sexta-feira, 7 de junho de 2013

MCCE critica mudança na ficha limpa analisada na Câmara

Congresso em Foco

Entidade responsável pela a elaboração da lei e pela coleta das 1,5 milhão de assinaturas repudia proposta estudada por grupo de trabalho formado por deputados. Projeto de lei complementar terá mais discussões pela frente
Movimento coletou 1,5 milhão de assinaturas para entregar o projeto na Câmara
O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), coletivo de entidades responsável pela elaboração da Lei da Ficha Limpa, criticou o grupo de trabalho instalado na Câmara que discute mudanças na legislação eleitoral. A razão é a possibilidade de modificar a Lei das Inelegibilidades, que foi atualizada pela ficha limpa em 2010, para afrouxar as atuais regras sobre contas rejeitadas.
A proposta pretende explicitar que apenas os políticos com contas reprovadas pelo Poder Legislativo – câmaras de vereadores, assembleias legislativas e Congresso – ficarão sujeitos à inelegibilidade de oito anos. É um enfraquecimento em relação a atual redação da ficha limpa. A alínea G prevê a sanção para quem tiver as contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável.
“A Lei da Ficha Limpa é clara ao criar obstáculos à candidatura de políticos que tiveram suas contas públicas rejeitadas por malversação dos recursos públicos. Não é admissível que a Câmara afronte a vontade manifestada por toda a sociedade brasileira, amparada em projeto de lei de iniciativa popular”, diz a nota.
Entretanto, desde 2010, quando a lei foi sancionada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem aplicado o entendimento de que somente vereadores e deputados podem rejeitar ou aprovar as contas dos mandatários. Para os integrantes do MCCE, isso é um retrocesso, já que o maior número de barrados pela ficha limpa tiveram suas despesas rejeitadas pelas cortes de contas. “Esperamos que a Câmara reconheça a incorreção da iniciativa do Grupo de Trabalho e promova o imediato arquivamento da matéria.”
De acordo com o relator do grupo de trabalho, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), esta proposta não será votada no momento. “Ainda vamos discutir mais”, afirmou. Para o petista, somente o Legislativo pode rejeitar as contas.
Veja a nota:
“MOVIMENTO DE COMBATE À CORRUPÇÃO ELEITORAL
Em defesa da Lei da Ficha Limpa
1. As redes e organizações da sociedade civil que lideraram o processo de conquista da Lei da Ficha Limpa vêm a público repudiar a decisão do Grupo de Trabalho constituído no âmbito da Câmara dos Deputados que acaba de aprovar proposta de drástica redução dos efeitos da Lei da Ficha Limpa.
2. A Lei da Ficha Limpa é clara ao criar obstáculos à candidatura de políticos que tiveram suas contas públicas rejeitadas por malversação dos recursos públicos. Não é admissível que a Câmara afronte a vontade manifestada por toda a sociedade brasileira, amparada em projeto de lei de iniciativa popular.
3. Esperamos que a Câmara reconheça a incorreção da iniciativa do Grupo de Trabalho e promova o imediato arquivamento da matéria.
4. Fatos como esse demonstram a urgência e a necessidade da luta por uma Reforma Política de iniciativa popular, próximo passo do nosso Movimento.
Brasília, 04 de junho de 2013.
MCCE.ORG.BR”
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