terça-feira, 27 de dezembro de 2011

DOIS EITOS - Domingos Dutra







Até o último ano do curso de Direito, as minhas férias eram dedicadas a ajudar o meu pai na roça cortando madeira, encoivarando, plantando e dando a primeira capina no mês de fevereiro. Durante a capina, meu pai, Domingos Rosa, em sua sabedoria matuta, ensinava que, diante de um eito de mato bom e de outro ruim, deveríamos capinar primeiro o eito de mato bom, pois se começássemos pelo eito ruim, quando este terminasse, o eito bom teria ficado pior.

Na minha opinião, esta sabedoria lá do Saco das Almas, aplica-se à situação do ex-deputado Flavio Dino, em relação às eleições municipais de São Luís. Se eu fosse Flávio Dino, continuaria a roça eleitoral pelo eito bom, sendo candidato a prefeito da Capital. Muitas são as justificativas: em todas as pesquisas Dino aparece com possibilidades de vencer até no primeiro turno. Neste eito eleitoral bom, Flávio pode aglutinar o PP, PSB, PPS, parte do PT e até quem sabe o PDT. Neste eito bom, Lula, a Presidenta Dilma e o PT Nacional poderão descontar parcialmente os pecados que cometeram no pleito de 2010 ao empurrarem parte do PT para o curral da oligarquia. Capinando bem este eito bom, Flavio amplia as possibilidade de se equipar com foices, machados, cavador, facão colins e até com patrulhas para o enfrentamento do eito ruim de 2014. Se não for possível enfrentar o eito de 2014, aduba-se a terra e molha-se as plantas, de tal forma que em 2018, com o milho pendoando, o feijão bajeando e o maxixe maduro se pode partir com segurança para capinar e vencer qualquer tipo de eito.

Não capinar o eito eleitoral bom de 2012 pode ser um equivoco que poderá resultar na ausência até mesmo de um facão cego ou um enxada enferrujada para se capinar o eito ruim de 2014. Na dinâmica política não existe espaço vazio. As ações da Embratur não impactam a política do Maranhão. A lógica de se ocupar espaço na metrópole para comandar a “colônia” ao estilo do Futi, não vale para Flávio Dino, pois os tempos são outros e o espaço político ocupado não tem tanta importância. Se Flavio Dino desistir de capinar o eito bom de 2012, estimulará capineiros que lhe apoiaram nas eleições de 2010 como Liziane Gama(PPS), Tadeu Palácio(PP) e Bira do Pindaré(PT), fragmentando a unidade da oposição; facilitando a vitória do atual prefeito, com agravante de não poder optar por nenhuma destas candidaturas, sob pena de deixar graves sequelas para o futuro. Por outro lado, omitindo-se no pleito de 2012 em São Luís, especialmente em um eventual segundo turno entre o Prefeito João Castelo e o candidato da oligarquia, Flavio Dino estará renunciando o capital político acumulado em 2010.

Em 2014 o eito eleitoral será ruim, cheio de cansanção branco, urtiga, unha de gato e muita cascavel, principalmente se a oligarquia se unir em torno do Ministro Edson Lobão. O Rei Mono da Somália (não me processe Ministro, é brincadeira, foi Benedito Terceiro que colocou este apelido) é habilidoso e tem grande poder de articulação com a chamada classe política do Estado e do País. A família Lobão tem cofres suficientes para bancar uma campanha sem precisar passar a cuia junto ao poder econômico. O Ministro Lobão está sentado em uma mina de ouro que lhe possibilita arrecadar milhões para a campanha eleitoral. Lobão tem íntima relação com Dilma, sendo lógico ter o apoio da primeira Presidente do País. Por outro lado, como José Sadam vive cheirando a Cueca do Lula, é possível que o ex–presidente seja novamente o Jô Soares do programa eleitoral da oligarquia, com efeitos devastadores na campanha.

O Maranhão vive situação única no Brasil: a completa ausência de governo e de oposição organizada. Assim, Flavio Dino deveria capinar o eito bom de 2012, sob pena de jogar fora no mato ruim o patrimônio da esquerda maranhense, órfão de lideranças, especialmente após o falecimento do Dr. Jackson Lago. É obvio que esta é uma simples e intrometida opinião. Cabe ao Dr. Flavio Dino escolher qual dos eitos capina primeiro.

Texto de Domingos Dutra, Advogado e Deputado Federal.

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