segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Queda de Erenice Guerra abre disputa por poder em eventual governo Dilma

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ANA FLOR
DE SÃO PAULO

A queda de Erenice Guerra do comando da Casa Civil trouxe à tona uma competição até então submersa no mundo petista: a disputa pelo poder num eventual governo de Dilma Rousseff.

Antes mesmo de consumada a possível vitória na eleição, petistas travam uma guerra velada pelo coração do governo Dilma. A começar pela própria Casa Civil --segundo petistas, o objeto de desejo do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.

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Um dos conselheiros de Dilma, com quem se reuniu num hotel de São Paulo na sexta, Palocci chega a admitir em conversas a hipótese de deixar temporariamente o país caso não seja convidado para o cargo de seu interesse.

Segundo petistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem outros planos para Palocci, como sua indicação para o ministério da Saúde.

A aliados, no entanto, o deputado tem reafirmado seu interesse pela Casa Civil, rejeitando até o Ministério da Fazenda, pasta em que conquistou a confiança do establishment como fiador do rigor fiscal e monetário da política econômica de Lula.

A disputa é tanta que integrantes do partido, especialmente do PT de São Paulo, resistem à hipótese de indicação neste momento de nomes como o do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para a Casa Civil.

Sob o argumento de que a escolha de um nome forte constrangeria Dilma a mantê-lo no cargo num futuro governo, sugerem que o interino Carlos Eduardo Esteves Lima seja mantido até a eleição. Depois, dizem, Dilma desenhará seu ministério.

Essa justificativa encobre o temor de que o novo chefe da Casa Civil seja irremovível após conduzir a transição para o futuro governo.

A mesma lógica se aplica ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Também cotado para o ministério de Dilma, ganharia musculatura se acumulasse duas pastas desde já.

'APETITE'

A movimentação de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em favor de Miriam Belchior também foi encarada por parcelas do PT como sinal de "apetite".

Segundo petistas, Carvalho foi o primeiro a propor a Erenice uma "saída à Henrique Hargreaves", em referência ao ministro do governo Itamar Franco, que deixou a Casa Civil e, depois de inocentado, retornou ao cargo.

Ainda segundo petistas, foi Carvalho --que é irmão da ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Helena Carvalho Lopes-- quem sondou Belchior para o cargo.

Afastado do comando oficial da campanha, o ex-ministro José Dirceu também deu mostra de que que quer participar do núcleo de decisões do governo. Reclamou de petistas que criticaram o discurso em que afirmou que, com a eleição de Dilma, o PT terá mais poder.

É para evitar a conflagração da disputa em plena campanha que Lima deverá mesmo permanecer na Casa Civil até a eleição.
A disputa já invadiu até a Câmara. Líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP) postula a presidência da Casa. Mas, diz um ministro, não é o único nome do partido para o posto.

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