terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A varada de Kenard


A cultura de sustentação da oligarquia Sarney

http://www.robertokenard.com/politica/2012/01/30/a-cultura-de-sustentacao-da-oligarquia-sarney/#comments

A miséria extrema de quase dois milhões de pessoas, obra sistemática e calculada dos Sarney, é grave, ainda que os sarnopetistas de hoje não vejam sequer oligarquia (mas destes cuidaremos mais na frente). Mas essa é a parte visível de uma monstruosidade que tem muitos outros braços.
Ninguém destrói um Estado por 46 anos, em benefício da própria família e de uns pouquíssimos, sem implantar uma cultura não menos monstruosa e não menos digna de atenção. No dicionário das oligarquias, por exemplo, não há a palavra meritocracia. Há o favor, que consta de um outro livro, o do coronelismo. E que só se concretiza na forma de genuflexões ou espinha quebrada.
Essa cultura acaba por influenciar até o comportamento das vítimas. O que aparece como norma no alto e na forma de poder desce às relações entre pessoas. Faz-nos falta um estudo comparativo pormenorizado do comportamento do maranhense em relação aos brasileiros de Estados que há muito convivem sem a erva daninha das oligarquias.
Como escrevi não faz muito, no Maranhão tudo piora. Não que o maranhense não preste e as boas experiências de fora, por isso, sejam aqui desmoralizadas. A cultura de sustentação da oligarquia é que provincianiza tudo, ombreia tudo pela sarjeta. Das manifestações culturais à política tudo carrega o selo dessa miséria moral e ética.
A pobreza e a miséria fazem parte do projeto de poder da oligarquia. Quanto maior a pobreza, maior a dependência. Não admira que o Maranhão seja há 46 anos uma imensa repartição pública. A miséria moral e ética também deita suas raízes aí, por razões óbvias que não preciso explicitar.
É que essa cultura de sustentação tem também seus tentáculos nas funções públicas. Agora mesmo as pessoas esclarecidas acompanham a imoralidade que se passa no Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão. Ali um advogado de Sarney e ex-presidente da Fundação José Sarney, José Carlos Souza e Silva, e um juiz, Sérgio Muniz, que tem o pai no cargo de subchefe da Casa Civil do governo Roseana Sarney, trabalham sobre um processo de cassação de diploma da governadora sem se dar por impedidos.
É que nas oligarquias certas funções públicas passam a ser exercidas de forma privada. Há o juiz, por exemplo, mas ele está submetido ao poder da oligarquia, de forma direta ou indireta.
Soma-se a isso os oportunistas de sempre. Uma gente sem perspectiva de crescer economicamente ou que pretende dar um salto econômico um tantinho maior, ou que tenha pretensões políticas e acredite que a oportunidade é um cargo público de relevância ainda que diminuta na máquina administrativa. Ou ainda aquele para quem o poder é uma coisa distante e quase divina e só de poder estar ao redor de poderosos sente-se um deles. Claro, há os que reúnem tudo isso em sua indigência moral.
Os sarnopetistas fazem parte dessa horda de indigentes. Não faz um mês e o vice-governador petista Washington Luiz divulgou um documento em que negava até a existência da oligarquia: as mazelas do Maranhão são as mazelas do Nordeste e Roseana Sarney é a portadora da mudança que o Maranhão espera. Claro que ele não acredita em nada disso. É que a moral (digo moral, mas a palavra é imprópria no caso) petista é seletiva. Se me beneficio, a coisa é boa; do contrário, não presta.
Washington Luiz e o sarnopetismo querem fazer crer que a oligarquia mudou. Só que oligarquias não mudam, se reciclam. O papel higiênico também é reciclável, mas continua papel higiênico.

1 comentário para “A cultura de sustentação da oligarquia Sarney”

  1. No Maranhão realmente tudo piora, Kenard. Aqui já chegamos a ter até petista que de noite ia para rua insultar Fernando Henrique Cardoso e de dia era assessor de deputado tucano. Será que essa turma pensa que na eleição deste ano não vão dizer tudo de Washington e da turma que o cerca, do Incra à secretaria de educação, passando por certas onguinzinhas malandras? Se estão, estão muito enganados, anote Kenard.

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