sábado, 24 de março de 2012

Debate marcou lançamento da Campanha de Combate à Tortura


http://smdh.org.br/?p=315


By zema 24 de março de 2012

O evento lembrou os cinco anos do assassinato de Gerô





Lançamento da Campanha Estadual de Combate à Tortura levou bom público e debate ao Papoético

O lançamento da Campanha Estadual de Combate à Tortura integrou a programação semanal do Papoético, espaço de discussão sobre temas de arte e cultura, realizado desde novembro de 2010, organizado pelo poeta e jornalista Paulo Melo Sousa, no bar Chico Discos (Rua Treze de Maio, esquina com Afogados, Centro, sobre o Banco Bonsucesso). O combate à tortura foi tema do debate realizado na última quinta-feira (22). Na data é celebrado o Dia Estadual de Combate à Tortura, instituído em memória do artista popular Jeremias Pereira da Silva, o Gerô, torturado até a morte por policiais militares em 22 de março de 2007.



À esquerda o agente penitenciário Raimundo Martins e o poeta Moisés Nobre, que prestaram homenagens a Gerô

Ele foi homenageado na ocasião. O agente penitenciário Raimundo Martins fez a leitura de Algemas, poema de Gerô. Poeta e cordelista, Moisés Nobre lembrou a letra de A guerra do facão, faixa que abre A peleja de Gerô, disco lançado postumamente.



Cinema – A noite contou ainda com a exibição de trechos de O caso dos irmãos Naves, de Luis Sérgio Person, com Raul Cortez e Juca de Oliveira no papel dos irmãos protagonistas. Lançado em 1967, em plena ditadura militar, o filme conta a história daquele que é tido como “o maior erro do judiciário brasileiro”: durante o Estado Novo (1937), em Araguari/MG, os irmãos Naves são torturados para confessar crimes – sequestro, assassinato – que não cometeram.

A exibição de trechos do filme serviu de mote para o debate conduzido pelo advogado Luis Antônio Câmara Pedrosa, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MA), e a psicóloga Cinthia Urbano, da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH); as duas entidades compõem o Comitê Estadual de Combate à Tortura (CECT-MA) e articulam a Campanha de Combate à Tortura, que prevê diversas atividades ao longo de 2012, na capital e interior do Maranhão.

Eles discorreram sobre diversos aspectos acerca da tortura e o combate à sua prática nefasta: conceitos, legislação, o relato de casos denunciados à CDH-OAB/MA e à SMDH, entre outros. “O combate à tortura passa por uma mudança na cultura da sociedade. A polícia é apenas parte do problema, mas em geral a sociedade aprova a presença de torturadores por se sentir segura com eles por perto, mesmo que as pessoas corram o risco de ser vítimas deste crime [tortura]”, afirmou Pedrosa, referindo-se ao Serviço Velado da Polícia Militar, cujas práticas são recorrentemente denunciadas a organizações de defesa dos direitos humanos em São Luís.

“Muitas vezes, pessoas que dizem ser contra a tortura utilizam-se do expediente de dar um ‘chega pra lá’ em quem, por exemplo, roubou o celular do seu filho. A polícia ou outros agentes dizem já conhecer quem atua naquela área e, por vezes, repetem o que a gente viu no filme: torturam inocentes até que se obtenha a confissão de um crime que invariavelmente não cometeram”, exemplificou Cinthia Urbano.





O ator Uimar Jr. e os jornalistas Zema Ribeiro e Paulo Melo Sousa apresentam os temas da noite

Água – Quem também esteve presente ao Papoético foi o ator Uimar Jr., encarnando sua Mulher Babaçu. “Com tantas mulheres frutas que o Brasil já deu, não podíamos deixar de ter uma representante genuinamente maranhense”, afirmou. A personagem lembrava o Dia Mundial da Água, também celebrado em 22 de março, apontando os problemas por que passa a Ilha de São Luís em relação ao abastecimento e tratamento de esgoto, além da inobservância da legislação ambiental com a franca expansão da construção civil, da especulação imobiliária e da instalação de grandes projetos.


Vias de Fato – A edição de março do jornal Vias de Fato também foi lançada na ocasião, dedicando uma página e meia à Campanha, reproduzindo o cartaz desenhado por Carlos Latuff e trazendo uma matéria relembrando os cinco anos do assassinato de Gerô. A publicação tem apoio da SMDH.

Panfletagem – Passageiros do Terminal de Integração da Praia Grande também conheceram a Campanha: antes do Papoético uma panfletagem foi feita no local, um dos para os quais Gerô, algemado, foi levado e torturado, até morrer. Os presentes ao debate também receberam material da campanha (folders, panfletos e cartazes).

Veja fotografias do Papoético de quinta-feira (22) no Facebook da SMDH.

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