melhor das hipóteses, retrataria uma ameaça à chamada imprensa livre.
Bóis, segundo relata no facebook, foi demitido por se recusar a publicar matéria de interesse do grupo Sarney, contra o deputado federal, Domingos Dutra. Tratava-se de denúncia envolvendo um conflito trabalhista entre o Deputado e uma ex-funcionária. O fato veio à tona exatamente no momento em que, por sua iniciativa, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara passou a criticar o andamento das investigações, envolvendo a morte do jornalista Décio Sá.
Vários jornalistas opinaram no sentido de que a denúncia contra Dutra nada mais seria do que matéria requentada, para desviar a atenção dos questionamentos feitos pelo deputado, depois da visita da CDH ao Maranhão. Bóis, preferiu divulgar a nota do deputado sobre o assunto. Por isso, teria sido demitido.
Ao contrário do que se sucedeu com a morte de Décio - onde a liberdade de imprensa fora invocada tresloucadamente - nesse, caso, Bóis, que também é jornalista, se viu completamente abandonado, inclusive pelo seu combativo e providencial sindicato corporativo.
Alguém poderia ao menos desconfiar porque o espírito de corpo dos jornalistas no Maranhão funciona muito bem para uns e para outros não. Por muito menos do que isso já vimos notas de protestos e verdadeiras campanhas pela liberdade de imprensa, da livre expressão e do direito de informar e de ser informado, princípios caros à qualquer democracia.
A democracia não é uma determinada democracia (aquela que serve aos interesses de um determinado grupo político), assim como a liberdade de imprensa, ou de opinião, também não são direitos condicionados à interpretações restritas de grupos de interesses. Se Bóis não é digno de uma pequena lembrança de seus pares - que, em outras ocasiões se mostraram tão dedicados à defesa do jornalismo - alguma coisa nos faz concluir que essa indignação não passava de uma grande hipocrisia remunerada.
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