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"Outros tribunais me convidam para proferir palestras. O meu manda descontar do meu subsídio o valor correspondente ao dia em que estive propagando a nova cultura jurídica eleitoral que tenho a honra de haver ajudado a instituir numa luta histórica, lamenta Márlon Reis.
Em sua página no
Facebook, o Juiz de Direito Márlon Reis lamentou que o Tribunal de Justiça do
Maranhão tenha descontado de seu salário os dias em que esteve ausente da sua
Comarca (João Lisboa-MA) em viagem pelo país e até fora dele, dando palestras
sobre a Lei da Ficha Limpa e lançamento de seu Livro, "Direito Eleitoral
Brasileiro" e promete não ficar de braços cruzados, afinal estava realizando
um boa causa. Marlon também prometeu fazer uma coisa que vai ser como mexer num
vespeiro: solicitar informações sobre
todos os pedidos de afastamentos formulados por desembargadores e juízes e a
forma como o tema foi tratado pela Corregedoria Geral de Justiça -CGJ-MA.
"Quero
ver se magistrados que foram assistir, em lugar de proferir palestras, tiveram
que privar suas famílias de parte do único dinheiro com que as sustentam. Isso
para não falar em viagens por motivos menos nobres", disse.
Leia abaixo
na íntegra o desabafo do magistrado em sua página no
Facebook:
Tribunal
do Maranhão manda descontar meu salário por proferir palestra e divulgar meu
livro.
Tive
ciência agora de uma notícia grave.
O
Tribunal decidiu descontar dos meus subsídios os dias em que estive afastado,
com prévia comunicação oficial, para lançar meu livro em Brasília e em evento
dedicado ao Ministério Público Estadual do Maranhão.
Meu
trabalho na Comarca está completamente em dia. Nossa avaliação, segundo o próprio
Tribunal de Justiça, é excelente em termos de operosidade. No último mês minha
produtividade alcançou mais de 330%. Temos a menor taxa de congestionamento e a
maior produtividade no nosso grupo, como registrei aqui, feliz, nos últimos
dias.
Não comprometo meu trabalho com minha atividade
social.
Quando percebi que o número de convites para palestras
se tornou inconciliável com as minhas atividades, não tive dúvida de fazer uso
das minhas férias para viajar o país propagando a cultura jurídica instituída
pela Lei da Ficha Limpa.
Agora meu afastamento da comarca, com prévia
comunicação, para realizar um ato de natureza acadêmica e jurídica - palestra
seguida de lançamento de livro - foi tratado pela Corregedoria como uma falta, a
demandar o desconto dos meus vencimentos.
O tema foi considerado de meu interesse
particular.
Assim como defendo que as pessoas lutem por seus
direitos, não devo descuidar dos meus. Amanhã cedo solicitarei informações sobre
todos os pedidos de afastamento formulados por desembargadores e juízes e a
forma como o tema foi tratado pela CGJ-MA. Quero ver se magistrados que foram
assistir, em lugar de proferir palestras, tiveram que privar suas famílias de
parte do único dinheiro com que as sustentam. Isso para não falar em viagens por
motivos menos nobres.
Outros tribunais me convidam para proferir palestras. O
meu manda descontar do meu subsídio o valor correspondente ao dia em que estive
propagando a nova cultura jurídica eleitoral que tenho a honra de haver ajudado
a instituir numa luta histórica.
Isso não me desestimula. Não vai me
esmorecer.
Quero saber se o Conselho Nacional de Justiça pensa o
mesmo".
http://www.itevaldo.com/2012/05/a-corregedoria-de-justica-e-o-desconto-seletivo-de-subsidios/), no dia 15/05/2012:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Ainda na noite dessa terça-feira (15), o corregedor-geral da Justiça, desembargador Cleones Carvalho Cunha, tomou conhecimento do texto publicado pelo juiz Márlon Reis, no Facebook, no qual discorre sobre descontos em seu salário durante viagem para proferir palestra e lançar seu livro.O corregedor-geral afirma que houve, de fato, determinação para os descontos por entender que se tratava de compromisso pessoal e particular. Em seu requerimento, o juiz Márlon Reis pede liberação para “promover lançamento do meu livro”, sem mencionar palestra.
Diante do texto publicado pelo magistrado, o desembargador Cleones Cunha reviu o pedido e contatou com o juiz Márlon Reis por telefone. Na conversa, o magistrado detalhou que as ações de promoção citadas no requerimento incluíram palestra e lançamento do livro.
O corregedor-geral Cleones Cunha determinou a revisão do despacho, ressaltando que nenhum juiz têm descontos em salário para proferir palestra ou participar de eventos acadêmicos.
Assessoria de Comunicação da CGJ
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