sábado, 7 de janeiro de 2012

Hipóteses para um corpo de criança carbonizado numa reserva indígena no Maranhão


http://brasiliamaranhao.wordpress.com/2012/01/07/hipoteses-corpo-carbonizado/

Um corpo carbonizado foi encontrado na reserva indígena Arariboia, em Arame, região central do Maranhão.
Um grupo de índios guajajara encontrou o corpo e identificou como sendo de um menino. Os mesmos índios avaliam que a criança tinha oito anos. E que deve pertencer à etnia awá-guajá, cujas tribos vivem isoladas do contato com os não índios.
Algumas hipóteses para o caso:
1. Não existe corpo. Tudo não passa de uma mentira dos índios e/ou das entidades que os apoiam e/ou de blogs sensacionalistas.
2. O corpo não está carbonizado. Foi exagero dos índios e/ou das entidades que os apoiam e/ou de blogs sensacionalistas.
3. O corpo não é de uma criança. Isso é invenção dos índios e/ou das entidades que os apoiam e/ou de blogs sensacionalistas.
4. O corpo sofreu combustão humana espontânea depois de a pessoa ter tido morte natural.
5. O corpo foi atingido por vários raios em sequência e pegou fogo depois de a pessoa ter tido morte natural.
6. O corpo – depois de a pessoa ter tido morte natural – estava abandonado numa área que sofreu uma queimada.
7. O corpo foi incendiado pelos índios depois de a pessoa ter tido morte natural.
8. A pessoa foi vítima de um ritual sagrado dos índios, que incendiaram o corpo como parte da oferenda às suas divindades.
9. A pessoa foi queimada pelos índios como castigo por alguma fraqueza ou deficiência (física ou mental) que ela possuía e que não poderia ser repassada aos seus descendentes.
10. A pessoa teve morte natural e o corpo foi incendiado pelos índios para economizar espaço, trabalho e tempo.
Um caso para Sherlock Holmes?
Desconfiar de assassinato por parte de madeireiros? Exagero. Irresponsabilidade. Preconceito contra a classe produtora responsável por 1/3 do PIB brasileiro.
Só porque são os próprios índios locais – os guajajara – que levantaram essa hipótese, baseada no histórico e no contexto atual da região?
Só porque jornalistas maranhenses que acompanham – e apoiam – as lutas dos movimentos sociais e convivem e dialogam diariamente com os povos indígenas, quilombolas, sem terra e outros grupos que têm os seus direitos negados e violados sistematicamente?
Só porque – segundo o CIMI – 60 índios foram assassinados no Brasil em 2010, numa média superior a um crime por semana?
Só porque – segundo a CNBB – 499 índios foram assassinados entre 2003 e 2010 em conflitos relacionados à posse da terra, envolvendo grileiros, madeireiros, latifundiários e afins, numa média anual de 62 mortos?
Só porque o índice de impunidade nestes crimes chega muito perto de 100%?
Só porque o índio Galdino foi confundido com um mendigo?
Só porque a região de Arame e proximidades é conhecida no Maranhão pela ação violenta dos madeireiros contra indígenas e outras comunidades?
Só porque em Dourados (MS) acontece um genocídio silencioso – com os fazendeiros locais usando pistoleiros para assassinar índios e esconderem os corpos – contra o povo guarani kaiowá e outros?
Só porque no agreste de Pernambuco ou no sul da Bahia os latifundiários não respeitam as terras já demarcadas – a exemplo das terras dos awá-guajá em Arame – e tentam expulsar os indígenas na base da bala?
Só porque em Cantanhede e Pirapemas, cidades maranhenses, os fazendeiros têm envenenado, em 2011, as fontes de águas que abastecem comunidades quilombolas que não aceitam sair por bem de suas terras para que chegue o “progresso”?
Só porque o preço dos índios na tabela da pistolagem é um dos mais baratos entre os grupos e pessoas que “incomodam” os latifundiários?
Só porque no Maranhão de Sarney já se cometeram tantos assassinatos e crimes – tão ou mais bárbaros do que queimar uma pessoa viva – contra indígenas, quilombolas, sem terra, extrativistas e outros segmentos sociais?
Só porque no Brasil chacinas e assassinatos de crianças de rua são tão comuns quanto assassinatos de índios, portanto não faz diferença para os criminosos?
Desconfiar que os awá-guajá tiveram o seu acampamento atacado por madeireiros e uma criança foi queimada (viva ou morta?) por estes, como acreditam os guajajara que vivem na região e conhecem muito bem a hospitalidade e o espírito pacífico dos defensores do progresso?
Exagero. Leviandade desconfiar de madeireiros. Coitados.

PS: Quem tiver mais e melhores hipóteses para o caso, favor registrar nos comentários (que só vou moderar a partir de 12h, aviso logo, já que estou quase amanhecendo o dia).

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