Quando a gente pensa que viu tudo em matéria de Zé Dirceu e Genoíno, aparece sempre mais alguma coisa. Os dois petistas viraram motivo de chacota nacional, com suas peripécias. As mais recentes apresentam a incoerência flagrante entre as posturas adotadas pelos dois. Num primeiro momento, ensaiam gestos de resistência política, como se fossem dois injustiçados pelo sistema.
Num segundo momento, gestos que revelam personalidades contraditórias, para dizer o mínimo. Genoíno além e requerer o cumprimento da pena em regime domiciliar, em função de uma cardiopatia, renunciou ontem ao mandato, para fugir da cassação. Especialmente este último, pode ser considerado um gesto pouco digno para um ex-guerrilheiro, que há poucos dias erguia o punho soberbamente, antes de se entregar na delegacia.
Zé Dirceu, então nem se fala. Conseguiu trabalho para sair da prisão, no regime semi-aberto. Até aí tudo bem. Mas a mídia já descobriu que ele simplesmente foi contratado pelo hotel Saint Peter, em Brasília, como gerente administrativo, a troco de um salário de vinte mil mensais.
O site uol registra a imagem da carteira de trabalho, já assinada pelo hotel:
Segundo o contrato, o horário de trabalho dele será das 8h às 17h, com almoço de uma hora, das 12h às 13h. Na ficha de solicitação de emprego, Dirceu diz que está se candidatando à vaga por "necessidade e por apreciar hotelaria e área administrativa".
O site afirma que Reportagem da Agência Estado mostra que a gerente que contratou o político ganhava no ano passado R$ 1.800, dez vezes menos que Dirceu.
Preso em 15 de novembro junto com outros réus do processo, Dirceu candidatou-se à gerência do hotel brasiliense três dias depois, em 18 de novembro.
O hotel é de luxo e seu proprietário, segundo uma outra reportagem, já ganhou algumas licitações polpudas de órgãos do governo federal. Ali, a diária para um quarto "executivo single" sai por R$ 440. Também há salas de conferência e espaços para eventos.
Como sabemos, Dirceu e Genoíno alegavam discriminação e tratamento injusto pelo Poder Judiciário. Mas, dentre o meio milhão de presos no Brasil, quais deles cumprem penas com tantos privilégios e cuidados?
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