terça-feira, 23 de abril de 2013

Rio Tocantins vira cemitério de peixes com a hidrelétrica

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De acordo com a denúncia, há algumas semanas, os peixes estavam sendo retirados mortos do lago formado acima da barragem pelos funcionários do Ceste, e depois sendo enterrados
 
Postada em: 20/04/2013 ás 10:39:09Atualizada:    20/04/2013 ás 12:33:15
  
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Durante a estadia na cidade de Tocantinópolis, na última quinta-feira, 18, a equipe da expedição Balsa de Buriti, de Marabá, pediu um peixe frito em um quiosque tradicional, na orla do Rio Tocantins. A dona informou que a única espécie disponível (há dias) era tambaqui, um peixe engordado em criatórios particulares.

Diante da aparente incoerência, a Reportagem do CORREIO DO TOCANTINS quis saber por que não havia tucunaré ou outra espécie tão comum no Rio Tocantins, ali em frente. Raimunda Diamante Pires, 52 anos, explicou que o peixe está escasso e os poucos que os pescadores da cidade conseguem fisgar está sendo vendido muito caro. Ela sugeriu uma conversa com o presidente da Colônia de Pescadores Z-7, João Haroldo Gomes de Almeida, para dar detalhes sobre uma mortandade de peixes que atinge toda a região.

Almeida disse que sua entidade congrega 520 pescadores, os quais estão sofrendo, desde 2010, com uma avalanche de morte de peixes em vários pontos do rio, desde a construção da Hidrelétrica do Estreito. Ainda segundo ele, os pescadores estão revoltados e vários estão deixando a profissão porque encontrar peixe no rio está sendo um trabalho de “mágico”.
O presidente revelou que a categoria já procurou o Ministério Público Federal, que está analisando a situação e já acionou judicialmente os empreendedores responsáveis pela hidrelétrica de Estreito, o Ceste (Consórcio Estreito Energia).

João Haroldo diz que os pescadores estão tendo grandes prejuízos nos últimos anos. “Fizemos um investimento em rede, canoa e motor que hoje está tudo parado. Na parte de cima da barragem os peixes são pequenos demais e na parte de baixo não tem mais peixe”, reclama Luiz.

Em duas semanas, 35 toneladas de peixes foram retiradas do Rio Tocantins, nas margens da Usina Hidrelétrica de Estreito, Maranhão, divisa com o estado. O prejuízo que afeta pescadores, ribeirinhos e índios está não será compensado pelo Consórcio Estreito Energia (CESTE), segundo os pescadores da região.

Valmir Alves Santana, pescador há 23 anos, diz que nunca presenciou uma situação tão preocupante que ameaça a sobrevivência de muita gente. “O Ceste finge que a gente nem existe, ignora mesmo o fato de não estarmos conseguindo alimentar as nossas famílias”, Valmir, ressaltando que atualmente está com sua canoa “no seco”.

De acordo com a denúncia, há algumas semanas, os peixes estavam sendo retirados mortos do lago formado acima da barragem pelos funcionários do Ceste, e depois sendo enterrados. “Eles estão tentando esconder os verdadeiros impactos do empreendimento”, diz Valmir, que já percorreu vários pontos de pesca juntos com outros colegas pescadores e fez dezenas de fotos que comprova a mortandade.

A Colônia de Pescadores reclama uma série de ações imediatas, com a paralisação da operação da UHE e a suspensão da Licença Ambiental (LO) do empreendimento.


Esclarecimento

A Reportagem do CT enviou pedido de explicações para o Ceste sobre a denúncia de mortandade de peixes no Rio Tocantins, às proximidades da Hidrelétrica do Estreito, e a Assessoria de Imprensa informou, em nota, que interrompeu no último dia 28 de março, os testes de “comissionamento da primeira turbina, tão logo verificou um episódio de morte de peixes próximo à casa de máquinas”. Segundo o consórcio, o fato foi comunicado no mesmo dia ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).


O Consórcio Estreito Energia desenvolve de forma permanente, no âmbito do Projeto Básico Ambiental aprovado pelo Ibama, o monitoramento da ictiofauna, através de consultores especializados.

O Ceste reitera que vem cumprindo todos os compromissos por si assumidos no processo de licenciamento ambiental conduzido pelo IBAMA, bem como com as obrigações decorrentes de sua posição como responsável pela implantação deste empreendimento, sejam de ordem social ou ambiental”.

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