quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Sobre túneis e armas

Algo que não se consegue compreender é como funciona internamente o  presídio maranhense. Sempre questionei como tantas mortes ocorrem, sem que o sistema intervenha. Moradores dos arredores de Pedrinhas, por exemplo, relatam os gritos, os pedidos de socorro, nos momentos que antecederam várias mortes. Se nos arredores do Complexo de Pedrinhas é possível ouvir, é claro que dentro da unidade prisional se ouve. Por que o sistema não age, é a pergunta.
Outra perplexidade consiste na confecção dos túneis. É um trabalho difícil, porque exige não apenas tempo, mas também a capacidade de esconder grande quantidade de terra, em celas minúsculas. O último túnel descoberto, por exemplo, tinha cerca de quinze metros de profundidade. Verdadeira obras de engenharia já foram encontradas, contando até com sistema de iluminação. Como é possível isso acontecer, sem que ninguém perceba?
Ao lado disso, chama a atenção a grande quantidade de celulares. Eles continuam entrando, apesar do bloqueador. Será que o bloqueador é realmente eficiente? 
Depois vem as armas. As artesanais exigem também tempo, para confecção. Na última rebelião, fala-se em quatro armas, de fogo. Como são introduzidas? As revistas são tão constrangedoras para os familiares de presos, incluindo não apenas a manipulação nos corpos das pessoas, mas também nos alimentos. É praticamente impossível entrar com uma arma de fogo, a não ser que haja corrupção pelo meio.
Todas essas questões denunciam que as celas não são revistadas sistematicamente. Sebastião Uchôa, secretário da pasta, chegou a dizer que a Cadet (onde ocorreu o massacre do dia 09) não tinha passado por nenhuma revista, pasmem, nos últimos cinco anos.
É preciso saber, então, porque e por quais dificuldades os presídios não passam por revistas sistemáticas, se elas poderiam prevenir tudo isso que está acontecendo hoje. A revista cotidiana das celas inviabiliza não apenas os planos de fuga, como também torna impossível o "mercado", das drogas e armas dentro dos presídios. Isso interessa ao sistema?

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