terça-feira, 31 de maio de 2011

O Evangelho segundo as bancadas religiosas

Nada menos cristão do que a não-aceitação das diferenças que constituem o ser humano. Se os seres humanos fossem iguais seria muito simples e fácil seguir o principal mandamento de Deus, deixado por seu filho, quando viveu entre nós: amar uns aos outros com eu vos tenho amado.

Quando o evangelho diz que somos todos filhos de Deus, não abriu exceções. Em Deus, somos irmãos, com todas as raças, todas as religiões ou credos, e orientações sexuais ou matrimoniais. Em último plano, por decorrênca lógica desse raciocínio, somos irmãos até nas diferenças de credos, ou na descrença. Os ateus e agnósticos, por exemplo, são também considerados filhos de Deus e nossos irmãos, em decorrência desse princípio religioso.

As outras crenças religiosas, existentes pelo mundo afora, afirmam com inquietante frequência, experiências matrimoniais ou autorizam relações sexuais entre as pessoas, que as vivenciam longe das danações inspiradas pelo pecado.

Portanto, o mandamento deixado pelo Cristo é mais do que um desafio à humanidade, que é plúrima, em vários aspectos. É um ensinamento da solidariedade - variação do amor fraterno.

No Brasil, temos exemplos concretos de que interpretação bíblica que condena a homoafetivade não é somente um equívoco, mas uma verdadeira deturpação dos evangelhos. Vou apresentar somente um, para começo de uma boa conversa.

Soubemos, por intermédio da mídia, que as bancadas religiosas decidiram não mais apoiar a convocação do ministro Palocci, para prestar esclarecimentos na Câmara, se o governo federal recolhesse o material da campanha contra a homofobia.

Isso, além de condenável do ponto de vista ético, autoriza um outro raciocínio decorrente dessa verdadeira negociata (porque existem negociatas de princípios, também). Em verdade, o que essa bancada fez foi afirmar a aceitação da corrupção, pelo menos enquanto possibilidade. Isto porque é papel do parlamentar fiscalizar a licitude dos negócios e dinheiros públicos, assim a conduta de seus pares, acusados de irregularidades.

No Brasil, não de forma incomum, pessoas que põem os joelhos no chão e postam as mãos para os céus, negam o Cristo, porquem afirmam exatamente o contrário do que ele pregou. Para esses, é preferível ser corrupto do que ser gay. É mais fácil levantar a bandeira da homofobia do que levantar a bandeira da ética na política.


Por isso foi fácil fazer o acordo com Dilma. A pergunta é: será que eles assim o fazendo estão a serviço da causa de Deus?

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