segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Encontro da Resistência Petista

Ocorreu no dia 16 de junho o encontro da chamada "resistência petista", confederação de agrupamentos do PT, que se opõem à aliança com o grupo Sarney.
Do encontro resultou uma resolução política, nada esclarecedora quanto às eleições do principal colegiado do Estado, São Luís. O documento é apenas uma prova de que o eleitorado de esquerda encontra-se órfão, na Capital. Haroldo Saboia (Psol/PCB) poderá ser o herdeiro natural desse patrimônio eleitoral. 
A resolução fala em manutenção da tradição petista e proclama o fim do domínio oligárquico. O grupo tenta conciliar a defesa do governo Dilma com o apoio integral aos movimentos sociais, uma equação quase impossível de se realizar nos últimos tempos.
Defende também a aproximação do PT com o campo democrático e popular e, por incrível que pareça: rechaça as alianças eleitorais com a oligarquia e com a direita conservadora, principalmente em São Luís.
O grande problema é que o grupo agora vai para clandestinidade dentro do seu próprio partido. Não consegue vencer a disputa interna contra o grupo que apóia o Governo Roseana e suas principais lideranças não vão poder fazer campanha aberta contra a candidatura de Whashington Luiz.
Fosse apenas este o problema, já seria suficiente para a revoada. A alternativa para o qual o grupo foi encaminhado também não satisfaz: Edvaldo Holanda Júnior.
Edvaldo pode até monopolizar votos por indução dos dirigentes do PCdoB, uma sigla com maior tradição de flexibilidade tática, embora se acredite menos que haverá transferência de votos do eleitorado de Flávio Dino, um espectro político bem mais amplo, com expectativa da política independente da orientação da burocracia partidária.
A base partidária de Bira é um pouco diferente. Não é à toa que invoca a tradição petista, menos suscetível à concessões táticas.
Em compensação, o eleitorado de Bira também pouco difere do eleitorado de Flávio. Na maior parte, constituem o mesmo bloco de cidadania crítica.
Em suma, por mais que Bira e Flávio apregoem o voto em Edvaldo Holanda Júnior, a tendência do barco é fazer água, junto a esse eleitorado a que me refiro - só para restringir a análise ao comportamento do eleitorado.
Isto tudo com sérios riscos de comprometimento do segundo round da luta, que é 2014.
O resumo da ópera significa fazer a releitura da última experiência fracassada das oposições: se é para votar na direita, deixa como estar. Para romper com o patrimonialismo, é necessário refazer outra perspectiva de esquerda.
Leia a resolução da resistência petista:


Militantes, parlamentares, pré-candidatos/as e dirigentes municipais e estaduais do PT, integrantes das tendências políticas abaixo apontadas, reunidos no Encontro Estadual da Resistência Petista, que discutiu a Conjuntura Politica e as eleições 2012, no Auditório do SESIR/Fetaema em São Luís -MA, resolveram livremente:
1. Intensificar os esforços pela manutenção do PT do Maranhão fiel à sua tradição de luta por um estado verdadeiramente democrático, tendo como foco principal a defesa dos interesses da maioria de sua população e o consequente fim do modelo oligárquico de dominação política.

2. Prosseguir a luta pela independência e soberania do partido, em relação ao grupo que domina o Estado há quase 50 anos.
3. Defender o governo Dilma e a construção de um programa de desenvolvimento para o Maranhão de superação da pobreza e da miséria, que respeite o meio ambiente e os direitos humanos, em conjunto com forças políticas e sociais democrático-populares e de esquerda, visando à construção de um bloco histórico como base para a disputa de poder no estado e fortalecendo nossas lideranças em pontos estratégicos do estado.
4. Denunciar as violações sofridas pela população maranhense, especialmente nesse momento quando se constata a volta da pistolagem, da grilagem, dos crimes ambientais e o elevado índice de conflitos fundiários em áreas urbanas e rurais.
5. Dar integral apoio e fortalecimento aos movimentos sociais, populares, juventudes e ao movimento sindical que lutam pela superação deste modelo de sociedade e pela melhoria da qualidade de vida do povo maranhense, especialmente aqueles que representam legitimamente os mais pobres.
6. Defender a reaproximação do Partido ao campo democrático e popular, organizado-o para o próximo embate eleitoral, com ênfase na formação de fortes bancadas de vereadores/as e prefeitos/as, em alianças consistentes, visando acumular força para as eleições de 2014 e futuras. Para tanto anuncia alguns pré-candidatos/as a prefeitos já confirmados para discussão nas instâncias do Partido relacionados a seguir: Adalberto Franklin – Imperatriz, Antonio Soares –Barra do Corda, Balbina – Paço do Lumiar, Carlos Reis – Pastos Bons, Domingas – Carutapera, Genilson Alves – São Mateus, Manoelzinho – Estreito, Padre Vale – Barreirinhas, Professor Nonato – Olho Dagua das Cunhãs, Vicentina – Viana.
7. Rechaçar as alianças eleitorais com a oligarquia e a direita conservadora, principalmente em São Luís/MA.
8. Estimular a formação e o debate político interno, democrático, socialista e a organização pela base em todo território maranhense.
9. Fortalecer a Resistência Petista, que se constitui enquanto movimento interno do Partido dos Trabalhadores, integrando todos os militantes e lideranças, de todas as forças políticas internas, que continuam acreditando, sonhando e lutando pelos objetivos acima expostos.
10. Referendar como coordenação deste Campo Político um coletivo com participação de no mínimo um representante por força política.
São Luís, 16 de junho de 2012.

Assinam
Militância Socialista, Mensagem ao Partido, DS, Articulação de Esquerda, Movimento PT, Coletivo Rebuliço, Reage PT e independentes.

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