Caro Diretor de Redação de Veja,
Colaborei com o jornalista Leonardo Coutinho na matéria sobre o Sarneyquistão, tendo lido a réplica do senador José Sarney, na seção de cartas do Leitor, na qual o parlamentar profere comentário depreciativo à minha pessoa:
“Um historiador que ninguém conhece no Maranhão como tal, e sim como um radical desequilibrado da oposição raivosa”.
Assim, considerando o direito de resposta,
Peço a gentileza de publicar minha réplica na mesma seção.
Atenciosamente,
Wagner Cabral da Costa
Contatos: @wagner_cabral
Para manter o Sarneyquistão, senador marimbondo erra a verdade. Soltando fogo contra minha pessoa, na tentativa de desqualificar-me pessoal, política e profissionalmente, o senador do Amapá e oligarca do Maranhão reitera seus conhecidos métodos de manipulação de informações visando confundir a opinião pública sobre a realidade de Sarneyquistão. Senão vejamos:
1. Em sua resposta a Veja, o poeta da ARENA cita os dados do PIB (Produto Interno Bruto), quando a discussão era referente ao conjunto de Indicadores Sociais do Maranhão, que demonstram ser o estado o último do país em qualidade de vida da população. 1º erro da verdade.
2. O autor de Sarneyquistão das Águas também nega comandar há 46 anos, alegando não ter envolvimento com a ditadura militar (de quem foi leal e servil presidente do “partido do sim, senhor”), nem com as eleições de governadores pós-1982. Somente tolos acreditam nessa estória da Carochinha, já desmontada por diferentes analistas.
3. Em sugestivo ato falho, o highlander Dono do Mar admitiu que a venda das terras devolutas abriu as portas “a latifúndio, grilagem, expulsão de posseiros e pequenos proprietários rurais”, mas erra a verdade atribuindo a culpa aos governos que lhe seguiram. Não, a responsabilidade histórica dessa política fundiária, que o próprio oligarca admitiu ser “danosa ao Maranhão”, é da Lei no 2979/1969 (Estatuto da Terra ou Lei de Terras do governo Sarney), apenas continuada por seus sucessores.
4. A Lei de Terras de Sarney é criticada há décadas por pesquisadores da realidade agrária estadual, a exemplo de Victor Asselin, afirmando que “com o aparecimento da Lei e das Delegacias de Terras estourou, de verdade, a mais crítica problemática fundiária na história do Estado do Maranhão” (Grilagem: corrupção e violência em terras do Carajás. Vozes, 1982, p. 129).
5. Assim, se escondendo atrás de políticos já falecidos, o Estadista de Curupu tenta novamente falsear a verdade, apelando para o surrado chavão de que as críticas promovem uma ofensa ao Maranhão, quando na realidade se dirigem à nefasta e corrupta oligarquia que desmanda e mama no estado, dessa vez se equilibrando na república petista e sua cor local, o sarnopetismo.
Portanto, percebe-se como, para manter o domínio do Sarneyquistão, o senador moribundo mais uma vez erra a verdade, buscando limpar sua biografia e promover nova fraude da história (não custa lembrar que, recentemente, tentou o mesmo em relação ao impeachment de Collor e aos arquivos da ditadura).
Wagner Cabral da Costa
Historiador / UFMA
São Luís, MA
Nenhum comentário:
Postar um comentário