sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Manifesto Guajajara

Em Barra do Corda, chegou às minhas mãos, por intermédio de caciques indígenas, um manifesto do povo Guajajara. Foi escrito e assinado por centenas de lideranças indígenas. Tomei a liberdade de fazer algumas correções no texot, para torná-lo mais compreensível. O documento original será entregue à Governadora do Estado. Segue o documento:

COMUNICADO

Dos representantes Guajajara, reunidos na aldeia Barreirinha, reserva indígena Canabrava/Guajajara, no dia 08/11/2010.


Queremos dar conhecimento à toda sociedade brasileira e internacional que estamos bastante indignados, diante dos últimos acontecimentos, no que se refere à atitude da justiça de determinar a prisão dos índios guajajara, ainda enfermos, vítimas da ação impensada, arrogante e cruel do delegado, que culminou com 05 índios, feridos à bala.

Não é novidade tentarem criminalizar a luta das lideranças guajajara, todas as vezes que tentaram fazer qualquer protesto, reivindicando seus direitos. Mas, por este episódio, é mais inaceitável ainda.

Na década de 70 os guajajara se organizaram para cobrar a saída de posseiros de suas terras e vários índios foram presos e torturados, sob a alegação de serem maconheiros.

No final dos anos 80 e início dos anos 90, novamente os guajajara se mobilizaram pela luta da retirada do povoado de seu território, foram vítimas de uma ção clandestina da polícia federal, o que terminou com a prisão e tortura de índios.

Em 2007, os guajajara se mobilizaram para participar do direito de opinar e influenciar no modelo de reestruturação da FUNAI e aí foram vítimas de um compromisso mentiroso, onde o presidente da FUNAI nunca cumpriu com o acordo.

Hoje, queremos que o governo do nosso Estado, Ministros e até o presidente da República envidem esforços no sentido de fazer melhorar cada órgão envolvido com a questão indígena guajajara. Por isso, reinvidicamos:

a) melhoras na assistência, educação e atividade produtiva indígenas;

b) que a FUNAI seja mais presente e atenda as nossas pautas de reivindicações; que este órgão seja mais firme e atuante, por intermédio de dirigentes com poder de decisão;

c) que a Companhia Eletronorte cumpra com a compromisso de celebra de um convênio pelo uso de nossas terras;

d) que o DNIT nos atenda em relação a um projeto de segurança e melhoramento, pelo uso de nossas terras, com a construção de parte da BR 226;

Assim, encerramos afirmando só temos interesse de sentar para conversar com as autoridades mediante o relaxamento da prisão dos 05 índios enfermos. Não temos condições de conversar com essa situação pendente.

Solicitamos também um levantamento da Ouvidoria da FUNAI para que haja a indenização ao povo Guajajara pelo prejuízo da ação policial no episódio.

Informamos também que não é de nosso interesse qualquer acordo com relação ao pagamento do transporte escolar indígena, classificnado rotas novas e rotas velhas. O que aceitamos é o pagamento do transporte escolar indígena para garantir o direito a todos os estudantes, pois a lei não faz esse tipo de descriminação. Não podemos aceitar que uns tenham direitos e outros não. Assim, para nós, não existem novas e velhas rotas, e sim alunos com direito ao transporte.

Em tempo: informamos ainda que não aceitamos qualquer alteração em nossas reivindicações, sem o próprio consentimento dos caciques aqui reunidos em nosso movimento.

2 comentários:

Anônimo disse...

o preconceito contra os povos indígenas tombem cresce no município de Amarante por reivindicarem a ampliação de suas terras.
com relação a Barra do Corda, esses povos estão mais do certo em cobrar por seus direitos.

Anônimo disse...

Os atos de Terrorismo de Estado, expressos na prisão dos indígenas baleados e dos seus acompanhantes, na criminalização das lideranças indígenas descontentes, nas violações cometidas na "Operação Barra-Limpa" (como se os índios fossem "sujos")não podem ficar impunes.

O PAC traz consigo uma política de extermínio dos Povos Originários brasileiros,as etnias precisam se unir para lutar contra o Decreto 7056, que, na prática, "abre as porteiras" para que qualquer força (policial ou paramilitar) invada Terras Indígenas, contra as violações ao Estato do Índio (cada vez que um índio é jogado na carceragem comum, a lei 6001 está sendo violada), contra a privatização da Funai, que faz parte da política genocida que serve aos interesses do gás natural (descoberto em Terra Indígena por empresa de Eike Batista), da Vale (ex-vale do rio doce, cujo maior acionista é Eike Batista - por coincidência, maior doador pessoal da campanha de Lula em 2006 - que usa madeira extraída ilegalmente da TI Araribóia, com maior poder de coque - "combustão" - para queimar o ferro gusa que irá para a China e nos será vendido como aço em produto manufaturado), do clã Sarney, que há séculos estimula o preconceito e o silenciamento para poder melhor abocanhar as verbas da saúde e da educação indígenas, no caso do Maranhão, das empreiteiras nacionais e estrangeiras, que hoje esgotam crimosamente recursos dos Povos Indígenas no Pará, Rondonia, Acre, Mato Grosso, Mato-Grosso do Sul, Tocantins, entre outros estados, ameaçando a subsistência, provocando VOLUNTARIAMENTE o Holocausto de grande parte dos 64 Grupos Isolados catalogados no país, a serviço da agenda genocida - e, graças à hipocrisia institucional, eleitoreira - do PAC (PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CAPITALISMO), plano de extermínio que hoje constrói usinas na China e no Irã abrindo clareiras no Brasil, onde os Povos Indígenas brasileiros entram apenas como mais um empecilho a ser eliminado.