sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Em 1ª medição após Código Florestal, desmatamento na Amazônia cresce 28%


Do UOL, em São Paulo


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Veja registros do desmatamento na Amazônia nos últimos anos51 fotos

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Cientistas criaram primeiro mapa global em alta resolução das mudanças em coberturas florestais no século 21. Matthew Hansen e seus colegas junto com o Google criaram um site que mostra um visão detalhada de cada área do mundo e seus ganhos e perdas de florestas de 2000 a 2012. Neste período, foram perdidos 2,3 milhões de quilômetros quadrados de floresta (área um pouco menor do que a Argentina), enquanto 0,8 milhão de quilômetros quadrados foram reflorestados. O trópico foi a região que mais apresentou ganhos e perdas, com destaque para o Brasil, que mostrou o maior declínio nas perdas no período, e para a Indonésia, que apresentou a maior perda. O desmatamento no Brasil aumentou 28% em 2013 quebrando a tendência de queda dos últimos anos. O mapa foi feito a partir de imagens de satélite com uma resolução de 30 metros e publicado na revista "Science". Entre no site Reprodução
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou o crescimento de 28% no desmatamento na Amazônia em relação ao ano passado, nesta quinta-feira (14). Os dados de agosto de 2012 e julho de 2013 são os primeiros após a aprovação do Código Florestal no final do ano passado.
A mudança do uso da terra ainda é o principal fator que coloca o Brasil entre os dez países que mais emitem gases do efeito estufa, alerta o Greenpeace. A ONG ambientalista diz que os números apenas confirmam tendência de aceleração da derrubada da floresta exposta ao longo do ano pelos alertas de desmatamento. No total do ano, foram 5.843 quilômetros quadrados de floresta desmatada.
Para Márcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, a situação é resultado direto das concessões que o governo vem fazendo ao lobby ruralista no Congresso. Segundo ele, a situação só tende a piorar caso sejam aprovadas as mais de 400 propostas de emendas constitucionais, projetos e portarias que estão em tramitação no Congresso e que  atentam contra as terras indígenas e unidades de conservação.
"O clima de 'já ganhou' após as quedas consecutivas do desmatamento, somado à anistia trazida com a aprovação do novo Código Florestal, deu fôlego a quem lucra com a derrubada da floresta e alimentou a sanha ruralista, que vem tentando moldar a legislação brasileira de acordo com seus interesses econômicos", diz Astrini. "Enquanto isso, o CAR [Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural], que ajudaria a revelar quem está desmatando e onde, ainda não saiu do papel."

Piores Estados

No topo da lista estão os Estados do Pará e do Mato Grosso, ambos com grande atividade pecuarista e intensa produção de soja, contabilizando um aumento de 37% e 52%, respectivamente.
A chefe da pasta convocou uma reunião de emergência com todos os secretários de Meio Ambiente dos Estados amazônicos para pedir explicações e aplicar medidas para reverter a situação.
A reunião será realizada na terça-feira da próxima semana, quando a ministra chega ao Brasil após ter antecipado seu retorno. Ela criticou a fiscalização feita por alguns Estados.
"O governo brasileiro não vai tolerar e considera inaceitável qualquer aumento do desmatamento ilegal", afirmou a ministra, garantindo que o país seguirá comprometido com uma drástica diminuição no desmatamento.
No Brasil, o desmatamento da maior floresta tropical do planeta alcançou o pico alarmante de 27.000 km² em 2004.

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