quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Da cadeia, Beira-Mar lavou R$ 62 milhões


http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-network-de-fernandinho-beira-mar#more

Paula Sarapu
Uma verdadeira engenharia para lavar o dinheiro conquistado pelo tráfico de drogas no Rio de Janeiro foi desbaratada ontem pela polícia. Encabeçado pelo traficante Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que cumpre pena por tráfico de drogas e homicídio na Penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, o esquema envolvia empresas reais e fictícias fora do Rio e movimentou cerca de R$ 62 milhões apenas no ano passado, de acordo com o Núcleo de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro da polícia Civil carioca (NUCC-LD).
p>A operação ocorreu simultaneamente no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Minas Gerais, em Mato Grosso do Sul e no Paraná para cumprir 20 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão. Da cadeia, Fernandinho Beira-Mar orientava comparsas cariocas para depositar o dinheiro da venda do tráfico em conta de empresas reais e fictícias de outros estados.
Essas, por sua vez, ficavam com uma porcentagem do montante e o transferiam para contas movimentadas por traficantes. Maquiado, o dinheiro era usado para compra de drogas e armas (veja o quadro).
"Pessoas jurídicas falsas eram criadas, misturadas com pessoas jurídicas existentes e havia a pulverização do dinheiro. Os integrantes da quadrilha possuíam conhecimento do sistema financeiro", avaliou o delegado Flávio Porto, coordenador do NUCC-LD, ligado à polícia Civil carioca. Ao todo, 110 pessoas participavam do esquema, incluindo moradores do Complexo do Alemão que realizavam depósitos em agências bancárias. De acordo com Porto, só foram feitos os pedidos de prisão de membros da liderança do grupo. "Solicitamos a prisão daqueles que tinham controle do sistema", explicou. Até o fechamento desta edição, oito pessoas tinham sido presas.
Entre elas, dois jovens de classe de Belo Horizonte. Rodrigo Garcia Pessoa Lara, 27 anos, e Fábio Moreira Campos, 28, comandavam a empresa ReF Cobranças e Fomentos, que movimentou R$ 10,6 milhões entre 1° de março de 2010 e 6 de abril de 2010, resultado da soma de pequenos depósitos, de acordo com a polícia. O montante é o segundo maior comprovado no inquérito, perdendo apenas para o de Foz do Iguaçu, de R$ 10,7 milhões. A policiais, Rodrigo contou que foi convidado por um homem de Santa Catarina para abrir uma empresa que receberia dinheiro de brasileiros que moram no exterior e depositaria as quantias para familiares daqui. Rodrigo também afirmou que ganhava 0,25% de cada transação e que chegava a depositar diariamente aproximadamente R$ 200 mil em 300 a 400 depósitos diferentes. Em Mato Grosso do Sul, lojas de revenda de automóveis e lan houses participavam do esquema.
Investigação
O esquema de Beira-Mar começou a ser investigado após a ocupação policial no Complexo do Alemão, em novembro de 2010, quando agentes apreenderam comprovantes bancários, extratos de envio de fax e 14 retalhos de papel com manuscritos do traficante, onde ele dava ordens à quadrilha, falava sobre a compra de drogas e armas e explicava o processo de lavagem de dinheiro. Exames grafotécnicos comprovaram que a letra era mesmo de Beira-Mar. Os detidos vão responder pelos crimes de tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
PF apreende dinheiro falso
Uma torcida organizada de um grande time de futebol do Ceará, cujo nome não foi divulgado, estava sendo usada para distribuir dinheiro falso de uma quadrilha que movimentava pelo menos R$ 300 mil por mês com esse tipo de golpe. A polícia federal (PF) estima que os criminosos eram responsáveis por pelo menos 20% das moedas falsas espalhadas pelo país. O esquema foi descoberto em Fortaleza e resultou, ontem, na prisão de seis pessoas e na apreensão de R$ 40 mil falsos. As cédulas e moedas eram repassadas à torcida, que as utilizavam como troco na comercialização de seus produtos. (Edson Luiz)
A engenharia
Veja como funcionava o esquema comandado por Fernandinho Beira-Mar para lavar o dinheiro da venda de entorpecentes no Rio de Janeiro
» 1º Fernandinho Beira-Mar entregava bilhetes e repassava informações a pessoas cadastradas para visitá-lo na Penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte
» 2º No Rio de Janeiro, pessoas ligadas ao traficante recebiam as orientações, recolhiam o dinheiro adquirido com a venda de drogas e o depositavam em contas de empresas situadas em Foz do Iguaçu (PR), Belo Horizonte e Campo Grade
» 3º Para não levantar suspeita, os depósitos eram feitos em pequenas quantias por meio da internet e em agências da Penha, de Bonsucesso e de Inhaúma, todos bairros cariocas
» 4º As empresas ficavam com um percentual do valor depositado e fracionavam o restante em diversas outras contas, principalmente em agências em Foz do Iguaçu (PR)
» 5º Lavado, o dinheiro voltava para criminosos cariocas e era usado na compra de armas e drogas no exterior

Nenhum comentário: