quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Caso de estudante morto por PM no Maiobão tem 1ª audiência


http://www.jornalpequeno.com.br/2012/2/27/caso-de-estudante-morto-por-pm-no-maiobao-tem-1a-audiencia-188681.htm

Geral

27 de fevereiro de 2012 às 17:04
POR JULLY CAMILO

Aconteceu na manhã de hoje (27), no Fórum Tácito Caldas, em Paço do Lumiar, a primeira audiência referente ao assassinato do estudante Tárcio Kaique Pereira Pires, de 18 anos, que morreu em 9 de dezembro de 2010, depois de ser baleado dias antes (27 de novembro) pelo policial militar Sandro Morett Furtado de Oliveira, lotado no 9° Batalhão da Polícia Militar. Foram ouvidos hoje o PM – que continua trabalhando normalmente no 9º BPM – e dois amigos de Tárcio – Edson e Amanda –, que estavam com ele na noite do crime. Familiares e amigos do estudante, e advogados das partes compareceram à audiência, conduzida pela juíza da 2ª Vara de Paço do Lumiar, Vanessa Clementino, que não permitiu a presença da imprensa durante o procedimento. O acusado chegou acompanhado por vários homens, que, segundo parentes da vítima, eram policiais militares. Os “seguranças” de Sandro Morett não deixaram ninguém se aproximar dele nem fazer fotos. Um dos colegas do estudante, de nome Geovane – que também deveria depor hoje – não compareceu. Uma nova audiência sobre o caso foi marcada para o dia 3 de abril próximo.
Foto: Alessandro Silva
O pai da vítima, Ivaldo Magno, esteve presente no Fórum de Paço do Lumiar
Segundo o pai do estudante, o vendedor Ivaldo Magno Pires, 46 anos, o assassinato aconteceu no Viva do Conjunto do Maiobão. Ele disse que o PM Sandro teria passado com o carro – um Fiesta de cor preta e placa JHC-0403 –, por cima do pé de Tárcio Kaique, além de tê-lo atingindo também com o retrovisor.
“Meu filho nunca foi de confusão, mas ficou revoltado com a atitude do policial, que estava à paisana e não parou nem mesmo para saber se o Tárcio havia se machucado. O meu filho esbravejou e eles se desentenderam. Foi então que o policial retornou ao seu veículo, pegou pegar sua arma e deflagrou três tiros contra o Tárcio. Dois deles falharam e apenas um o atingiu no tronco, de lado. A bala perfurou o intestino, o que fez com que meu filho ficasse 12 dias na UTI do Socorrão 2, mas ele não resistiu”.
A irmã da vítima e também vendedora Talita Pereira Pires, 24, contou que o processo investigatório foi lento e cheio de falhas, uma vez que a família nunca tinha informações sobre o andamento do processo. Ela ressaltou que a família, e não a polícia, foi responsável pela identificação do acusado e do carro que ele utilizava no momento do crime.
“No dia do assassinato, o PM estava na companhia do cunhado – Paulo Salomão, que estudou comigo. Ambos residiam aqui em Paço. Depois, fomos atrás da placa do carro e descobrimos que ele pertencia à professora Eliane Bernadete Tonello, de Brasília, que teve o veículo roubado no estacionamento de uma faculdade particular da capital, em meados de junho do ano passado. O assassino disse ao delegado Arlindo Assunção, responsável pelo inquérito, que comprou o carro de outro PM, e que não sabia da procedência dele”, disse Talita.
De acordo com Ivaldo Pires, o acusado nunca foi afastado de suas funções no 9º BPM. Ivaldo disse que o Comando Geral da PM só soube do ocorrido um mês depois do fato, por meio da família da vítima.
“Paralelamente ao inquérito policial, foi aberta uma sindicância interna na PM, sendo que o resultado final ainda não foi proferido. Porém, o Sandro é réu confesso, uma vez que se apresentou na delegacia, confirmando que foi o autor do crime, e entregando a arma utilizada, bem como as chaves do carro. Porém, somente depois de um ano da morte do Tárcio Kaique, é que o acusado foi notificado. Queremos que o culpado seja punido criminalmente e expulso da corporação. O verdadeiro policial tem o dever de proteger cidadão e não matá-lo ou humilhá-lo. Antes de atirar, ele chamou meu filho de moleque e traficante”, afirmou o vendedor.
O policial Sandro Morett Furtado de Oliveira não quis se pronunciar à reportagem do JP.

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