Nem precisaria que um simples advogado, sem nenhuma pretensão jornalística, discordasse do endeusamento da figura de Décio Sá, brutalmente assassinado recentemente.
Vários jornalistas - com execeção dos herdeiros do espólio de Décio - manifestaram-se também a respeito do jornalismo truculento, de baixo nível, que prolifera hoje especialmente na blogosfera maranhense.
Eles agora ressucitaram um espírito de corpo muito mais virulento do que aquele que deveriam combater, em vários segmentos poucos afetos à democracia e à transparência, para exigir a punição pelo crime bárbaro que vitimou o colega de profissão.
O fim parecer querer justificar o meio - mas não justifica. É um tiro que sai pela culatra, porque desperta o sentimento de que a imprensa livre deve ser co-irmã da imprensa ética, como de fato é. A imprensa livre não tem patrão, nem partido. É compromissária da verdade, por isso, ferramenta da democracia.
Calar a voz dos que discordam - justamente dos métodos truculentos e de baixo nível - não é e nunca foi expressão de imprensa livre. Pelo contrário. Retrata o quão gorila esse padrão de jornalismo está sendo.
Menos do que puxa-sacos Décio talvez reclame justiça. Muitos dos que cantavam o hino nacional ao lado do seu caixão sequer mantinha relações éticas com o defunto. Mas agora reclamam o lugar de defensor inconteste do morto, depurado de todos os seus defeitos na tragédia.
Tentam deturpar minha opinião, mas são vítimas do seu próprio baixo nível intelectual. Imagino que se utilizasse a expressão "imprensa marrom" mas fortemente seria acusado de racista. Logo eu, que tanto me debati, lutando em defesa de direitos de negros e negras, contra este tipo de jornalismo, sempre alinhado aos interesses de latifundiários ou operadores de segurança pública, defendido pelo mesmo grupo político.
Chego, exatamente agora, meia-noite, de um périplo, envolvendo vários municípios (Santa Inês, Monção, Chapadinha e Codó), para defender pobres - a maioria negros -, vítimas de um modelo de sociedade racista, causado por governos omissos, defendidos por jornalistas truculentos.
Notas não trarão justiça e punição aos assassinos. Fui a favor de uma nota da OAB-MA, não para fazer confusão entre subjornalismo e imprensa livre, mas para falar sobre a necessidade de combate aos crimes de pistolagem no Estado, praga que nos assola e da qual nunca nos livramos.
É puro oportunismo agora eleger Décio vítima de racismo, no contexto de uma frase que traduz claramente truculência. Nada mais do que isto. Pensar o contrário é ser realmente gorila.
Tentar intimidar vozes discordantes é gorilagem. Tenta silenciar o direito de opinião - que é irmão gêmeo da imprensa livre - também é gorilagem.
Melancólica província...
21 comentários:
Dr Pedroza, Sou Policial Militar e defensor dos Direitos Humanos, com varios cursos na area, mas, seu Comentario "Gorilas Diplomados" foi infeliz; lia todos os dias o Blog do Decio Sá, embora nao concordasse com alguns de seus posicionamentos. Sabes perfeitamente, que o crime de encomenta é hediondo e com todo crime dessa natureza, merece repuça da sociedade; no assassinato do Deceio, nao teve so ele como vitima, mas, a sociedade e o Estado. Qualquer que seja o resultado das investigaçoes, com a identificação dos mandantes e ezecutores, alem da motivaçao do crime, a vitima nao merecia um fim daquela maneira, pois, somente quem dá a vida, tem o direito de tirá-la.
Mas você não discorda de mim, nesse ponto. Concordo plenamente com a punição exemplar a criminosos desse tipo também.
Mais que lamentável, é inaceitável esse tipo de posicionamento de quem esperamos agir na defesa pelos direitos humanos. Foi ódio semelhante a esse, nutrido por muitos, que assassinou Décio Sá. É o momento de reconhecer que a colocação foi infeliz, desnecessária e cruel e pedir desculpas. Isso é o mínimo senhor Pedrosa.
Ronaldo Rocha, jornalista, ou para você, 'gorila diplomado'.
Feliz texto. Parabéns pela expressão clara e precisa do que é vir a ser um jornalismo sério, pautado na ética, compromisso e respeito. Foi assim que aprendi ao longo dos anos que passei pela Escola e pela vida. Infelizmente, este é o nosso Maranhão! Onde 'qualquer' uma prática pode ser considerada normal e corriqueira, desde que não incomode àqueles que mandam no 'Estado'.
Pedrosa, boa tarde. Estou de acordo com a sua postagem em relação ao jornalista Décio Sá.Covardemente e brutalmente assassinado, sem dúvida. Contudo, não poderemos, agora, "eleger" o Décio como o paladino da liberdade de imprensa. Décio, de forma deliberada, feriu de morte reputação de muita gente. Adjetivava de forma violenta e descabida desafetos, quase sempre interessado em agradar a "terceiros" Finalizando, bom lembrar como o Décio referia-se ao nobre Deputado Domingos Dutra.Carlos Antonio Sousa, advogado.
Perfeito dr. Pedrosa! Parabéns pelo texto brilhante e coerente.
Perfeito dr. Pedrosa! Parabéns pelo texto brilhante e coerente.
Concordo plenamente com dr. pedrosa,sou estudante de jornalismo,e também não considero esse tipo de jornalismo legal,mas oque realmente me impressiona,que me desculpem meus colegas,é o fato de que a imprensa defende a liberdade de expressão e o direito de opinar livremente,porém,já percebi que sempre que os jornalistas são criticados,reajem negativamente.sinceramente,não é SÓ a imprensa que tem o direito de falar sobre tudo.e também defendo o fato de que principalmente por sermos jornalistas,deveriamos saber lidar com isso. não vi nada demais nesse post, apenas uma opinião pessoal,não tem porque de tamanho sensacionalismo por parte da tv mirante isso é ridículo!!!!!!!
Parabéns! Sua exposição é lúcida e realista. Concordo com cada palavra dita. Não suporto esse tipo de sensacionalismo que está acontecendo em volta desse episódio.
Apoio total ao seu direito de opinar, que aliás, é livre, igualmente aos demais.
Ana
Pedrosa, Eu não acompanhava o blog do Décio, pois sempre achei tendencioso e sem limites. Nada justifica esse crime, foi realmente brutal, mas o mesmo empenho das autoridades deveria ser dado ao jr. do Mojó e o Elias, mandantes do assassinado do empresário Marggion. Digo, se os mandantes da morte do Sá forem políticos oi influentes, vai ficar por isso mesmo! É isso, velha província!!!
Caro Pedrosa! Sou Jornalista e concordo que a morte do Décio Sá mereça uma investigação exemplar e que os culpados sejam punidos, assim como espera também toda a sociedade maranhense! Entretanto, concordo com você que nem tudo que lemos na blogosfera do nosso estado, pode ser chamado de Jornalismo (no sentido ético que a profissão exige). Portanto, temos que exigir punição dos culpados da morte do Décio, mas não podemos usar o caso para "endeusar" certas práticas jornalísticas "truculentas" (como bem é definido por você)!
Diante de tamanha repercussao ao seu comentario Sr. Pedrosa, gostaria de congratula-los pelas suas palavras. Poucos tem tal discernimento da verdade. Com todo respeito a memoria do Sr.Decio, como um cidadao, quero dizer que nao era um exemplo com o tipo de jornalismo que fazia. Nao pelo fato das denuncias, mas pelo escolha dos denunciados!!
Provavelmente o Sargento Brito não conseguiu interpretar corretamente o texto ou, se conseguiu, fez vista grossa e resolveu fazer um comentário tão tendencioso quanto a reportagem transmitida hoje pelo Jornal da Mirante. O texto expõe claramente duas idéias do autor. Primeiro ele é totalmente contra o crime de pistolagem. Desafio qualquer um a selecionar um trecho do texto em que o autor demonstre satisfação ou mesmo indiferença com o bárbaro crime acontecido com o Décio Sá. O autor critica pura e simplesmente o tipo de jornalismo exercido pelo Décio, qual seja um jornalismo atrelado a partido ou grupo político, e que neste caso trata-se do grupo Sarney, dono da TV Mirante e do Jornal O Estado do Maranhão, para o qual o Décio trabalhava. Em vez da tendenciosa crítica ao termo "gorilas diplomados" eu prefiro ficar com o elogio a feliz sentença: "A imprensa livre não tem patrão, nem partido. É compromissária da verdade, por isso, ferramenta da democracia."
Ronaldo Rocha,
Não sei se você é um gorila diplomado, realmente. Vai ver que é mesmo.
Só quem acompanhava o Blog do Décio e lia com muita atenção via que ele sempre colocava em seus comentários expressões pesadas e até as vezes de tom baixo contra aqueles que não faziam parte do grupo mandante no Maranhão. O crime deve ser elucidado sim, no entanto não podemos o transformar no santo do jornalismo pois de santo Decio Sa não tinha nada. Jornalismo é uma coisa, falar mal, ridicularisar, sem direito de defesa outras pessoas é outra. Plinio Leal
Acredido que o crime deve ser punido. Agora vamos ser realistas e sinceros. Décio Sá não fazia um jornalismo imparcial. Ele comentava, ridicularizava, e falava mal até com tons de agrssividade aqueles que não faziam parte do grupo a qual ele defendia e sem direito a defesa. Jornalismo não é isso. Não vamos canonizar o Santo padroeiro dos jornalistas que não é bem por ai.
Sem entrar no mérito da execução do Décio Sá, é engraçado como o pessoal da oligarquia Sarney reage a certas críticas. Entendi muito bem que o sr. quando disse "gorila" se referiu a "truculência", como nos velhos tempos da ditadura no Brasil em que os cubanos se referiam aos militares como "gorilas". E durante 4 anos a oligarquia não chamou o governador Nunes Freire de "macaco"? Agora ninguem se lembra disso.
Muito bom Pedrosa, muito bom!
TODOS NOS SABEMOS O CERTO E O ERRADO,ENTÃO ESTE (.........) SABIA O QUE EATAVA FASENDO,QUEM CAÇA ACHA,A IMPRENSA TEM QUE NOTICIAR NÃO INVENTAR FOFOCAS.
Mais que lamentável, é inaceitável esse tipo de posicionamento de quem esperamos agir na defesa É o momento de reconhecer que a colocação foi infeliz, desnecessária e cruel e pedir desculpas. Isso é o mínimo senhor Pedrosa.
Ronaldo Rocha, jornalista, ou para você, 'gorila diplomado'.
Ronaldo Rocha,
Eu tenho opinião diferente da sua, simplesmente. A expressão foi utilizada para abrir o debate necessário acerca de um paradigma de jornalismo. Outros jornalistas utilizaram expressão mais forte para designar essa prática jornalística, que, por ser violenta, atrai para si a violência. Nesses casos, não vi nenhum clamor de seus colegas.
No mais, recomendo ler o post com mais atenção, visto que não generalizo a crítica, o que, mesmo assim, não impede que alguns vistam a carapuça.
Gostariamos de nos solidarizar com o Dr. Luis Antônio Pedrosa. É público e notório a sua atuação e posicionamento na defesa dos menos favorecidos bem como na defesa intransigente dos direitos humanos. Nesta mesma linha de raciocínio e de igual modo, o jornalista Décio Sá, quando em vida, se atrelava em defesa dos interesses dos ricos e poderosos de nosso Estado, traindo um dos princípios e alicerces do Jornalismo sério e ético, que é a IMPARCIALIDADE. Att. Donaldson dos Santos Castro adv., João Hermenegildo Melo Mota e João Manoel Azevedo Castro.
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