sexta-feira, 23 de março de 2012

Thor - pelos poderes de Odin ou de Eike Batista

O assunto de mais uma morte em acidente de trânsito não deveria normalmente ocupar tanto espaço na mídia. Afinal, as estatísticas dizem que a cada 40 minutos morre alguém nas rodovias brasileiras. O tema certamente seria mais interessante se o motorista tivesse sido flagrado embriagado. Daria para fazer reflexões sobre o crime doloso no trânsito e as mais recentes decisões judiciais a respeito. Também não foi por aí. Segundo as notícias, o motorista, bem orientado, fez a prova do bafômetro e não teria bebido.
O que chama a atenção é o sobrenome do motorista. É simplesmente Thor, filho do bilionário Eike Batista. Pensei no preconceito às avessas da mídia. No fato de um acidente de trânsito conter probabilidades de fatalidade também, tanto para ricos como para pobres. Pensei no sensacionalismo da mídia, que tende a explorar aspectos dramáticos da vida dos ricos. Rico, pelo simples fato de ser rico, já é notícia.
Wanderson foi a vítima, que tombou morta no asfalto. Não por acaso os pobres querem os nomes dos ricos. Somente aí Waderson se parece com Thor. No estrangeirismo do nome. Wanderson da bike e Thor da Mercedes.  Talvez um desejo oculto por igualdade.
Tudo caminhava bem para a nobre família. Uma avalanche de advogados e seguranças. Um advogado figurão, ex-Ministro da Justiça. Promessas de assistência à família da vítima. Exame de bafômetro beleza. O rosto bonito e o corpo malhado de Thor na TV. O anúncio do prejuízo do carrão de quase 3 milhões de reais. Legal.
Mas um jornalista inoportuno trouxe a centelha da desconfiança. Divulgou que o Thorzinho tinha mais de 50 pontos na carteirinha de motorista. Só no período probatório, as multas deveriam ter cassado a sua carteirinha.  
E o que pior, agora descobriram que as multas ocorreram por excesso de velocidade. Ou seja, Thor, filho de Eike Batista, não seria propriamente um "cidadão honrado", como insiste em afirmar o pai do infrator playboy.
Na verdade, ele utilizava o carrão como se fosse um Fórmula 1, na ruas e avenidas. Daí, tudo vem abaixo. Apareceram os chifres de Thor.
O desfile dos ricos escorregou na passarela e Wanderson aguarda outra igualdade.

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