O Jornal O Imparcial anunciou hoje que seis homicídios (na verdade, feminicídios, diante de suas características tipológicas) ocorreram nos últimos dias.
Dois casos em São Luis, mais dois em Imperatriz, outros dois em Rosário e Alto Alegre.
A violência praticada contra a mulher tem suas especificidades.
Em primeiro lugar, detém forte carga revimitizatória. O autoconstrangimento que gera produz evidentes subnotificações.
Denunciar exige rupturas: famililares, afetivas, sociais e até econômicas.
Por outro lado, o aparelho de segurança trabalha ainda com os registros de ocorrência, instrumento inadequado para produção de estatísticas confiáveis a respeito deste tipo de crime.
Diante da cultura de estupro instalada e do machismo imperante, é notório que os índices estão subestimados, além de, como sempre, serem restritos a alguns poucos municípios onde existe a mínima rede de proteção à mulher..
Em São Luís, o caso envolvendo a sobrinha-neta do ex-presidente, José Sarney, alcançou a mídia nacional policialesca. Mariana Sarney não está mais aqui para ser revitimizada, mas estão seus familiares e membros do seu círculo afetivo.
A investigação chafurda agora sobre as motivações para o crime, abrindo espaço para a espetacularizações que os crimes passionais ou sexuais aprofundam.
Para além da elucidação de possíveis elementos para agravação ou atenuação da pena, sobressai a curiosidade preconceituosa, que reforça tabus misóginos, explorada por segmentos da mídia.
Falam em violência contra mulher, mas aprofundam o sofrimento que a espetacularização esgarça, violando a intimidade, a vida privada e até a liberdade sexual da vítima.
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