segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Dilma no Maranhão

Terminal de Grãos - 02
Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de inauguração do Terminal de Grãos do Maranhão - TEGRAM. (São Luís - MA, 10/08/2015)Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Com 71% de rejeição, Dilma lembrou do Maranhão. O Estado que nunca recebeu a gentileza de uma visita, embora tenha sempre garantido extraordinária votação aos presidentes petistas, sempre foi usado como moeda de troca na relação do PT com o PMDB de Sarney. Nas últimas eleições, o Maranhão garantiu a maior votação proporcional (78,76% dos votos válidos) à presidenta, mas nem assim mereceu grandes atenções para visitas de cortesia como essa.

Agora ,acossada pelo fantasma do impeachment, vendo parte de sua base aliada conspirar contra seu governo, procurou o colo do governador Flávio Dino, que antes não merecera o apoio petista por causa do grupo Sarney. Nas últimas eleições, em resposta, Dino montou uma ampla base de apoio que incluiu tucanos e vários outros partidos de oposição ao governo Dilma.

No segundo turno, o apoio de Flávio Dino à Dilma foi comedido, denotando os arranhões que o preterimento petista causou ao governador do PCdoB, partido aliado de primeira hora do Partido dos Trabalhadores.

Agora, nas proximidades de uma ruptura política, chegando a hora de avaliar se o salto para o precipício vale a pena, antigos aliados repensam a relação com o governo federal. Dino, do alto de suas pretensões continuístas, vê seu projeto ameaçado com a queda eventual da presidenta. Seu movimento é menos ideológico do que pragmático: sem o PT no poder, o jogo pode zerar, com a ascensão das forças conservadoras em ebulição no país.

Contudo, a agenda da presidenta é uma sinalização para os limites de seu campo político. Ela apenas reforça a pauta desenvolvimentista e assistencialista, origem da corrosão política do petismo. Na Vila Maranhão, no coração do distrito industrial de São Luís (um verdadeiro enclave colecionador de violações de direitos sociais e ambientais), Dilma participou da solenidade de entrega de 4.467 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida. A outra parte da agenda foi a inauguração do Terminal de Grãos (Tegram) no Porto do Itaqui.

O discurso forasteiro, no território de um Estado conflagrado por desequilíbrios ambientais, conflitos fundiários, enclaves econômicos e muita especulação imobiliária parecia insensibilidade. As caravanas de ônibus trazidas à Capital fizeram o evento muito mais parecido com as tradicionais convenções da direita brasileira.

Para a militância petista e comunista, sobraram as palavras de ordem, de punhos fechados, no melhor estilo do Zé Dirceu. Nem de longe arriscaram exigir uma agenda mais afinada com a mobilização progressista do próximo do dia 20, que tem exatamente o objetivo de aproximar o mandato da presidenta Dilma com as bandeiras da esquerda.

Dilma foi embora dizendo para os maranhenses que continuará equilibrando os interesses tardios do agronegócio com a assistência de programas sociais incapazes de tocar nas estruturas das desigualdades do país. E esse binômio é incapaz de conter o ímpeto conservador, que aperta o cerco sobre o palácio sitiado. Mas tem gente sorrindo largo: Dilma lembrou de nós.

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