O deputado estadual, Raimundo Cutrim, subiu hoje à tribuna da Assembléia Legislativa para detonar seu principal desafeto político, o Secretário de Segurança, Aluísio Mendes. O tom raivoso do discurso não disfarçava a emoção do ódio. No jogo, fez certo. O seu silêncio já transparecia confissão de culpa.
Poucas vezes se viu o deputado vociferando indignado. Cutrim, como típico baixadeiro, raramente altera o tom de voz. Talvez por disfarce, geralmente é polido com seus adversários.
Hoje não. Cutrim não apenas criticou Aluísio Mendes, como já há algum tempo vinha fazendo. Ele simplesmente desancou o Secretário de Estado do governo que apóia. Alguma consequência colherá, sem dúvida, no meio político em que sobrevive, tal a virulência das palavras que utilizou na tribuna hoje.
Para quem acredita em Cutrim, o discurso foi necessário e já veio tarde. Foi apenas contundente, para demonstrar a indignação dos injustiçados. Nunca jamais fora atacado com essa gravidade. De delegado federal com um currículo invejável no combate ao crime organizado, passou a acusado de integrar uma organização criminosa. Não havia escolha para Cutrim.
Sarney vai perdoar. Também já foi acusado na arena política. Certamente já passou por angústias parecidas. Resta saber se Aluísio vai engolir tudo quietinho e fazer parte do jogo de cena. Qual é o jogo? Todo mundo já percebeu: uma disputa pela hegemonia do poder no seio da oligarquia. Roseana já encenou o script dela, reafirmando a confiança no seu ex-Secretário de Segurança. Sarney já disse para Aluísio não responder. Os outros estão fazendo cara de paisagem.
Talvez verdadeiramente essa disputa tenha matado Décio...
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