sexta-feira, 2 de março de 2012

O Parque e seus moradores






"O  Parque Nacional dos Lençóis Maranhense é um parque nacional brasileiro criado em 2 de junho de 1981 numa área de 155 mil hectares nas margens do Rio Preguiças, no nordeste do estado do Maranhão e distante cerca de 260 km de São Luís, ocupando uma área total de 270 quilômetros quadrados, com dunas de até 40 metros e lagoas de água doce.[1] Trata-se de um ecossistema costeiro único dentro do bioma caatinga, que associa ventos fortes e chuvas regulares. Consiste em uma faixa de dunas que avança entre 5 e 25 quilômetros em direção ao interior. As dunas formam pequenas lagoas de água doce. O filme Casa de Areia foi gravado dentro do parque.
Está localizado no estado do Maranhão, abrangendo os municípios de Barreirinhas, Humberto de Campos, Primeira Cruz, Santo Amaro do Maranhão e Paulino Neves.
O acesso é realizado por via terrestre pela BR 135, por via Marítima, entrando no canal do Rio Preguiças em Atins e por via Fluvial, a partir de Barreirinhas, através do Rio Preguiças.
Por via terrestre, saindo de São Luís, a capital do estado, percorre-se 58 km até Rosário, e a partir daí mais 22 km até Morros e 162 km até Barreirinhas, cruzando-se o trevo para Humberto de Campos.
Por via fluvial, adentra-se através do mesmo Rio Preguiças, a partir de Barreirinhas, onde se pode chegar até Atins, no qual existe uma sede administrativa.
A sede do Parque fica a 2 km de Barreirinhas, do outro lado do Rio Preguiças, onde se atravessa de balsa. Existem passeios a partir de Barreirinhas, utilizando veículos apropriados, por meio do qual se chega até as dunas e lagoas de água doce."

É sempre assim. Informações como essas, você encontra no site Wikipedia, mas pode buscá-las numa centena de fontes e endereços. Ninguém menciona que no parque habitavam dezenas de comunidades tradicionais, que hoje lutam por autonomia, enfrentando o Instituto Chico Mendes e a própria legislação ambiental que protege a unidade de conservação.
Elas se tornaram invisíveis, diante de uma gama de interesses empresariais, vinculados à indústria do turismo. A extraordinária beleza cênica do ecossistema do parque ofuscou uma não menos importante contribuição da cultura camponesa tradicional, que consegue sobreviver nas areias, praticando a agricultura de subsistência, a caça e a pesca.
A presença onipotente dos fiscais do Instituto soma força com os interesses dos proprietários de frotas de toyotas e outros veículos de tração, que cortam o parque diuturnamente, em busca das belezas escondidas de dunas e lagoas. Um incipiente ramo hoteleiro submete prefeitos e vereadores, em busca de tributos gerados pela presença de turistas. Ninguém pode falar que o Parque na verdade subtraiu o sossego e a dignidade de um conjunto de comunidades nativas, que se negam a sair e se confrontam com qualquer tentativa de intrusão aos seus territórios.
Os impedimentos à reformas e construção de novas casas, para abrigar as famílias em expansão não deram certo. Os órgãos ambientais, no entanto, criam restrições de acesso e impedem a chegada de benefícios sonhados por qualquer agricultor familiar, tais como energia elétrica, estradas de acesso e crédito agrícola.
Via de regra, são tratados como intrusos, e quando protestam por melhores condições de vida, são vistos como ameaça ao Parque. Ocorre que  essas comunidades já estava lá, muito antes da criação da unidade de conservação, em 1981, quando os estudos do órgão ambiental sequer mencionaram a existência delas.
Existem uma diversidade de soluções para a proteção de unidades de conservação no país. Algumas delas permitem a coexistência de comunidades nativas, que inclusive são capacitadas para fiscalizar as áreas protegidas. Tudo indica que a ferramenta encontrada para preservação do parque não se adéqua à realidade de Barreirinhas.

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