terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sobre Juízes, Promotores e Delegados TQQs

Tudo como antes, no quartel de Abrantes. Não são apenas os juízes, mas promotores e até delegados, que "escapam" das Comarcas nas segundas e sextas. Na verdade, a expressão TQQ é bondosa. A autoridade chega na terça, geralmente quase meio-dia. Volta para capital, na quinta, depois do almoço. É assim que funciona, de modo geral.

Os que dependem do avião e do ferry-boat são mais ousados, posto que podem ser surpreendidos com mais facilidade. Nos vôos de terça e de quinta, de São Luís/imperatriz ou de Imperatriz/São Luís, passageiros ilustres ornamentam assentos, traquilamente refestelados. No ferry-boat dos mesmos dias, fisionomias conhecidas nos  meios jurídicos são facilmente avistadas.

Isso me faz lembrar de um episódio recente, na Baixada. Dialogando com o juiz, perguntei um detalhe do processo em que atuava, muito rumuroso perante a opinião pública. Ele retrucou deselegantemente que não se lembrava, porque era responsável por um número execessivo de processos. Depois da audiência, na quinta-feira, começo da tarde, me deparei com o atarefado juiz no convés do ferry-boat.

Em geral, a autoridade TQQ reclama do número excessivo de processos, mas não quer permanecer na Comarca, a semana inteira, como recomendaria o bom senso. Para eles, os processos devem ser solucionados sem a sua presença. Por isso, alguns recorrem até às audiências presididas por servidores de sua confiança e sem a presença física da autoridade.

Sabedores da ausência das autoridades, criminosos até policiais arbitrários preferem praticar ilícitos na quinta para sexta-feira. Até que as autoridades retornem do idílio, cinco dias já transcorreram, tempo suficiente para se manterem fora do alcance da justiça.

E o cidadão? O cidadão, que precisa da autoridade todos os dias da semana na Comarca, já acostumou. Nem sente mais falta. Geralmente quando a autoridade está na Comarca é para praticar alguma injustiça contra os mais fracos. Por isso, não se reclama muito da ausência.

Claro que existem as exceções, das quais faço questão de lembrar. Mas eles são em menor número, com certeza.

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