sábado, 2 de junho de 2012

Lula, Gilmar e Jobim

É até engraçado a forma como os simpatizantes de um e outro justificam o encontro e o assunto abordado, a partir de uma suposta indignação do Ministro do STF, que acusa o ex-presidente da República de assédio, por conta do julgamento do mensalão.
Partindo do raciocínio do papel que cada um dos personagens assume diante da República, é de se indagar do que efetivamente sabem, sobre os dois fatos políticos mais desconcertantes para as instituições, após a abertura democrática, depois da queda de Collor.
A posição das peças no tabuleiro descarta o acaso. São jogadores experientes, no submundo do jogo político, que sustenta o alicerce carcomido das instituições. Dizem, o poder tem dessas coisas.
Mas, para qualquer cidadão de mente saudável, sobra conclusões quanto à reunião da troica.
Por que um Ministro do STF aceitaria um convite para uma reunião num escritório de advocacia (de um advogado, ex-Ministro do STF e postulante contumaz junto à Corte)? Convenhamos que o lugar foi inadequado, a indicar que o assunto tratado mereceria um sigilo nada republicano.
Com certeza, o Ministro Gilmar aceitou o convite não apenas por viver num mundo onde o Poder Judiciário já está acostumado a manter este tipo de relações questionáveis (tipo caronas de avião e outras bajulices das elites econômicas). Havia nele próprio, algum interesse ou curiosidade no assunto, impróprias para um Ministro do STF.
 Se houve a reunião, não era reunião de trabalho, por certo. Ali não estavam três figuras proeminentes da República, mas, principalmente, três amigos. Inimigos não se reúnem, para conversas informais. Amizades, diríamos, forjadas na troca de favores entre instituições, permitidas, senão incentivadas por esse modelo de funcionamento das instituições (que beira à promiscuidade).
Conversa informal não tem pauta prévia. Pode ser sobre qualquer assunto. Portanto, quem aceita o convite e depois reclama do assunto, deixa de ter razão. Magistrado aprende isso logo no início da carreira.
Isso não quer dizer que o conteúdo do assunto seja limpo. Mensalão sempre vai ser sinônimo de sujeira política. Cachoeira também. Considerando-se que o partido de Lula está atolado até o pescoço nos dois casos, era possível antecipar o assunto da reunião.
Depois vem o que é mais constrangedor. A reunião revela como as grandes decisões são tomados, sem o conhecimento da opinião pública. Ou melhor, aponta como determinadas pessoas podem ser condenadas ou absolvidas pelo Poder Judiciário. Diria mais, sugere como os destinos do país são conduzidos.
Numa rápida retrospectiva, o eleitor se sente mais palhaço do que já é. Ele é chamado a decidir o jogo, mas as peças já estão estrategicamente posicionadas no tabuleiro, à sua revelia.




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